Amigo pessoal de grande vultos da cultura francesa como Moliére e Racine, La Fontaine acaba por conseguir a protecção de Fouquet, poderoso ministro de Luís XIV (Rei Sol). No entanto, e desconhecem-se as razões, acaba por cair em desgraça alguns anos depois, sendo mesmo preso pelos mosqueteiros que tinham a capitaneá-los um tal de D’Artagnan, pelo menos é o que consta na História.
Mas tirando a sua vida pessoal que muito ainda tem para referir, La Fontaine ganhou notoriedade no seu tempo e fama para a posteridade devido às fábulas que escreveu.
Os primeiro livros de fábulas surgem em 1668 inspiradas nos textos de Esopo e Fedro, pois as fábulas remontam à antiguidade grega e até indiana, e é um tipo de narrativa alegórica em verso – ou quase sempre – que põe em evidência certas características humanas, tais como a vaidade, a arrogância, a ganância, a violência, o egoísmo, hipocrisia, etc. assim, as fábulas “pegando” nessas tais características, dão-nos uma lição moral muito simples mas cheia de significado.
E La Fontaine teve a inteligência e o bom senso de as introduzir na literatura ocidental, adaptando alguns contos populares franceses e situações correntes, ele adaptou de uma forma crítica, não raras vezes irónica mas sempre de uma forma inteligente e irreverente, irreverência essa que, curiosamente, lhe valeu o apreço de todas as classes sociais e que ainda hoje são dignas desses apreço. E é curioso analisar-se o porquê desse apreço.
Independentemente de existirem muitas outras informações, entre as quais, e é importante referir, as primeiras fábulas são escritas propositadamente para o Delfim e para as restantes crianças da côrte, La Fontaine serviu-se sempre dos animais para mostrar aos Homens a imagem da virtude, da tolice e outros “vícios” ridículos, assim como vários aspectos da própria sociedade francesa da altura, pois é facilmente perceptível algumas denúncias às misérias e abissais injustiças que pululavam na época.
Mas La Fontaine escreveu muitas fábulas. Algumas delas são bem conhecidas e ainda hoje ocupam um lugar muito especial no imaginário Humano, não apenas pela mensagem moral, como também porque facilmente as podemos empregar no nosso dia-a-dia.: ”O lobo e a raposa”; “A galinha dos ovos de ouro”; “A cigarra e a formiga”; “O leão e o rato”; “A água e a coruja”; “A rã invejosa”; “A vendedora de leite”, entre tantas outras.
Verdadeiro manancial educativo, as Fábulas de La Fontaine, que inclusivamente chegaram a ser traduzidas por Bocage, representam uma forma de sabedoria e conhecimento principalmente para os mais novos que, através de um universo aparentemente idílico, começam a conhecer o mundo e a pérfida natureza humana.
Em todas as suas fábulas podemos tirar conclusões e descobrir o que cada animal representa e o que significa cada acção e cada lógica.
É uma obra que recomendo a todos, principalmente que tiver filhos(as), sobrinhos(as), irmãos, irmãs, netos ou netas, pois assim e de uma forma simples e fácil, as crianças poderão ganhar consciência do mundo e da civilização.”
CITAÇÕES DE LA FONTAINE
”a avareza perde tudo ao pretender tudo ganhar”. “Arriscamo-nos a perder tudo quando queremos ganhar demais”.
“Quem julga caçar é caçado”.
“É um prazer dobrado enganar quem engana”.
“Paciência e tempo dão mais resultado do que força e raiva”.
“Correr não adianta. É preciso partir a tempo”.
“Todo o adulador vive à custa de quem o escuta”.
“Não julguem ninguém apenas pelas aparências”.
Umas das grandes obras literárias de sempre.
4 comentários:
Olá Iceman :)
Este é um daqueles livros obrigatórios e que por mais que pensemos já conhecer a maioria das histórias, acaba por se revelar diferente a cada altura da vida que as lemos.
Tal como os Contos de Hans Christian Anderson que embora escritos numa vertente menos moralista, não deixam de ser histórias lindíssimas.
Excelente sugestão ;)
Sem dúvida, cada vez me sinto mais interessado por estes livros de fábulas e contos, destes autores de grande renome!
E embora conheça as histórias, gostaria de ter em casa o livro na íntegra...
Parabéns pelo comentário. É realmente uma leitura obrigatória e que por muitas vezes acabei deixando passar...Mas, vou com certeza mudar isso, obrigada pelo incentivo ;)
Abraço
Lili
Ainda por cima, tem a vantagem de ser do domínio público, ou seja é mais fácil de arranjar na internet, para se ler num e-reader.
Enviar um comentário