segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

O Segredo de Marrowbone (2017)


Marcando a estreia na realização do espanhol Sérgio G. Sánchez, conhecido por ter sido o argumentista de “O Orfanato” (2007) e “O Impossível” (2012), este é um filme de terror/thriller/drama que tem momentos de alta tensão, que nos prende desde o início e que consegue surpreender no seu desenlace.


O filme situa-nos na década de 60, uma mulher chega com os quatro filhos a uma velha casa de família numa localidade perdida nos confins dos Estados Unidos chamada Marrowbone. É um lugar perdido no mapa, um local isolado que fica longe da pequena cidade local, mas é aí que os cinco pretendem recomeçar uma vida que, logo nos apercebemos, tem sido muito turbulenta devido ao seu violento pai. Pouco depois, a mãe morre e é o irmão mais velho, interpretado por George MacKay, que fica a tomar conta dos outros três irmãos sem a presença de qualquer adulto. No entanto começamos a perceber que aquela casa esconde um segredo qualquer face aos imensos episódios estranhos que sucedem que aterrorizam os irmãos e que deixam o espectador num clima de expectativa…


O filme torna-se assim numa espécie de jogo claustrofóbico, onde vários esconderijos estão sobrepostos como uma espécie de pele, ou seja, são várias camadas que se sobrepõem e se escondem numa nas outras, deixando-nos sempre com a sensação que algo nos está a escapar sem que saibamos bem o quê.


O elemento principal do filme é a própria casa e a relação entre os irmãos que vivem sob o “cutelo” de algo que os impede de sair de casa. Aliás, percebemos que a razão de evitarem sair de casa se deve ao trauma infligido por algo que o pai lhes fez, mas o que se passará no sótão que se encontra completamente encerrado e porquê que os espelhos de toda a casa estão tapados?




Depois há outra característica no filme que o torna muito apelativo, trata-se de várias narrativas paralelas em momentos temporais diferentes que ainda nos baralham mais. Damos por nós a questionar o motivo de determinada cena, pois a certa altura parece que nada faz sentido e há cenas que surgem sem que, aparentemente, exista qualquer interligação.


Debalde, basta apartarmo-nos da intensidade dramática do filme e repararmos nos sinais, o que obviamente não é fácil dado estarmos cravados no enredo, para começarmos a contruir o puzzle, no entanto é fácil dizer depois de o visionar, pois só no fim as peças começam a encaixar e somos confrontados com algo completamente inesperado e que nos surpreende.


Esteticamente o filme está muito bem conseguido, tem cenários idílicos que nos afastam, por vezes, da intenção do argumento, penso que propositadamente, aborda também um transtorno que atinge muito mais gente que se julga e que Hollywood tem debatido de forma interessante em alguns filmes, no entanto e se quiser saber mais, só vendo mesmo este filme, estando seguro que se vai surpreender.

Classificação: 3 Estrelas em 5




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