Considerado por muitos como um
livro erótico, o “Elogio da Madrasta”, narra a vida conjugal de Dom Rigoberto
com a sua segunda esposa, a bela Lucrécia.
No meio desse desvaneio conjugal,
onde efectivamente várias cenas eróticas nos são descritas, surge o pequeno
Alfonso, chamado de Fonchito, filho de Dom Rigoberto. No início julga-se que a
criança seria um entrave à vida dos dois amantes, mas depressa se constata que
Alfonso tem uma adoração pela sua madrasta que, a partir de um determinado
momento, vai muito para além de simples afeição, pois Lucrécia deixa-se enlear
numa teia maquiavélica do pequeno e torna-se amante da criança.
Pese embora possa ter alguns
pontos de encontro com a célebre obra de Nabokov, “Lolita”, esta obra é
totalmente diferente, pois está recheada de reflexões sobre a felicidade sexual
em contraponto com a espiritual, interligando-se as duas numa só, num tom tom
poético que tem a capacidade de nos agarrar logo desde o início e contento
descrições brilhantes, como e por exemplo, o acto de defecar de Dom Rigoberto.
Pode parecer estranho, mas a descrição a roçar a sátira é brilhante.
Intervalando na história, surgem
narrativas que advém de quadros expostos no início da página. Ou seja, para
além da enorme capacidade que o autor revela em criar um conto a partir de uma
imagem, Llosa brinca com a metologia ao criar histórias satíricas e eróticas
que se interligam com a narrativa de Dom Rigoberto e Lucrécia.
Em suma, um pequeno-grande livro
de um escritor genial e que merece, efectivamente, o apreço de quem aprecia a
boa literatura.
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