sábado, 28 de abril de 2012

Resultados do Passatempo “O Circo de Sonhos”

O Blog NLivros e a Civilização Editora agradecessem a todos os participantes do passatempo “O Circo de Sonhos”, que decorreu do dia 13 de Abril até as 23:59 do dia 27 de Abril.

A Vencedora é:
36 – Paula Teixeira - Açores

Parabéns à vencedora e continuação de boas leituras.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Passatempo "O Circo de Sonhos" - Falta 1 dia

Termina amanhã o passatempo "O Circo dos Sonhos" de Erin Morgenstern que promete ser o próximo sucesso no género fantástico.

Não percam a hipótese de participarem e, dessa forma, habilitarem-se a receber o exemplar que o Blog NLivros e a Civilização Editora têm para oferecer.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Homem Corvo (O) – David Soares


Era uma vez uma menina que chorava porque perdera o peixe caprichoso que era o seu melhor amigo. Eis que o Homem Corvo lhe entra pela janela e lhe propõe: “Eu dou-te um peixinho, se tu me deres um coração”. A menina, sabendo que o coração era vermelho vai à cozinha e traz-lhe um objecto vermelho, uma maçã. O corvo, feliz e contente, engana a menina, dando-lhe um peixinho de plástico… Chico esperto!

Uma história muito curta, bem ao estilo de David Soares, sombria e misteriosa que se acentua mais nas páginas negras bem decoradas pelos desenhos fantásticos de Ana Bossa. Aliás, se fôssemos considerar o livro apenas pelo seu aspecto gráfico tridimensional, seria algo que descreveria como arte, pois os cenários criados por Ana Bossa, a luz e a delicadeza das figuras, transportam-nos para um cenário misterioso que reforçam ou, se quiserem, dão mais força à metáfora de David Soares.

Esta história e tão somente uma metáfora sobre a amizade.

Um Homem Corvo, que há por aí aos pontapés,  engana em proveito próprio o ingénuo, o inocente que cai na cantiga do bandido e dá algo em troca de nada. No entanto esse Homem Corvo ainda questiona: “Mas porque é que não gostam de mim?”. Sem sequer reparar que para ter uma amizade verdadeira, há que conquistar.

No final, eis que o feitiço se vira contra o feiticeiro e o Homem Corvo tem o retorno daquilo que semeou.

Conforme referi, este pequeno livro, tipo banda desenhada, é um álbum que encerra uma metáfora sobre a necessidade de se semear as verdadeiras amizades e não fazer favores para ter amigos. Simples e chocante como o Homem Corvo acaba, como podemos acabar qualquer um de nós se nos comportamos como o Homem Corvo que, diga-se, é apenas a imagem actual da nossa sociedade.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Papisa Joana (A) – Donna Woolfolk Cross


Segundo a lenda, entre os séculos IX e XI, Joana teria nascido provavelmente em Constantinopla (existem outras hipóteses), e que, sendo mulher, faz-se passar por homem conseguindo romper com as proibições que estavam determinadas às mulheres e tornar-se uma figura importante da igreja católica ao ponto de ter sido eleita Papa. Nos entretantos, a lenda refere também que era amante de um oficial da guarda suiça e que, inclusivamente, chegou a ficar grávida, conseguindo omitir essa gravidez devido às largas vestes do sumo pontífice.

Há várias versões desta lenda que de facto situam esta personagem entre os séculos IX e XI, no entanto e atá à data, embora subsistam teorias da conspiração que referem existirem provas encerradas nos cofres do Vaticano e muitíssimos outros testemunhos, na realidade não existem evidencias concretas nem da existência de tal personagem, nem sequer da possibilidade de alguma mulher ter ocupado a cadeira de S. Pedro, o mais alto cargo da igreja católica.

Em todo o caso o livro de Donna Woolfolk Cross é ficção e torna-se espantoso face às descrições e ao contexto histórico abordado. A autora é exímia a descrever a época conturbada por conflitos e chacinas, assim como em construir todo um trama que nos envolve e nos situa em plena Europa na Alta Idade Média, ou, como muitos dizem, na época das trevas, época marcada por uma imensa intolerância e fanatismo religioso que originou um domínio absoluto por parte do clero.

Achei fascinante o trabalho da autora. Revelou ter efectuado uma excelente pesquisa da época, pois, no caminho que traça para a sua personagem, a autora sabe contextualizar a acção e integrar ou ir explanando os factos da lenda, obviamente com muitos pontos em branco, com factos históricos reais. Achei isso espantoso e é esse aspecto que me leva a considerar esta obra como um romance histórico muito bom, sem que, no entanto, ache importante referir a pouca capacidade da autora ou a incoerência na criação literária da personagem de Joana. Ou seja, segundo a lenda, Joana foi uma mulher muito culta que, fazendo-se passar por homem numa época tão conturbada, conseguiu enganar tudo e todos e ascender ao mais alto cargo da igreja católica. Pois bem, o que vamos assistindo, na construção da personagem, é a de alguém ingénua, muito certinha e até, por vezes isso transparece, algo, vá lá, palerma. Confesso que isso me desagradou e dei por a mim a pensar qual o objectivo da autora, sendo que vingou a tese que a autora sabia que este livro teria um público maioritariamente feminino, por isso, pretendeu empregar um tom mais cor-de-rosa, mais piegas.

Independentemente de se acreditar que a Papisa Joana existiu, e isso é algo que facilmente se pode investigar dada a imensa informação que já existe, o que interessa neste livro é o trajecto da personagem dentro da bem documentada época, e isso a autora fá-lo com classe. No fim, ficamos com a certeza da autora e, sobretudo, felizes por nos ter sido permitido viver tantos dias numa época distante, onde a barbárie imperava.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Metamorfose (A) – Franz Kafka


Provavelmente o livro mais conhecido de Kafka e um dos livros mais crus, estranhos e violentos que alguma vez li. A premissa é deveras simples e, por si só, apelativa e indicadora para a história que Kafka nos reserva.
Certa manhã, ao acordar, Gregor Samsa apercebe-se que se está a transformar num gigantesco insecto. Caixeiro-viajante de profissão, Gregor é o único sustento da casa que alberga os pais e a irmã, que vivem às custas do pobre Gregor.
Desde o início compreendemos que estamos diante de uma metáfora e é dessa forma que nos custa a crer no que se vai desenrolando diante dos nossos olhos.
Gregor Samsa é desde o início tratado com nojo pela família. Invertem-se os papéis. Agora, de uma forma figurada, é Gregor o parasita e a família trata-o com desprezo e nojo. Antes era Gregor o escravo da família, o único que trabalhava, a única fonte de rendimento. É clara a alienação, a escravatura do ser humano face ao trabalho e às obrigações que a sociedade e a família lhe ditam, são reflexões que kafka vai traçando de uma forma muito subtil.
Uma das grandes particularidades desta obra é que é ela também uma espécie de análise pessoal que Kafka efectua. É possível rever Kafka em Gregor Samsa, sobretudo na sua fase mais jovem quando se libertou das correntes sociais pra puder escrever em liberdade. A sua família também tem paralelismos com a família de Gregor. O seu austero pai que só se interessava pela ascensão social e sucesso material, a forma severa como o pai o tratava é descrito de forma figurada no atirar das maçãs do pai de Gragor Samsa ao filho insecto (uma das imagens mais chocantes do livro). Mas Kafka vai ainda mais longe, aflorando outros factos políticos e sociais que varriam a Europa.
No fim temos um Gregor abandonado, isolado do mundo e transformado de vez em insecto. A libertação foi conseguida (a alienação), no entanto não consegue ser livre. Deixa-nos uma imagem perturbante, assim como perturbante e inquietante é todo esta belíssima obra da literatura universal.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Passatempo "O Circo de Sonhos"

O blog NLivros, em colaboração com a Civilização Editora, tem para oferecer 1 exemplar do livro "Circo de Sonhos" de Erin Morgenstern


Título: Circo de Sonhos

Autor: Erin Morgenstern
ISBN: 9789722634267

Págs.: 464
Preço: 14,85€

Género: Fantasia

Sinopse:
Um romance de magia e amor que está a encantar os leitores de todo o mundo através do fantástico poder da imaginação. Um misterioso circo itinerante chega sem aviso e sem ser precedido por anúncios ou publicidade. Um dia, simplesmente aparece. No interior das tendas de lona às listas pretas e brancas vive-se uma experiência absolutamente única e avassaladora. Chama-se Le Cirque des Rêves (O Circo dos Sonhos) e só está aberto à noite. Mas nos bastidores vive-se uma competição feroz – um duelo entre dois jovens mágicos, Celia e Marco, que foram treinados desde crianças exclusivamente para este fim pelos seus caprichosos mestres. Sem o saberem, este é um jogo onde apenas um pode sobreviver, e o circo não é mais do que o palco de uma incrível batalha de imaginação e determinação.
Apesar de tudo, e sem o conseguirem evitar, Celia e Marco mergulham de cabeça no amor – um amor profundo e mágico que faz as luzes tremerem e a divisão aquecer sempre que se aproximam um do outro (…). O Circo dos Sonhos é uma obra fascinante que fará com que o mundo real pareça mágico, e o mundo mágico, real.
Autora:
Erin Morgenstern descreve todo o seu trabalho como sendo “contos de fadas, de uma forma ou de outra”. Estudou teatro e arte no Smith College. Além de escrever, também pinta e colecciona jóias feitas com chaves antigas. Cresceu no Massachusetts e é lá que vive actualmente. O Circo dos Sonhos é o seu primeiro romance.
Imprensa:

Este é um livro maravilhoso.
Audrey Niffenegger, autora de The Time Traveler's Wife


Morgenstern consegue conceber uma história de amor para adultos com um carácter voluptuosamente romântico. Quando Celia se refere ao circo como “um encanto, um conforto e um mistério”, poderia estar a falar deste livro.
The Washington Post
A estreante Morgenstern não tem falhas nesta arrebatadora história de ambição, destino e amor […] uma história grandiosa e mágica destinada ao sucesso.
Publishers Weekly
Este é com certeza um dos mais belos romances do ano. A estreia mágica de Erin Morgenstern vai prender a atenção de um vasto público que ficou desamparado com o fim das crónicas de Harry Potter.
The Observer
Encantador e comovente… Senti-me fascinada pelo universo deste livro. É algo surpreendentemente raro em ficção – um mundo incrivelmente belo, apesar da sua falta de cor.
Claire Messud, The Guardian

A escrita de Morgenstern, no que toca a criações mágicas, é deliciosa e viciante.
The Sunday Times



REGRAS DE PARTICIPAÇÃO:


1) O passatempo decorre a partir de hoje até às 23h59 do dia 27 de Abril.

2) Só é aceite uma participação por pessoa. Participações duplicadas serão desqualificadas sem aviso.

3) O vencedor será sorteado aleatoriamente, sendo o anúncio dos vencedores efectuado por e-mail e publicado no blog.

4) Por motivos logísticos só serão aceites participações de residentes em Portugal.

5) Só serão aceites participações de Seguidores do blog NLivros.

PASSATEMPO ENCERRADO

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Tertúlia Literária


No próximo dia 19 de Abril na Livraria Bertrand no Chiado, realiza-se uma tertúlia literária de blogues, para a qual fui convidado.

Convido todos a comparecerem, pois esta tertúlia promete ser muito interessante.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

John Carter – Edgar Rice Burroughs


Mais conhecido por ter criado a figura lendária de Tarzan, Edgar Rice Burroughs ficou nos anais da literatura fantástica pela criação deste brilhante personagem John Carter que foi posteriormente transposto para a banda desenhada e para o cinema devido à imensa fama que granjeou com a série de livros escritos pelo autor.

Honestamente, e embora tenha procurado e pesquisado, não consta que por detrás destas aventuras fantásticas tivessem quaisquer metáforas ou analogias ao que quer que seja. Pelos visto, Burroughs pretendeu de facto escrever algo fantástico que abordasse o futuro segundo a sua percepção o que, por si, torna estas aventuras apelativas, pois note-se que este primeiro livro foi publicado em 1911 e aí o autor traça todo um panorama que, hoje em dia, é bastante futurista na maioria dos aspectos.

Denominado por Burroughs por “Under the Moons of Mars”, este primeiro livro narra a história de um cowboy, veterano da guerra civil americana, que ao fugir dos indios apaches, entra numa caverna e ai é transportado para o planeta Marte.  Quando se apercebe que está nesse planeta é capturado pelos guerreiros Thark, humanóides verdes com 4 metros de altura e  4 braços, sendo posteriormente resgatado pela princesa Dejah Thoris, por quem se apaixona. Como a gravidade é bastante menor, John apercebe-se que consegue dar grandes saltos que faz com seja uma espécie de super-homem naquele planeta, o que lhe traz grandes benefícios.

Embora seja considerado um clássico, não vou afirmar que adorei ler esta obra porque, definitivamente, este tipo de ficção não é o meu género e, mesmo admitindo a imensa imaginação do autor, o livro nunca me conseguiu cativar e agarrar.

Tirando os dois primeiros capítulos que se dão ainda no planeta Terra, os restantes passam-se em Marte num mundo imenso de monstros para todos os gostos, acontecimentos brutalmente incríveis e situações fantasticamente irreais. Longe de mim deslustrar esta série e muito menos o talento de Burroughs, que admito jeito para imaginar e contar historias, mas enfim, são por demais extraordinárias as aventuras narradas e dei por mim, bastas vezes, a ter de voltar atrás por ter perdido o fio à meada devido ao facto da minha mente deambular por tudo menos pelo que estava a ler.

Ou seja, um livro aconselhável para os amantes deste tipo de ficção que podem encontrar em John Carter, não apenas um clássico, como e principalmente um manancial de imaginação.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Isabel I de Inglaterra e o seu médico Português – Isabel Machado

Filha de Henrique VIII e de Ana Bolena, Isabel teve uma infância muito atribulada, vivendo sempre no limbo face aos constantes boatos de traições aos reis que lhe antecederam.
Quando nasceu, Isabel ocupava a primeira posição na sucessão ao trono, no entanto acaba por cair em desgraça quando a sua mãe é acusada de adultério e condenada à morte por decapitação. Isabel, na altura quase a fazer 3 anos de idade, é declarada ilegítima e perde o título de princesa.
Após a morte do seu pai, Isabel passa a viver com Catherine Parr e o marido, Tomás Seymour. Catherine Parr foi a última esposa de Henrique VIII e nutria por Isabel verdadeira afeição. Pouco meses após a morte do rei, Catherine desposa Tomás Seymour de Sudeley, indo viver para a zona de Chelsea. Essa convivência ainda hoje levanta várias conjecturas, pois sabe-se que Seymour se dava a certas liberdades com a jovem Isabel sem que esta, aparentemente, lhe agradasse. O certo é que Catherine acaba por descobrir essas folias e toma o partido do marido, expulsando Isabel em Maio de 1548.
Desse envolvimento, que hoje em dia seria tido como pedofilia e que se julga tinha como intenção de Seymour a ascensão dele próprio ao trono de Inglaterra, Isabel tem um primeiro e horrível contacto com os tramas da corte e conhece ou toma contacto com as teias conspirativas, as intrigas palacianas que irão acompanhá-la durante toda a sua vida.
Até subir ao trono, Isabel irá passar por outros tumultos e desgostos. No entanto, em Janeiro de 1559 é coroada Rainha de Inglaterra, iniciando-se um reinado de 44 anos, conhecido por período isabelino e marcado por acontecimentos vitais para a História da Europa e da própria Inglaterra.
Obviamente que esta exposição é muitíssima diminuta, não só da vida de Isabel, como do seu reinado. A importância do reinado de Isabel foi fundamental para o poderio da Inglaterra. É um período riquíssimo, cheio de acontecimentos e de personagens que, ainda hoje, são falados e estudados. Em todo o caso o que aqui é importante é analisar o livro de Isabel Machado.
Confesso que até conhecia muitos acontecimentos e factos do reinado de Isabel I, no entanto desconhecia a atribulada juventude de Isabel e a forma como sobe e, principalmente, como conduziu o seu reinado e o seu legado, e isso foi algo que me surpreendeu.
Surpreendeu-me também, pela positiva, a qualidade e a forma límpida como a autora conseguiu narrar toda uma vida, porque é precisamente isso que a autora faz: conta toda a vida de Isabel, desde o seu nascimento até à sua morte. Pelo meio, que não é pouco, consegue a magia de colocar e dar substância a vários importantes personagens que povoaram a vida de Isabel, com especial incidência para o médico português, D. Rodrigo Lopes, que virá a ser médico pessoal da rainha durante décadas.
Não é possível, numa mera opinião, expressar toda a densidade e excelência da obra de Isabel Machado. Não vou referir que é uma obra imaculada. Para mim o maior defeito é a falta de descrições das principais batalhas que ocorreram em todo aquele tempo. No entanto isso é algo que muito aprecio nos romances históricos e este versa essencialmente sobre figuras, destacando-se a de Isabel e de Rodrigo. Pessoalmente também me maçou a insistente discussão à volta do casamento da rainha e da necessidade de deixar sucessão. A partir do momento em que Isabel sobe ao trono, a principal discussão entre os seus ministros e conselheiros é o seu casamento que Isabel conduziu de uma forma estratégica até ao final da sua vida. Em todo o caso achei algo maçuda essa insistência, pois passam-se páginas atrás de páginas com essa discussão, parecendo que mais nada de interessante se passa no reino. Também não apreciei o tom algo piegas com que a autora descreve os encontros amorosos entre a rainha e o seu protegido. Percebo da necessidade de dar um tom mais apimentado e romântico ao livro, até por se tratar de ficção baseada em factos verídicos, no entanto e também face à fama de Isabel que ficou conhecida como a “rainha Virgem”, chegou a ser irritante esse tom meloso com que os encontros são descritos.
No entanto a autora realiza um enorme trabalho. Consegue abordar a época e situar muito bem os acontecimentos que marcaram aquela época. O problema de Portugal e do vazio que fica quando D. Sebastião perece em Alcacer Quibir. A invasão em 1589 de Filipe II a fim de reclamar o trono e da revolta de D. António, prior do Crato, que Isabel irá conhecer muito bem, a fim de reclamar o trono de Portugal. A União Ibérica que daí ocorre e que será o único entrave ao estabelecimento da Inglaterra enquanto maior potência mundial. Um sem número de acontecimentos que a autora coloca e situa de uma forma excelente, mas que, por vezes, torna o livro maçudo e denso.
Um livro que me deu imenso prazer ler. Não diria que se lê de uma forma compulsiva, mas que merece ser lido com calma e cuidado. Um livro que merece algumas análises à medida que a leitura vai decorrendo, pois e como antes referi, há acontecimentos, sobretudo os bélicos, que são mencionados, mas que são pouquíssimo descritos e, pessoalmente, tive a necessidade de perceber da sua importância e impacto que tiveram.
Nota final para D. Rodrigo Lopes, médico português que debanda para Inglaterra com a esperança de encontrar um país mais tolerante com a sua religião. Com a ajuda da comunidade portuguesa, aí se fixa, chegando, pela sua fama de bom médico, ao posto de médico pessoal da rainha e seu confidente. Rodrigo Lopes existiu e teve, de facto, um papel preponderante na vida de Isabel I, estando também envolvido na política externa, nomeadamente no problema da invasão de Portugal. Este é um personagem que a História de Portugal esqueceu ou que nem sequer chegou a considerar. Em todo o caso a autora empreendeu uma brilhante investigação e descobriu importantes informações sobre essa figura e o seu trabalho na corte. A partir daí, a autora, explana uma figura muito interessante que vem abrilhantar ainda mais esta obra.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Máquina do Tempo - H.G. Wells

Quando empreendemos a leitura de um livro, é importante saber quando foi escrito e pesquisar um pouco sobre o autor, pois e bastas vezes as obras foram escritas com objectivos e alvos bem definidos, não se tratando de meras obras de ficção científica, terror ou de qualquer outro género como linearmente ficam para a História.
E é o que acontece com este pequeno livro de HG Wells, classificado por Ficção Científica e olhado com desdém por muitos como sendo uma obra menor.
Terrível ilusão!
Em plena época vitoriana, note-se que o livro foi escrito em 1895, um cientista constrói uma máquina do tempo e desloca-se para o ano 802.701, oitocentos mil anos, onde descobre um planeta muito mudado e, mais importante, uma humanidade completamente estranha aos seus olhos. Apenas por esse facto, a leitura já se torna interessante, ainda mais porque esse cientista inicia uma série de descobertas e aventuras que nos vai mostrar o quanto o planeta mudou e as relações entre as pessoas…
E é aí que Wells se pretendeu focalizar com esta metáfora.
O cientista constata na existência de duas classes de seres humanos. Os Eloi e os Morlock. Uns são o gado e os outros os donos que se alimentam desse gado. Embora possa parecer algo macabro, em 1895, Wells quis construir uma metáfora que demonstrasse a diferença de classes entre a burguesia (os Eloi) e a classe operária (os Morlock), no entanto Wells, de uma forma irónica, indicia que o papel de tais classes só inverteriam os papéis 800.000 anos depois… por outro lado. Wells foi ainda mais longe expressando a dependência dos Eloi, que têm uma vida despreocupada e que colhiam os frutos da terra produzidos pelos Morlock. Ou seja, a dependência dos Eloi, que necessitam dos Marlocks para sobreviverem.
A Máquina do Tempo não é um mero conto de viagem do tempo como já tenho lido em várias opiniões. É muito mais do que isso, para além de o autor se centrar numa dupla metáfora, é possível notar também, mesmo sendo a obra tão curta, outras questões que o autor desenvolve. A evolução/progresso científico que não é acompanhada por uma evolução/progresso humana, os conflitos sociais e outras correntes de pensamentos em voga no final do século XIX.