Convidei agora um blogger que anda nisto há pouco tempo mas que já me inspira imenso respeito, não só pela sinceras e óptimas opiniões que realiza, como também porque tem um gosto literário semelhante ao meu. Ladies and gentlemens, o convidado é o André Nuno do Blogue "Pensar nos livros" que fala assim do Pior Livro (ou aquele que menos gostou) que leu que, refiro, eu li por duas vezes e não gostei.
"Antes de mais gostaria de agradecer o convite para fazer parte
desta rubrica. Fico satisfeito por te lembrares da minha pessoa mas
simultaneamente receoso por responder à mesma.
A apreensão com nomear o livro que menos gostei
prende-se com facto de a obra em causa ser para muitos leitores uma obra extraordinária, cheia de significado e que lhes deu imenso prazer.
Gostaria, pois, de me referir ao livro como "aquele que menos gostei" e
não necessariamente como o "pior livro" por respeito aqueles que se
deliciaram com a sua leitura. Não me considero um crítico excepcional
com capacidades analíticas superiores às de ninguém. O que está aqui em
causa, e que passarei a explanar, é apenas a minha apreciação pessoal.
O livro que menos gostei de ler é Cem Anos de Solidão do Gabriel García Márquez.
Trata-se da história interminável da família Buendía na irreal e inacessível Macondo.
O que me fez detestar esta obra foram vários aspectos. Não gostei da confusão de personagens que assombravam a narrativa mesmo tendo já morrido páginas atrás. Não gostei da irrealidade que é transversal a toda a história. Os problemas desta família , que parece um laboratório de desgraças, foram demais para a minha capacidade de apreensão.
Não encontrei nada de verosímil em parte alguma do romance e fiquei absolutamente farto e aborrecido com geração atrás de geração atrás de geração de Buendías idiotas e comedores de terra onde apenas a matriarca sobrevive como testemunha de tamanha tragédia.
Cada Buendía que é gerado apresenta-se mais desgraçado, problemático e triste que o seu antecessor.
Durante um interminável número de páginas não acontece nada que chame a atenção do leitor e muitas vezes dei por mim a pensar que o García Máquez devia estar ébrio quando escreveu o livro.
Os nomes dos personagens apenas contribuem para a confusão e desânimo.
Há
leitores que salientam genialidade na escrita e na obra de GGM.
Sublinham a capacidade de o autor se abstrair da realidade e da lógica
para produzir uma obra-prima.
Para mim este distanciamento da lógica apenas retirou o fio condutor da narrativa e lançou todo o romance para um registo inacessível, incompreensível e sem interesse.
Em resumo nunca me senti tão perdido e mal tratado enquanto leitor. Um romance penoso e interminável.
Cada página foi uma tortura e até hoje sou completamente incapaz de ler qualquer livro deste consagrado escritor."