Anthony Bourdain é um chef mundialmente conhecido pelo seu programa “No Reservations“ que, tendo sido iniciado em Julho de 2005, vai actualmente na 8ª temporada e é já um programa de culto para a maioria dos amantes da cozinha.
Em 2000 lança Kitchen Confidential, best-seller da lista do New York Times e que desde logo cria celeuma devido ao facto de, supostamente, mostrar ou relatar o lado oculto e obscuro do mundo das cozinhas profissionais e, sobretudo, das cozinhas dos grandes restaurantes. É dessa forma que o livro se tornou conhecido e a editora em Portugal ainda carregou nessa ideia, colocando rótulos como: “Bourdain é hilariante quando nos aconselha sobre o que devemos pedir em restaurantes e quando o fazer. Por exemplo, aprendemos que nunca devemos comer peixe às segundas-feiras, evitar o brunch de domingo e nunca pedir qualquer tipo de carne bem-passada. E se algum dia virmos um cartaz que diga «Desconto Sushi», devemos, se formos inteligentes, fugir para o lado oposto o mais rápido que conseguirmos.”
De facto é verdade que Bourdain, logo no início escreve essa frase, em todo o caso querer rotular toda uma obra como sendo algo que vai “partir” ou “desmascarar” a suposta javardice das grandes cozinhas, é algo que para além de ser falso, revela má edição e um aproveitamento de uma ideia para rotular o livro de principio ao fim, pois é inegável que o compramos julgando que Bourdain nos vai narrar episódios macabros e obscuros no mundo da restauração, quando, na realidade, ele apenas nos narra as memórias de parte da sua vida pessoal e profissional.
E são nessas memórias, que ele, de facto num tom mordaz e hilariante, conta como surgiu a sua paixão pela cozinha, como começou e como cresceu e evoluiu na profissão ao ponto de se tornar um chef executivo. Nada de mais.
Obviamente que no decorrer dessas memórias surgem histórias hilariantes e algo escuras sobre o submundo da restauração, onde ele até dá conselhos a quem quer se iniciar nessa profissão. Um mundo muito duro, sem qualquer tipo de consideração ou compaixão por ideiais humanos, onde a objectivo é, única e exclusivamente, cozinhar bem, com qualidade, maximizando todos os recursos disponíveis.
Pessoalmente gostei bastante e até me surpreendeu a qualidade de escrita de Bourdain (partindo do principio que foi ele que escreveu o livro). A histórias são de facto cativantes, pese embora, confesse, que se lido continuadamente, fique um pouco monótono, pois as histórias acabam por ser semelhantes entre si.
Nota final para a imensa coragem de Bourdain ao admitir a sua dependência do álcool e da droga na altura em que foi chef. Dependência essa que o iam atirando para fora da profissão mas que, ele próprio o refere, o ajudaram a suportar o imenso stress que a profissão de chef executivo exige.
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