Dividido em dois volumes, o contexto
de ”A Brisa do Oriente” situa-nos em 1204 na altura precisa em que a Quarta
Cruzada toma e saqueia Constantinopla aos muçulmanos. Nessa cruzada, vai
Umberto de Quéribus, jovem monge de Cister que acompanha o seu abade na suposta
envangelização dessa cidade infiel.
A descrição dessa invasão é impressionante
pela crueldade. A cidade é saqueada durante 3 dias. A matança é perturbadora,
assim como as violações que sucedem em qualquer lado e sem qualquer tipo de
pejo. Matam e destroem monumentos, estátuas e mosaicos antiquíssimos, enquanto pilham
tesouros e relíquias de uma forma insaciável sem qualquer tipo de respeito pela
suposta filosofia que antecede o apelo dessa Cruzada em 1198, tornando-se numa
vergonha para os cristãos. Nunca mais esta fabulosa cidade da Antiguidade se
conseguiu recompor.
Umberto vê-se no meio dessa
loucura e fica extremamente desiludido pela acção dos cristãos e,
principalmente, pela crueldade e ganância do seu Abade que ele considerava imaculado.
Nasce aí uma nova percepção do mundo que o rodeia.
Antes de mais, quero exprimir o
meu fascínio pela escrita de Paloma Sanchez-Garnica. Li o seu primeiro, e penso
que até agora único livro “A Alma das Pedras” e fiquei encantado pela forma
viva como a autora conseguiu construir a época e neste livro repete a dose.
Pese embora esteja a gostar
imenso do percurso de Umberto, confesso que é a época que a autora consegue
criar que me cativa. Uma época marcada pela violência, ausência de valores
éticos e morais, onde as pessoas pertenciam aos seus senhores que tinham sobre
elas o poder da vida e da morte e onde o clero subjugava e ameaçava tudo e
todos. A autora desenha-nos um quotidiano muito intenso, ao ponto de quase
sentirmos os sons e os cheiros. É exímia na descrição dos factos. Sem ser muito
minuciosa e descritiva (o suficiente), relaciona os acontecimentos de uma forma
diria natural, sem qualquer elemento forçado e isso foi algo que notei uma
clara evolução, pois enquanto no seu anterior romance achei a história ou
elementos da história um pouco forçados, aqui isso diminui imenso e há apenas
alguns casos que carecem de alguma justificação ou, se quiserem, de melhor explicação.
No entanto este é o primeiro
volume de dois e aguardo ansiosamente o segundo de forma a saber o que será
feito de Umberto e se o mesmo atingirá os seus objectivos
Um livro excelente que me deu
imenso prazer ler e que me fez sentir presente numa época que muito admiro,
algo que raramente acontece nos muitos romances históricos que li.
2 comentários:
Olá!
Parece ser muito interessante! Estava querendo ler essa série faz um tempinho e agora acho que vou ler =D Quando eu for à portugal irei comprar ^^ sem duvida =D
Oá Helena.
Sinceramente está a ser o melhor romance histórico que li nos últimos anos.
Aconselho sem receios!
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