Antes
do início da 2ª Guerra Mundial, são encontradas junto da antiga cidade de Ur,
no Iraque, duas placas de argila assinadas por um tal de Shamas cuja existência
é completamente desconhecida nos meios arqueológicos. O interesse dessas duas
placas é que contêm o registo da intensão de narrar a criação do Mundo ditada
pelo próprio Abraão, ou seja, ali está explícito que Abraão irá narrar como
Deus criou o mundo, algo que a ser verdade, será um dos maiores feitos
arqueológicos de sempre, pois para além de estarmos na presença de uma
narrativa mais antiga que a Bíblia (e que esteve na sua origem), é a prova efectiva
da existência de Abraão, algo que, até à data não se conseguiu provar.
No
centro dessa descoberta está uma figura imponente chamada Alfred Tannenberg
que, já numa idade avançada e nos dias de hoje, continua atrás do objectivo de
descobrir aquilo que ele acredita que existe algures soterrado nas areias do
deserto, placas em barro que contém o relato da criação do mundo que denomina: A
Bíblia de Barro.
Devido
à sua idade avançada e ao facto de se encontrar gravemente doente, entrega a incumbência
desse achado à sua neta, Clara Tannenberg, também ela arqueóloga e que cresceu
sob o sonho do avô, no entanto o que até poderia parecer simples transforma-se
numa corrida contra o tempo, pois sabe-se que os americanos vão invadir o
Iraque a fim de destituir Saddam Hussein e a equipa constituída por Clara e pelo
marido, ele próprio um importante arqueólogo iraquiano, tem pouco tempo para
encontrar algo que nem sequer se sabe se de facto existe.
No
meio disto tudo há vários personagens que simplesmente querem ver Alfred morto
e outros que pretendem ficar com as placas se elas forem descobertas. Vários
personagens são assim lançados na acção, começando nós próprios a perceber que
Alfred é uma figura poderosa e temível, para além de muito bem relacionado no círculo
íntimo de Saddam Hussein, no entanto o mistério vai-se adensando à medida que a
narrativa se desenvolve, porquê do ódio que alguns personagens têm a Alfred a
ponto de o denominarem: “O Monstro”?
Essa
resposta está encerrada no passado comum de vários deles e a autora é de facto
exímia em construir um thriller que nos agarra página a página sem nunca nos
cansar, pese embora e na minha opinião, considere o livro algo longo e com
várias factos desnecessários que trazem pouco ou nada à acção, no entanto
nenhuma pergunta fica sem resposta e todos os nós que a autora vai dando, acaba
por os desatar à medida que o epílogo se aproxima.
Júlia
Navarro é uma autora que aprecio. Confesso que estou cansado deste género de thrillers e que prefiro o estilo dos seus últimos
registos, mas esta obra é de facto muito boa, sobretudo para quem goste de
História e thrillers, pois a autora sabe-os misturar com mestria.
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