Publicado em 1901, um ano após a morte do genial autor, a Cidade e as Serras é considerado por muitos como o seu melhor livro, algo que eu discordo.
Este foi o último livro que Eça escreveu, vindo a falecer quando nem a meio ia na sua revisão, no entanto, Eça deixou-nos um relato onde é claro a sua intenção de reconciliação com o país tão duramente criticado nas suas crónicas e nos seus romances que, na altura, deram brado e tiveram contornos de escândalo, e refiro-me ao "Crime do Padre Amaro" e a "Primo Bazílio".
Nesse aspecto, as Cidade e as Serras é um importante romance no universo queirosiano, e nele sobressai também toda a maturidade do autor, a história, não tendo aquele tom cortante de ironia, é toda ela um hino ao nosso Portugal e à arte de bem escrever, pois e isso admito, Eça, quase como se fosse uma despedida, apruma-se e oferece-nos uma prosa exímia.
A obra coloca frente a frente a civilização, preconizada em Paris, cidade luz e símbolo do charme, do luxo e das ideias positivistas que marcavam a época e a Serra, preconizada em Tormes, no Douro, local perdido nos entranhas de Portugal.
Entre as duas, Eça personifica o Homem civilizado em Jacinto de Tormes que vive rodeado de equipamentos científicos que lhe fazem tudo e pouco deixam para pensar e no Homem simples do campo, representado em Zé Fernandes, que acorda cedo e que vive o seu dia-a-dia preocupado com a lavoura e com pequenos pormenores que o Homem civilizado nem se apercebe que existem.
Este foi o último livro que Eça escreveu, vindo a falecer quando nem a meio ia na sua revisão, no entanto, Eça deixou-nos um relato onde é claro a sua intenção de reconciliação com o país tão duramente criticado nas suas crónicas e nos seus romances que, na altura, deram brado e tiveram contornos de escândalo, e refiro-me ao "Crime do Padre Amaro" e a "Primo Bazílio".
Nesse aspecto, as Cidade e as Serras é um importante romance no universo queirosiano, e nele sobressai também toda a maturidade do autor, a história, não tendo aquele tom cortante de ironia, é toda ela um hino ao nosso Portugal e à arte de bem escrever, pois e isso admito, Eça, quase como se fosse uma despedida, apruma-se e oferece-nos uma prosa exímia.
A obra coloca frente a frente a civilização, preconizada em Paris, cidade luz e símbolo do charme, do luxo e das ideias positivistas que marcavam a época e a Serra, preconizada em Tormes, no Douro, local perdido nos entranhas de Portugal.
Entre as duas, Eça personifica o Homem civilizado em Jacinto de Tormes que vive rodeado de equipamentos científicos que lhe fazem tudo e pouco deixam para pensar e no Homem simples do campo, representado em Zé Fernandes, que acorda cedo e que vive o seu dia-a-dia preocupado com a lavoura e com pequenos pormenores que o Homem civilizado nem se apercebe que existem.
Jacinto representa a elite portuguesa. Vive em Paris rodeado de aparelhos científicos que o despojam de autenticidade, numa vida fútil, cheio de máscaras que, saberemos mais à frente no romance, não o deixam feliz e realizado. Necessita de algo que ele próprio não sabe quantificar.
Representando a vida no campo em Portugal, surge-nos Zé Fernandes. Homem culto, mas habituado à vida no campo,e a gerir as terras e o sustento que as mesmas dão à classe trabalhadora. É ele o narrador da história e aquele que vai mostrar a Jacinto que na serra pode estar a felicidade que a civilização não lhe dava.
Esta é uma obra que tem muito para analisar e que eu o fui fazendo à medida que avançava na sua leitura. Não vou aqui referir o fruto dessas análises, porque, em certa medida, iria abrir demasiado o véu deste belo romance e porque, também, uma opinião quer-se simples e não assemelhar-se a uma resensão, no entanto e entre tantos factos, achei especialmente interessante quando Jacinto se põe a criticar o pessimismo de Schopenhauer.
O romance dá-nos um retracto da vida no campo do Portugal profundo do final do séc. XIX, das suas gentes, da vida dura e da singela simplicidade. Em contraste com a vida numa grande cidade, a mais “in” da Europa, onde a frivolidade andava de mãos dadas com dissimulações, risos falsos e uma vacuidade opressora que transformava as pessoas em escravos. Eça é magnífico na forma como faz sobressair esse contraste, conseguindo transmitir-nos o ambiente, a força e vitalidade dos principais personagens, sejam eles positivos ou negativos, pois há personagens cuja antipatia conseguindo sentir.
Em suma, apreciei imenso esta última obra de Eça, mas não a considero a melhor. Pessoalmente gosto mais do estilo da chamada Segunda Fase de Eça, espelhada em obras como “Os Maias”, “Crime do Padre Amaro” e “O Primo Bazílio”. Gosto mais do seu estilo irónico, mordaz, que fazia sobressair os podres da sociedade portuguesa que teimam em se manter. Esta última fase de Eça, é pós-realista, surge-nos um Eça maduro, reconciliado com Portugal e ciente, na minha opinião, do futuro lugar cimeiro do panorama literário português e querendo deixar para a História, obras exaltando a alma portuguesa e o que de bom Portugal tem.
Representando a vida no campo em Portugal, surge-nos Zé Fernandes. Homem culto, mas habituado à vida no campo,e a gerir as terras e o sustento que as mesmas dão à classe trabalhadora. É ele o narrador da história e aquele que vai mostrar a Jacinto que na serra pode estar a felicidade que a civilização não lhe dava.
Esta é uma obra que tem muito para analisar e que eu o fui fazendo à medida que avançava na sua leitura. Não vou aqui referir o fruto dessas análises, porque, em certa medida, iria abrir demasiado o véu deste belo romance e porque, também, uma opinião quer-se simples e não assemelhar-se a uma resensão, no entanto e entre tantos factos, achei especialmente interessante quando Jacinto se põe a criticar o pessimismo de Schopenhauer.
O romance dá-nos um retracto da vida no campo do Portugal profundo do final do séc. XIX, das suas gentes, da vida dura e da singela simplicidade. Em contraste com a vida numa grande cidade, a mais “in” da Europa, onde a frivolidade andava de mãos dadas com dissimulações, risos falsos e uma vacuidade opressora que transformava as pessoas em escravos. Eça é magnífico na forma como faz sobressair esse contraste, conseguindo transmitir-nos o ambiente, a força e vitalidade dos principais personagens, sejam eles positivos ou negativos, pois há personagens cuja antipatia conseguindo sentir.
Em suma, apreciei imenso esta última obra de Eça, mas não a considero a melhor. Pessoalmente gosto mais do estilo da chamada Segunda Fase de Eça, espelhada em obras como “Os Maias”, “Crime do Padre Amaro” e “O Primo Bazílio”. Gosto mais do seu estilo irónico, mordaz, que fazia sobressair os podres da sociedade portuguesa que teimam em se manter. Esta última fase de Eça, é pós-realista, surge-nos um Eça maduro, reconciliado com Portugal e ciente, na minha opinião, do futuro lugar cimeiro do panorama literário português e querendo deixar para a História, obras exaltando a alma portuguesa e o que de bom Portugal tem.