Aí está uma notícia que vem de encontro aquilo que há algum
tempo ando a dizer em vários locais.
Os blogues são, a par do facebook, um veículo muito mais
útil e interessante que chega a um maior público, um público mais específico,
do que a tradicional publicidade paga a peso de ouro.
Este artigo refere os blogues de moda, mas nas artes e, no
nosso caso, na literatura, isso também se aplica. As editoras continuam
agarradas a antigas noções que uma opinião só deve ser efectuada por críticos
literários devidamente intelectualizadas e chatas que atingem apenas um público
muito especifico. Continuam sem ver que a maioria que lê, são pessoas comuns
que o fazem por prazer e que têm em conta opiniões de outras pessoas como elas.
Pessoalmente acho que quem tem um blogue, que quem tem
trabalho com o mesmo e mantém parcerias com editoras, deve ir pelo caminho
traçado pelos blogues de moda, pois e conforme disse uma vez numa tertúlia na
Bertrand, as nossas opiniões são dadas de uma forma despretensiosa e cuidada
(na maioria dos blogues) e não são meras ofertas de livros que “pagam” a
publicidade que fazemos a todos os livros. Para mim isso é claro e basta-me ver o número de visitantes que o
meu blogue tem no dia e nos dias a seguir a publicar uma opinião.
Temos que nos unir!
16 comentários:
Olá Iceman,
Compreendo a ideia, mas não irá isso destruir o propósito que nos levou a criar os blogs? Eu falo por mim, que não tenho (e já rejeitei) parcerias com editoras e não gosto de publicidade nos blogs, nem gosto daquelas opiniões "a pedido". Atenção que não estou a generalizar e sei bem que não é por ser uma opinião "paga" que ela é menos verdadeira que as outras.
Não posso comparar o meu blog com os vossos blogs que têm imensos seguidores e visitas que nunca mais acabam, mas fazer disto um negócio irá, a meu ver, desvirtualizar algo que é genuíno e interessante.
Boas leituras
Patrícia
Olá Patrícia!
Isso depende do propósito de cada um.
Nota, quando eu criei o meu blog, foi num encadeamento natural de algo que eu já fazia há algum tempo em sites de opiniões e em jornais. Na altura era tudo muito amador, mas constatava que as opiniões influenciavam a compra de livros para várias pessoas.
Desde essa altura a blogosfera evoluiu imenso e, actualmente, faz mais do que influenciar. Ou seja, os blogues tem hoje em dia um papel semelhante ao que as tv's têm nos seus espaços publicitários.
Não é por acaso que se começaram a ver blogues a ser criados unicamente para fazerem publicidade a editoras em trocas de parcerias. Inclusive no último ano viu-se algumas editoras a criarem os seus próprios blogues, e isso quer dizer alguma coisa.
É sempre muito subjectivo, no entanto e mesmo sem parcerias, quando opinamos sobre um livro, estamos logo a fazer publicidade gratuita ao autor e à editora e isso é indesmentível que traz mais valia a ambos, menos aquele que escreve e publicita sobre o livro.
É uma opção, claro que é, mas o querer tornar pago o meu trabalho intelectual de dar opinião, não é menos honesto do trabalho intelectual do tal crítico literário aborrecido ou mesmo do trabalho intelectual do escritor, do revisor, do tradutor ou até mesmo do paginador.
Se todos são pagos, porque é que aqueles que escrevem sobre os livros, que influenciam a compra dos mesmos, que lhes fazem mais publicidade do que as próprias editoras, não o são?
Eu compreendo perfeitamente o teu ponto de vista. E concordo que a blogosfera influencia imensas pessoas e que a blogosfera "vende". Muito.
Mas o que me faz não concordar e, à partida, não aceitar dinheiro para continuar a escrever o meu blog (isto partindo do príncipio que alguem o quereria fazer) é que me falta o profissionalismo necessário para ser uma "crítica literária". As minhas opiniões, sejam elas positivas ou negativas, não têm a qualidade suficiente para serem um negócio. Fazer um post com publicidade a um creme é diferente - gostei, não gostei, a opinião pessoal daquela pessoa vende porque há quem a queira imitar.
Para "vender" um livro, à conta de uma opinião, é necessário (digo eu) algum conhecimento extra.
Pessoalmente eu não o tenho- admito-o sem qualquer problema. Mas quem o tiver, parece-me bem.
E nunca disse que não era honesto ser pago por este tipo de trabalho intelectual. Claro que é honesto. Só não o será se alguém der uma opinião positiva, tendo detestado o livro, só por ser pago para isso.
Olá Iceman, este assunto é bastante interessante e aborda vários aspectos.
Eu acho que se isto acontecesse nos blogues as editoras também teriam de estar preparadas para pagar mesmo quando a opinião é negativa. Porque pode acontecer e é natural que aconteça.
Por exemplo eu tenho parceria com a Presença, já opinei de forma negativa vários livros deles e eles nunca cortaram a parceria, pelo contrário, até já colocaram o link de uma opinião negativa no site deles. Mas será que todas as editoras estão preparadas para aceitar isso? Eu sinceramente acho que não.
Neste momento há imensos blogues (e ainda bem que os há) e o poder de escolha das editoras é enorme. As editoras já vêem nos blogues um excelente meio de divulgação daí as inúmeras parcerias que se tem visto.
Lembras quando criamos os nossos blogues (o teu é mais antigo que o meu) só me lembro de ver parcerias na Estante dos Livros. Ter uma parceria significava muito trabalho, ter um bom blogue, bom no sentido de ter opiniões estruturadas e já ter algum tempo como bloguer...
Conquistar uma parceria era uma trabalheira e uma honra... hoje, bem hoje crias o blogue num dia no outro tens "milhentas" parcerias, desde que estejas disposto a ler o que queres e o que não queres.
Sinceramente eu acho que ter o banner da editora e o link a direcionar o visitante para o local a troco de um livro é pouco. Mas a maioria faz por amor aos livros (falo por mim e por mais alguns)
A ultima "jogada" foi da Wook que paga os afiliados uns míseros centimos por um banner enorme que é visualizado por muita gente, muita gente mesmo!! Esses sim estão a conseguir publicidade completamente grátis e até descarada!
Patrícia,
Mas aí o papel cabe às editoras, ou seja, são as editoras que têm de fazer a escolha entre o trigo e o jóio.
Mas não te esqueças de uma coisas. Opinião é opinião. Obviamente que pode estar bem feita e fundamentada, mas na prática é sempre publicidade gratuita que se dá ao livro, ao seu autor e à sua editora e é isso que eu pretendo ressalvar.
Olá Paula!
As editoras, a meu ver, têm vários caminhos. O mais fácil é ir deixando andar o barco e continuar nesta actual senda de parcerias. Se a coisa evoluir, então as editoras têm mesmo de arriscar e se não quiserem arriscar opiniões contrárias às suas pretensões, então vão ter de começar a dar a ler o livro antes do mesmo ser editado. Dessa forma não arriscavam e não lhes saia caro. Entendes?
Em todo o lado há opiniões contrárias.
Os críticos televisivos, cinematográficos, literários ou culinários, são pagos (e bem) e por vezes dizem mal do que “provaram” e isso não os impede de continuar na indústria.
Agora não misturemos “amor aos livros” e “trabalho intelectual”. Um autor quando escreve, ou pelo menos a maior parte deles, escreve por amor à escrita. Agora questiona se eles gostavam de ver o seu livro usado para ganho das editoras, dos tradutores, etc e eles eram os únicos que nada beneficiavam. Que achas que eles iriam responder?
Eu gosto muito de ler, mas quando escrevo uma opinião, que sei que vai influenciar, positiva ou negativamente muita gente, escrevo-a de uma forma honesta, colocando, muitas vezes, outros conhecimentos que me ajudam a avaliar o livro ou a descobrir outras mensagens do autor. E é isso que é importante ressalvar. Uma opinião é sempre um trabalho intelectual que serve os propósitos, de uma forma grátis, das editoras e dos autores. Isso tem valor e penso que não devemos continuar no romantismo do “amor aos livros”.
Antes também se jogava à bola por amor à camisola, só dessa forma o Eusébio ficou tantos anos no Benfica. As coisas evoluíram.
Olá!
Penso que tocaste num ponto sensível neste artigo.
Criei um blog há muito pouco tempo, blog esse maioritariamente literário, pois a Escrita e a Literatura são, praticamente, as raízes da minha vida. Mas nunca me passou pela cabeça usar o blog para fins publicitários e receber dividendos! Uma coisa tão pessoal (se bem que à distância de um clique), tão minha, a custo de dinheiro... Não o conseguiria fazer.
Não julgo quem o faz, obviamente que não!, apenas é algo que eu não faria. Nisto estou plenamente de acordo com a Patrícia :)
Olá Iceman, a Paula enviou-me o link e sugeriu a leitura, não é que não fosse teu seguidor mas não costume ter ultimamente o feed do blogger como primeira página e isso faz com que perca alguns post muito importantes (o caso deste).
Concordo contigo em tudo que disseste, adoro este teu parágrafo:
"
É uma opção, claro que é, mas o querer tornar pago o meu trabalho intelectual de dar opinião, não é menos honesto do trabalho intelectual do tal crítico literário aborrecido ou mesmo do trabalho intelectual do escritor, do revisor, do tradutor ou até mesmo do paginador.
Se todos são pagos, porque é que aqueles que escrevem sobre os livros, que influenciam a compra dos mesmos, que lhes fazem mais publicidade do que as próprias editoras, não o são?
"
E é uma questão óbvia de todos se juntarem. Não desprezando uns ou menosprezando outros, quando falo todos, falo nos de peso e é claro que me auto-incluo neles, quem me segue tem alguma vaga ideia das visitas e alcance que tenho diariamente ao longo destes quase 3 anos, mas... o meu valor aos olhos das editoras, ou chamando outros nomes como em outras áreas, aos olhos dos "olheiros" o valor do Clube dos Livros, a meu ver, continua a ser zero... mas isto sou eu a afirmar com muita certeza daquilo que digo!!!
Quem lida comigo de forma muito próxima sabe do que falo, e sabe como me tenho sentido e reagido face a situação e valor dos blogues actualmente porque... sim esses mesmos, os cogumelos, que nascem todos os dias são cada vez mais e conseguem coisas que a mim me deixam perplexo!
Bem, mas continuo a ser e a ter o orgulho de poder afirmar que nem a maior parte dos blogues ou sites de revistas literários que sigo, juntos numa soma e bem contados, têm ainda o número de visitas ou mesmo a posição no ranking global de sites, que eu tenho e... nenhum nacional, excluindo Wooks, Bertrands, Fnac's e afins... já tenho dito!
Força e tens o meu apoio!
Estou inteiramente de acordo!!!!!!!!!!!!!
Olá Nádia.
Eu compreendo o teu ponto de vista, assim como compreendo o da Patricia e de quem afirma ser o seu blog o “seu” espacinho.
Mas temos de olhar para os nossos blogues com mais exigência e, acima de tudo, ser mais exigentes.
Clube dos Livros,
Referes factos que entroncam neste post e apraz-me ver alguém que pensa da mesma forma.
Vamos ser honestos connosco próprios e com as pessoas que nos seguem. A maioria dos blogues tem parcerias e todas elas visam a oferta de livros em troca de publicidade.
Desde há uns dois anos para cá, assistiu-se a um nascimento de blogues pior que cogumelos e alguns desde logo com n parcerias e centenas de seguidores. Desde aí, isto de blogar, tornou-se mais “comercial” e menos “pessoal”. Ou seja, percebeu-se que a próprias editoras já viam nos blogues um potencial de publicidade gratuita.
Mais gritante, é ver que a grande maioria desses blogues é praticamente pura publicidade. Opiniões são péssimas, mal fundamentadas, a maioria apenas uma extensão da sinopse e pouco mais. Ou seja, são blogues meramente publicitários ao serviço das editoras com a finalidade de receber livros gratuitamente. Apenas isso!
Agora penso que temos dois caminhos: Ou continuamos a expressar a nossa opinião de uma forma gratuita, por amor aos livros, ou enveredamos por um trajecto mais profissional, pois continuo a insistir: no meio livreiro todos são pagos, menos aqueles que expressam a sua opinião nos blogues e que dão a maior publicidade às editoras e aos autores.
Um ponto muito importante. O nosso valor é zero para as editoras. Ora bem, não concordo a 100%. Penso que anda perto dos 0, mas noto alguma preocupação de algumas editoras em perceber a minha opinião sobre alguns livros, sobretudo as grandes apostas. No entanto é um facto que as editoras ainda não perceberem bem a importância dos blogues ou, pelo menos, continuam a menospreza-los. No entanto, a culpa disso não está nesses blogues publicitários que surgiram apenas com um fim? As editoras não se aperceberam que era apenas isso que os bloggers desejavam?
Por isso, penso que está por nossa conta termos mais importância.
Quando referes blogues comerciais, eu LEIO blogues que espalham bem (dentro do que conseguem e alcançam) a publicidade de um livro, mas o meu cérebro processa "blogues que recebem livros para depois vende-los ou trocar por outras dezenas de livros que não compram, e matando o mercado"
Aos meus olhos sou sincero e poderia abrir mais o livro e continuar a desbobinar aquilo que se passa na maior parte dos blogues, mas sou aos olhos dos outros acho que sou bruto e com manias na forma que vejo as coisas e um alvo a abater.
Pode e deverá partir de nós a acção, eu tenho passatempos de vez em quando e compro livros e mais livros, e já comprei livros propositadamente para oferecer, porque sei que do outro lado existem pessoas que infelizmente gostam e queriam, e não podem comprar.
Quanto ao fazer render o blogue, não vejo nada contra, porque se queres um flyer, um cartaz, um panfleto pagas e se calhar não tens o mesmo alcance que tens com o teu blogue (falo em concreto do meu e mais alguns que sei número através de serviços de estatísticas on-line).
Se tenho o blogue, se tenho despesa com ele anual ou mensalmente com alojamentos ou domínios e envios de livros de passatempos que ficam por minha conta em muitos dos casos, porque não poder ou ter direito de ir recuperar esse valor?
Eu gostava, mas nem com a publicidade que tem no blogue, recuperei o que já investi lá, já para não falar do tempo que perco em fazer códigos HTML / XML para modificar certas coisas, e tempo que ofereço ao meu hobbie a actualiza-lo, onde deixo de poder desenvolver outras coisas que me dariam dinheiro.
Quanto a este assunto tenho a minha opinião aqui: http://branmorrighan.blogspot.com/2012/12/opiniao-blog-morrighan-ser-blogger-nos.html
Já escrevi isto no início de Dezembro. Apesar de não estar directamente relacionado com o que dizes, bem, acho que complementa.
Morrighan,
li o teu post e ele entronca na generalidade do que eu aqui escrevi.
Acho importante não perdermos a nossa identidade, mas também já é hora de separar o trigo do jóio e distanciar os nossos blogues daqueles blogues "cogumelos", entendes?
Sofia, não conhecia o teu post e realmente é também algo que comentei neste post... engraçado que isto vai ao encontro do que eu estava a dizer dos cogumelos!
Iceman sim, ten razão no que acabas de afirmar!
Clube dos Livros,
na tertúlia na Bertrand, onde estiveram mais dois blogues e outros bloggers na assistência, referiu-se o facto de haver gente que anda a receber livros para depois os andar a vender. Isso é grave e apanhou-me de surpresa pois desconhecia o facto.
Confesso que investiguei um pouco e descobri uns sites que me pareceram fazer isso, um deles até era engraçado a "sua" opinião. Tinha umas quatro linhas e não dizia nada, ou seja, era simplesmente a sinopse com outras palavras. Inclusivé deixei uns comentários pouco simpáticos. Foram eliminados, mas o certo é que esse blog tinha mais de mil seguidores e todas as semanas tinham passatempos.
É isso que as pessoas procuram?
Não sei, mas sei que temos de separar o trigo do jóio. Há blogues de enorme qualidade em que as opiniões são honestas e bem construidas. São esses blogues que devem ser referência.
Uma vez mais registo que há alguém que pense como eu e temos de começar a desbravar caminho pois, e sem perder a nossa identidade, continuo a dizer: Se todos ganham com o livro, porquê que aqueles que mais influenciam, não ganham?
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