Márcia Balsas, do Blog "Planetamarcia", mais um dos blogues que mais admiro e que sigo diáriamente, aceitou simpaticamente o meu convite para participar nesta rubrica que visa nomear o pior livro que já lêmos, e a sua eleição vai para: O
Sétimo Selo de José Rodrigues dos Santos
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O Pior Livro |
Não me é fácil eleger
um livro como o pior que alguma vez li. Simplesmente porque quando um livro não me
interessa não o leio, deixo de parte, sem qualquer preocupação ou culpa por não chegar à
última página. Pensei em escrever sobre um desses livros inacabados e desinteressantes que
tenho vindo a deixar pelo meio, ou por vezes quase no início. Mas não achei certo, comecei a
imaginar que um desses livros, umas páginas após o meu abandono, pudesse tornar-se algo
fantástico. Seria muito injusto fazer uma má avaliação de um livro que, se eu tivesse
insistido, me tivesse maravilhado e surpreendido.
Então, para evitar
essas injustiças e possíveis pesos na minha consciência, decidi escrever sobre um livro que não
gostei mas que li até ao fim. O esforço foi grande e a desilusão ainda maior.
Já li vários livros do
José Rodrigues dos Santos e acho-os todos maus, apesar de alguns me terem proporcionado um
certo entretenimento. “O Sétimo Selo” é péssimo; é o meu eleito para esta
“cantiga de escárnio e maldizer”.
O meu interesse nesta
leitura tem a ver com o tema – o aquecimento global e o futuro do abastecimento
energético, e com a promoção que foi feita tendo como cenário a Antártida. Sinceramente achei que
toda a ação do livro decorresse na Antártida, pela capa do livro, mas principalmente pela
publicidade (enganosa) que foi feita com o próprio autor na Antártida. Lembro-me que, na
altura, houve inclusive um suplemento da revista Volta ao Mundo com a viagem que o autor fez
a esse ermo gelado para se inspirar na escrita do livro.
A Antártida fascina-me
muito e deixei-me levar por essa ideia. Quando me apercebi que apenas seria
feita uma curta referência inicial senti-me enganada.
Depois foi ler 500
páginas em que o autor se repete ao ponto de se tornar maçador, coloca informação
“científica” de modo descabido – senti-me como se estivesse a dar uma volta num parque e de repente
caísse dentro de uma enciclopédia, do nada surge excesso de informação trabalhada à pressa e
que só serve para encher.
Não posso deixar de
referir os lugares-comuns, o exagero de banalidades e cenas descritas sem a mínima
envolvência literária. Um texto cru, sem beleza, que não me proporcionou prazer
na leitura.
Há também a referir o
personagem deprimente, Tomás Noronha, uma espécie McGyver tótó, que se safa das
situações mais insólitas sem que se perceba como, e ainda chateia com os seus problemas
pessoais e familiares.
Confesso no entanto a
minha admiração pela capacidade de produzir livros de José Rodrigues dos Santos. Penso que
tem editado um livro por ano, e todos com centenas de páginas, mantendo em paralelo
uma atividade profissional intensa. Há quem diga (quem é mesmo muito mau, muito
pior do que eu) que não é ele que os escreve, que existe uma equipa que faz
toda a investigação e põe os livros em marcha. Não é descabido se pensarmos um
pouco nisso mas sinceramente não me interessa. Não penso voltar a ler livros
dele.
Maçador e
desinteressante, este “O Sétimo Selo” é possivelmente um dos grandes culpados por eu decidir
abandonar algumas leituras. Podem chamar-lhe trauma, mas a verdade é que com
tantos livros para ler não vale a pena perder tempo a fazer sacrifícios.