Esta é a história mais conhecida da rainha dos policiais e aquela que, penso, a catapultou definitivamente para o estrelato e que a colocou como referência do género.
Conforme já o referi por variadas vezes, não sou um particular fã do género policial, pese embora, quando adolescente, tenha lido todos os livros de Sir Arthur Conan Doyle e do seu Sherlock Holmes, inclusivamente assisti à serie com o Jeremy Brett que, diga-se, é fabulosa e é a que melhor expressou os casos escritos por Conan Doyle.
No entanto este “Um Crime no Expresso do Oriente” não foi a minha primeira incursão nos policiais de Agatha Christie e do seu Hercule Poirot, no entanto e perdoem-me os seus imensos fãs, nunca entusiasmaram os seus policiais e a capacidade dedutiva do seu detective belga que ficou na história da literatura, mas que jamais teve o carisma de outros personagens que se confundem com os seus criadores.
E, neste livro, uma vez mais e embora o argumento esteja bem delineado e a autora consiga criar uma atmosfera de suspense e mistério, surge-nos um Poirot que, através da sua investigação e poderes dedutivos assentes em pequenos pormenores de observação que, de uma forma naturalmente propositada, nos vai passando despercebidos, consegue desvendar um estranho crime ocorrido no célebre Expresso durante uma viagem em que o próprio Poirot é passageiro. Para criar maior mistério, o comboio fica retido no meio do nada devido a uma tempestade de neve e é nesse contexto que ocorre o assassinato em que, obviamente, todos são suspeitos.
A partir daí desenvolve-se toda a investigação de Poirot e onde se começa a perceber alguns relacionamentos com a vítima. E, claro está, só no final do livro Poirot esclarece o crime, e após as suas explicações, conforme é clássico, ficamos com a sensação de que os factos narrados sempre nos indiciaram o criminoso.
No entanto e embora admita que é um caso que nos envolve, esta é uma história em que temos sempre a sensação, desde os primeiros momentos, que Hercule Poirot já possui factos suficientes para desconfiar de quem se trata o(a) assassino(a). Afirmo isso, pelas inquirições e pelo tom, por vezes algo arrogante e convencido do detective. Por outro lado, a meu ver, é inquestionável a forma algo ingénua, comparado com os tempos actuais, como Agatha Christie apresenta o crime, situa os personagens e interliga posteriormente os factos e as ligações entre os vários personagens. E isso é algo que nunca gostei nos policiais que li de Christie, pois fico sempre com essa sensação e dou por mim a pensar: “mas como é que essa gente podia adivinhar que a outra gente estava ou iria estar naquele local?”. Entendem?
Agora, tirando a história que não me cativou, acho a escrita de Agatha Christie simples e objectiva. Não está com grandes rodeios nem grandes descrições. Trata-se de um policial e ela escreve de uma forma a apresentar o crime vs factos. Pormenores vão desvendar os crimes e, no final, os factos encaixam, embora, alguns deles algo forçados. No entanto não coloco minimamente em causa a importância de Agatha Christie enquanto criadora de um estilo que ainda hoje tem seguidores, pois constate-se os imensos clichés que por aí se lêem em policiais e thrillers que nos levam precisamente a Agatha Christie.
7 comentários:
Iceman, como já dizes, a Agatha Christie foi a criadora de um estilo. Eu diria mais: ela revolucionou a escrita de policiais! Além disso, criou personagens que vivem para lá dos seus livros (muito com a ajuda do cinema e da televisão, coisa que, aliás, também se aplica a Conan Doyle). Mas é claro que o mundo em que ela viveu e publicou não se pode comparar ao actual. Cada vez mais nos apercebemos das fragilidades de alguns dos seus enredos. A mim irrita-me, por exemplo, quando Poirot esclarece um crime baseado em informações a que o leitor só tem acesso depois de o crime estar esclarecido (informações relacionadas com um segredo no passado do/a criminoso/a). O leitor também pode tentar resolver o crime antes do final, perguntando-se: qual é a personagem menos suspeita? Muitas vezes, é a mais inocente, ou, até, aquela que mais colabora com Poirot, ou Miss Marpple.
Enfim, nunca nos devemos esquecer da revolução que esta escritora desencadeou e, fraquezas do enredo à parte, ficamos sempre agarrados até ao fim (mesmo que este nos desiluda um pouco). Na verdade, o mistério que se gere é o seu forte e, não, a solução. Já me aconteceu ler (ou ver na TV) algum livro dela, lembrar-me perfeitamente de como o enredo se desenrola, mas não me lembrar quem é o criminoso, sinal de que não é isso que nos impressiona realmente.
Olá Cristina,
Sim, o facto dos esclarecimentos de um crime serem baseados em informações que só temos acesso no fim, é algo que também não aprecio. No entanto, confesso, que não guardo grandes simpatias pelo Poirot, demasiado fleumático para o meu gosto.
Em todo o caso eu também não sou um grande apreciador de policiais. A linha condutora dos policiais é sempre muito semelhante e cansa-me. No entanto assumo que li uns 4 ou 5 romances de Agatha Christie, pelo que também não quero cometer quaisquer injustiças e muito menos retirar o valor e influência da autora.
Também raramente leio policiais. Mas tive uma fase da minha vida em que li muito Agatha Christie e vi vários filmes e séries baseados nos livros dela. Fascinava-me a sua maneira de criar "suspense", mesmo que o final me desiludisse um pouco.
Além disso, nas histórias da Miss Marpple ela faz uma boa caracterização da província inglesa e dos seus habitantes, nomeadamente, a maldade escondida atrás da fachada.
Olá Iceman,
Finalmente encontro alguém que não simpatiza com Poirot! Eu também não simpatizo com o senhor. Acho enervante a forma como ele descobre tudo, somente pela perspicácia e pouco mais. Depois há os personagens que aceitam estoicamente tudo o que ele lhes aponta! Não li muitos livros de Agatha Christie, mas os que li não me cativaram! O último que li foi "A Visita Inesperada" e neste o Poirot não entra :) gostei mais confesso!
Abraço
Cristina,
é curioso que, embora conheça a personagem, nunca li qualquer policial com Miss Marple.
Eu li alguns, vá lá, muitos policiais, se considerar-mos os "CInco" como Policial/Aventura, quando era criança e adolescente. E, honestamente, saturei-me do género que anda sempre à roda do mesmo. Não sei se me faço entender.
Ora Sr. D. Paula, também eu direi: "Finalmente alguém que não vai muito à bola com o Monsieur Poirot".
Pois é, também me enerva a forma algo arrogante como ele avança pelos casos e, outra coisa que me chateia nos policiais, é tudo se saber só no fim. Ou seja, andamos centenas de páginas a ler inquirições, investigações e afins, para, modo geral e no fim, tudo se encaixar com factos que, por vezes, nos são omitidos. Bah!
Mas pronto, note-se que é uma opinião pessoal.
Primeira visitinha aqui no blog e já estou adorando o blog =D Eu já li esse livro e concordo, é muitoooo bom! Não sei se já leu o assassinato de roger ackroyd, mas o final acho que mais chocante xD, não sei direito lol. Enfim, visitarei mais vezes aqui =D
tbm tenho um blog ^^ se visitasse ficaria feliz ^^
http://travelingamongworlds.blogspot.com.br/
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