sábado, 30 de julho de 2011

Sétimo Selo (O) – José Rodrigues dos Santos


José Rodrigues dos Santos é, indiscutivelmente, o campeão de vendas em Portugal. Sendo jornalista, sabe como investigar os assuntos dos seus livros, ajudando-o também as deslocações que faz e expressas nas obras. Uma escrita muito simples, fluída, tipicamente ao jeito de uma notícia, o próprio autor professa que ler deve ser prazer e não um exercício doloroso. Para além disso tem o condão de prender o público com um género apelativo de mistério, policial e histórico.

Penso que esta é a receita das suas obras e, goste-se ou não se goste, a razão de ter tantos leitores, algo que custa muito a engolir a pseudo intelectuais que se julgam grandes escritores ou leitores de grandes escritores que poucos lêem.

Neste seu 5º romance, Tomás Noronha é novamente o herói numa aventura que o irá levar a quatro continentes em busca da resolução de um mistério que tem o seu início quando dois cientistas são assassinados no mesmo dia em dois continentes diferentes. Em comum com esses homicídios, uma folha de papel deixada junto aos corpos onde está gravado: 666.

A Interpol contacta Tomás Noronha a fim de ele resolver este mistério, levando-o, obviamente ao inicio de uma louca aventura que vai meter interesses petrolíferos, assassinos, perseguições no deserto, entre outros.

O interesse do livro, quanto a mim, está todo centrado nos dados científicos que JRS vai expondo com o sentido de alertar para o aquecimento global e para a necessidade de descobrir outras fontes de energia.

No entanto e como história, penso que este é o seu livro mais fraco.

Toda a história é rebuscada, cheia de clichés brownianos, deficientemente explicada e até, bastas vezes, apressada. Há acontecimentos sem grande lógica e a explicação final é muito sensaborona e até algo infantil.

Mas isso não impede de um considerar um livro que se lê bem, não só devido à mensagem de fundo, como também pelo entretenimento que nos oferece.

Não considero JRS um grande escritor mas, e em conversas que já tive com ele onde lhe disse precisamente isso, ele próprio afirmou que não tem pretensões a ser um grande escritor e a qualquer prémio. O que ele pretende é dar prazer, entreter quem o lê e isso ele consegue na perfeição, pois as suas histórias são atraentes e entretêm. Para além disso os seus livros estão recheados de informações verídicas e com isso aprendemos, e não é precisamente isso que procuramos nos livros?

4 comentários:

Pedro disse...

Eu gosto bastante dele (ainda não li "O Anjo Branco"... Parece que vou esperar pelo próximo a sair!). Ainda assim, não gostei nada deste livro. Como dizes, a história está rebuscada, os acontecimentos desenrolam-se com alguma força. Pior pior para mim foi mesmo a personagem principal. O Tomás... Para mim, está completamente absurdo. Nada, nada credível. Aquele Tomás não é um professor universitário e não pode ter experiência nenhuma na vida (como a que já teve no Codex e na Fórmula). Fez-me perder totalmente o respeito por ele.

Bem, acho que procuro muita coisa na leitura... Mas sei o que encontrar com JRS. É mesmo o entretenimento.

Abraço!

NLivros disse...

Ora viva amigo Pedro!

Pois é, eu também não gostei desse livro. O Tomás, de facto, é tão absurdo que chega a ser terrivelmente infantil o que torna a sua acção inverosímil.

Mas enfim, tirando esse pormenor, penso que a mais valia dos livros em que Tomás é o protagonista, são as informações que o autor nos fornece e essas são maravilhosas e em catadupa.

SEVE disse...

José Rodrigues dos Santos - já repararam que a quase totalidade dos livros dele têm sempre mais ou menos o mesmo número de páginas...contudo A FILHA DO CAPITÃO lê-se bem. Mas é um absoluto mercenário das letras, então não é que este oportunista teve a extrema lata de publicar em livro uma entrevista que fez a Saramago e que havia publicado num seu livro com entrevistas a vários escritores, saído aqui há cerca de 1/2 anos e publicou-o com este título: A ÚLTIMA ENTREVISTA DE JOSÉ SARAMAGO....que lata, que oportunismo.

Rosa Oliveira disse...

Já há algum tempo que ando para ler algo dele. Ainda não me decidi é por onde começar...