domingo, 30 de março de 2008
Terra Bendita - Pearl S. Buck
terça-feira, 25 de março de 2008
Amante de Lady Chatterley (O) - D. H. Lawrence
David Herbet Lawrence, nasceu em Eastwood, Inglaterra, no ano de 1885.
Sabe-se que o seu amor pelo erotismo se revelou bem cedo, vindo então a escrever pequenos textos onde o amor e o sexo eram descritos como uma força da natureza, uma expressão natural do sentimento humano. Para Lawrence, as mulheres eram a força motriz da natureza, as mães e esposas de todos os homens e os seres que carregavam no ventre o vaso da semente masculina. A sua importância para os homens vai para além do que a sociedade de Lawrence defendia, ele achava que a existência da mulher era decisiva para a sobrevivência dos homens, eram o bálsamo que alimentavam a existência dos homens. Em suma, Lawrence amava as mulheres.
É a partir desse relacionamento, que posteriormente vem a dar em casamento, que ele começa a desenvolver para romances algumas das suas ideias. Encontra assim um porto de abrigo onde, e segundo as suas próprias palavras, conhece os verdadeiros prazeres sexuais com a mulher, não olhando a falsos pudores nem vergonhas, entregando-se totalmente ao prazer.
Lawrence julgava o sexo como uma manifestação física natural e normal. Ao pensar dessa forma, ele começou a criar uma série de anticorpos na sociedade inglesa, tão agarrada a valores vitorianos e que via o sexo como algo puramente animal, só sendo digno para o efeito de reprodução.
Em 1926, e já a viver na Toscana com a sua musa inspiradora, Lawrence escreve aquele que é, ainda hoje, considerado a sua obra máxima e, saliento, considerada como um dos melhores cem livros do séc. XX: "O Amante de Lady Chatterlley".
De volta a Inglaterra, o jovem casal vai viver para a mansão de Clifford, começando então uma existência fútil, triste e vazia. Eram ambos jovens, no entanto Clifford estava morto da cintura para baixo, enquanto Connie sentia-se arder por dentro, o desejo subia-lhe pelo corpo em vagas sucessivas e via na sua vida futura algo sem nada.
Vendo a situação da sua esposa, Clifford dá-lhe autorização para que ela arranje um amante e, inclusive, tenha um filho deste, desde que ninguém saiba, que o amante seja alguém de boa posição e que a criança seja considerada dele.
A partir daí... meus amigos, Lawrence oferece-nos descrições verdadeiramente excitantes dos encontros sexuais entre Connie e Oliver. Uma verdadeira loucura erótica onde as palavras são colocadas de uma forma nua e crua, mas e ao mesmo tempo, de uma forma terna, acabando em climaxes esplendorosamente apoteóticos.
Neste romance, e por muito que se façam análises sobre outras intenções do autor, nomeadamente intenções de ferir ou de chocar a sociedade, o que é verdade e isso é claro, penso, contudo, que a grande força e beleza deste romance está essencialmente assente em três factores:
- Na forma como Lawrence glorifica a virtude do sexo e os movimentos dos corpos, as descrições dele são divinais.
- Este é um romance que homenageia a sua mulher: Frieda. Até digo mais, tenho poucas dúvidas que parte das descrições de Lawrence, são dele próprio com a mulher.
Simplesmente porque essas cenas de sexo transmitem toda a força do sexo. Nessas descrições, homem e mulher entregam-se um ao outro de uma forma muito quente, sem qualquer tipo de pudores. A linguagem que usam é vernácula, todo o ambiente criado é excitante. No entanto todo esse erotismo não acaba quando acaba os movimentos corporais, esse erotismo continua no resto da narrativa, no amor que sentem um pelo outro, nos seus pensamentos e nos carinhos. Um erotismo que nos leva a encarar o sexo como fazendo parte do lado efectivo e não do lado animal como era defendido pelos moralistas. E isso não foi compreendido na época, tanto é que o livro foi apreendido, impedida a sua venda durante alguns anos e Lawrence acusado de atentado ao pudor.
Um romance brilhante, perfeito, cheio de mensagens num jogo de sentimentos soberbo, longe portanto de ser um simples romance erótico, muito longe mesmo.
domingo, 23 de março de 2008
Filho de Deus - Cormac McCarthy
Visto como Ser menor e com tolerância pelos habitantes do lugarejo, Lester desconhece a amizade, fraternidade a solidariedade, vivendo uma existência despovoada, completamente alienada.
Vivendo numa casa abandonada, Lester comete uma série de crimes que colocam em polvorosa toda a vila. No local, embora todos desconfiem da culpabilidade de Lester, ninguém tem a certeza pois, simplesmente, os corpos desaparecem, escondidos algures...
Uma das curiosidades desta obra (tem muitas), é o facto de à medida que o romance avança, pese embora a violência das descrições dos assassinatos e até na forma como Lester se comporta, irmos criando uma crescente simpatia pelo personagem. Mesmo sendo um homem asqueroso, mau, violento e indigno, vamos percebendo que o mundo de Lester não podia ser outro face à sua própria realidade, um fruto da sociedade que agora paga todos os anos de formação.
À semelhança de outros livros que li de Cormac, o autor consegue passar-nos sensações dispares, demonstrando também até quando um homem que se vê privado de amor e educação, obedece a necessidades naturais usando instintos primitivos. Ou seja, no personagem Lester, Cormac espelha qualquer ser humano. A diferença entre Lester e qualquer um de nós, é apenas as realidades de cada um que fazem com que o desenvolvimento faça-nos tomar rumos diferentes, ou não, pois Lester há por ai aos milhões.
Este livro é, quanto a mim, uma excelente metáfora acerca da “Alegoria da Caverna” de Platão.
domingo, 9 de março de 2008
1001 Livros para Ler antes de Morrer – Editado por Peter Boxall
Esta Edição Internacional foi conseguida através de uma união entre várias editoras de todo o mundo que, por sua vez, reuniram várias centenas de colaboradores (escritores, críticos, jornalistas, etc) chegando assim a um conjunto de obras consideradas como as mais importantes nos cânones literários, algo que a meu ver é inteiramente conseguido tal a excepcionalidade das obras expostas.
Com 960 páginas, dividido por “Antes de 1800”, “Século XIX”, “Século XX” e “Século XXI”, este é um Manual riquíssimo e muito útil aos amantes dos livros (não só para os apreciadores do género), pois de facto contem todas as obras de relevância da literatura universal, assim como outras que, de certo, serão consideradas clássicos no futuro.
Embora afirmar que estes 1001 são mesmo os melhores seja algo muito subjectivo, sem dúvida que o é e eu até penso que falta ali uma obra impar mas que muitos consideram não pertencer aos romances, o certo é que cada livro ali exposto tem uma ficha associada com vários dados muito interessantes onde sobressai um resumo da historia e da sua importância na literatura, bem como, em vários casos, imagens de capas e cartazes das primeiras edições.
Um livro que me delicia e que me tem indicado vários livros que não conhecia, sendo certo que é também um livro que irá tornar realidade um sonho da maioria dos leitores.