terça-feira, 20 de setembro de 2016

Bíblia de Barro (A) – Júlia Navarro



Antes do início da 2ª Guerra Mundial, são encontradas junto da antiga cidade de Ur, no Iraque, duas placas de argila assinadas por um tal de Shamas cuja existência é completamente desconhecida nos meios arqueológicos. O interesse dessas duas placas é que contêm o registo da intensão de narrar a criação do Mundo ditada pelo próprio Abraão, ou seja, ali está explícito que Abraão irá narrar como Deus criou o mundo, algo que a ser verdade, será um dos maiores feitos arqueológicos de sempre, pois para além de estarmos na presença de uma narrativa mais antiga que a Bíblia (e que esteve na sua origem), é a prova efectiva da existência de Abraão, algo que, até à data não se conseguiu provar.

No centro dessa descoberta está uma figura imponente chamada Alfred Tannenberg que, já numa idade avançada e nos dias de hoje, continua atrás do objectivo de descobrir aquilo que ele acredita que existe algures soterrado nas areias do deserto, placas em barro que contém o relato da criação do mundo que denomina: A Bíblia de Barro.

Devido à sua idade avançada e ao facto de se encontrar gravemente doente, entrega a incumbência desse achado à sua neta, Clara Tannenberg, também ela arqueóloga e que cresceu sob o sonho do avô, no entanto o que até poderia parecer simples transforma-se numa corrida contra o tempo, pois sabe-se que os americanos vão invadir o Iraque a fim de destituir Saddam Hussein e a equipa constituída por Clara e pelo marido, ele próprio um importante arqueólogo iraquiano, tem pouco tempo para encontrar algo que nem sequer se sabe se de facto existe.

No meio disto tudo há vários personagens que simplesmente querem ver Alfred morto e outros que pretendem ficar com as placas se elas forem descobertas. Vários personagens são assim lançados na acção, começando nós próprios a perceber que Alfred é uma figura poderosa e temível, para além de muito bem relacionado no círculo íntimo de Saddam Hussein, no entanto o mistério vai-se adensando à medida que a narrativa se desenvolve, porquê do ódio que alguns personagens têm a Alfred a ponto de o denominarem: “O Monstro”?

Essa resposta está encerrada no passado comum de vários deles e a autora é de facto exímia em construir um thriller que nos agarra página a página sem nunca nos cansar, pese embora e na minha opinião, considere o livro algo longo e com várias factos desnecessários que trazem pouco ou nada à acção, no entanto nenhuma pergunta fica sem resposta e todos os nós que a autora vai dando, acaba por os desatar à medida que o epílogo se aproxima.

Júlia Navarro é uma autora que aprecio. Confesso que estou cansado deste género de thrillers  e que prefiro o estilo dos seus últimos registos, mas esta obra é de facto muito boa, sobretudo para quem goste de História e thrillers, pois a autora sabe-os misturar com mestria.


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