1993, no dia do 24º aniversário da sua filha, Max Ophuls é assassinado de uma forma monstruosa pelo seu motorista, Shalimar, parecendo tratar-se de um assassinato por razões políticas, pois Ophuls havia sido embaixador americano na India e dono também de um passado ligado à resistência francesa e responsável pela morte de vários oficiais alemães.
Em estado de choque, pois o crime é cometido praticamente à sua frente, India Ophuls, a filha, não entende como é que um homem tão bom como era o seu pai pode ter sido assassinado daquela forma bárbara. O que India desconhece é que o passado do pai está ensombrado por acontecimentos escandalosos que estão interligados com o seu próprio passado, nomeadamente o caso que o seu pai teve como a sua mãe, que ela nunca conheceu, aquando do mandato do pai na Índia.
Essa é a premissa para uma narrativa algo complexa sobre o passado de Max Ophuls, passado esse que, por ser longo, abrange seis décadas do século XX, logo acontecimentos muito importantes como a 2ª Grande Guerra, a guerra da Caxemira entre a India e o Paquistão, centralizando uma ideia base que acaba por se sentir em todos esses adventos, o radicalismo.
Sendo o primeiro livro que leio de Salman Rushdie, não posso afirmar que a escrita dele me encantou, até porque, e isso é uma ressalva que faço, achei essa escrita algo parecida com a de Garcia Marquez, e mesmo o estilo, esse realismo fantástico está presente em toda a narrativa, dando-lhe efectivamente um tom mágico e até algo épico, pois Rushdie, para além de abordar uma série de eventos históricos, é useiro em dados e curiosidades históricas e culturais, mencionado outras obras literárias.
No entanto o livro também não me desagradou e houve capítulos, diga-se de passagem que todos os capítulos são muito extensos, que me agradaram imenso. Por outro lado e não sendo eu um curioso sobre a História da India, a abordagem de Rushdie à cultura e religião Indu, aborreceram-me. A forma como Rushdie traça o trama também é bastante interessante. O primeiro capítulo é bastante motivador, ficando nós com a ideia que esse crime é por motivos políticos. Rushdie deixa-nos ir pensando nisso até certo ponto para, de repente, traçar uma outra linha condutora, misturando então tudo e, digamos, voltar a dar.
Pode parecer algo confuso, mas a história segue-se bem e com interesse, no entanto e na minha opinião, há períodos aborrecidos mas que não chegam para deslustrar um bom livro.
Classificação: 3
10 comentários:
Ainda não li nada deste autor, mas já me aconselharam a ler primeiro o "Contos da meia-noite". Já o leste Iceman?
Olá
Em tempos, dada uma outra paixão que tenho (os U2) comprei um livro do Salman Rushdie chamado "Pisar o Risco".
Não sei se tiveste oportunidade de o ler?! Mas a verdade é que esse livro tirou-me a vontade de ler algo mais dele! Certo é que é um livro diferente. É um livro de contos e não uma história.. Mas na altura deixou-me muito a desejar.
Tenho à espera de ser lido o "Versículos Satânicos". Mas este parece-me ser bastante interessante, em especial pelas referências que dizes ter em relação à História e cultura indianas. Parece-me que o irei folhear em breve...
Olá "Miar à Chuva".
De Rushdie li apenas este "Shalimar". Tenho em casa os "Filhos da Meia-Noite", mas está para 2ªas nupcias.
Este livro foi interessante, julgo que o autor merece que seja novamente lido. Os Filhos da Meia Noite e os Fascículos Satânicos interessam-me.
De Rushdie li " Oriente, OCidente" ( crónicas), " O chão que ela pisa" e o " Shalimar, o Palhaço". Tenho " Os Versículos Satânicos" não "fascículos " como deves ter enganado.
De todos adorei mais o " Shalimar", estou curioso por ler " A Feiticeira de Florença" o último dele, sobre Rushdie posso dizer que adoro a sua escrita, nem sempre fácil mas sempre agradável.
Olá Marco.
"Pisar o Risco" não conheço e, segundo o que deixas transparecer, é um livro que dificilmente algum dia lerei.
Viva Homem do Leme.
Os Versículos também estão na minha lista há longo tempo, no entanto tem sido sempre relegado para "um dia a ler", pois ainda não me senti motivado para avançar.
Agora este "Shalimar" é interessante e estou certo que, para quem aprecia Rushdie, vai de certo apreciar este.
Olá Menphis.
Sim, Versículos, enganei-me de facto.
Gostei da escrita mas não posso dizer que tenha adorado, aliás, achei-a muito semelhante a Garcia Marquez.
Já agora, e face ao comentário do Marco Caetano, informo que Pisar o Risco" é um ensaio de crónicas politicas dele, não tem nada a haver com o resto de obras. A relação entre Rushdie e os U2 vem, particularmente, sobre o livro " O chão que ela pisa".
Já li cerca de 200 páginas deste livro. Talvez o termine lá para meio da semana que vem e nessa altura farei a minha critica.
Gostei muito de "O chão que ela pisa". Achei-o deslumbrante e por isso escolhi este neste momento. Vamos ver qual o resultado final.
Cumprimentos,
Filipe de Aree Nunes
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