Confesso
que tenho andado numa maré de thrillers/policiais. Embora não seja um grande fã
do género, sobretudo porque poucos são aqueles, livros, que têm o condão de me
surpreender, deparando-me quase sempre com histórias muito similares, com um
assassino psicopata, o respectivo detective, pistas e mais pistas onde muitas
delas não dão em nada, apenas servindo para criar enredo, enfim, quase sempre
me deparo com uma mão cheia de nada e são raros os livros do género que me
surpreendem. No entanto, há alturas em que gosto de me dedicar a alguns livros
do género cujas opiniões são boas e eis-me na posse de um deles.
Porém,
confesso também que logo na sinopse houve algo que me fez franzir o nariz. Já
li muitas centenas de livros e posso dizer que é sempre de desconfiar quando
constatamos que um livro é comparado a algum best-seller ou, pior, quando é
comparado a algum escritor de craveira universal e, neste caso, desconfiei
quando na sinopse referia: “este romance
evoca o ambiente clássico dos policiais de Agatha Christie: um ritmo que
aumenta gradualmente de tensão, a sensação de perigo iminente e um conjunto de
suspeitos reunidos num único lugar”. Claramente colando-se à obra lendária
de Christie como é o “Crime no Expresso do Oriente”, só que desta vez, num
barco.
Mas
enfim, lá iniciei a leitura do livro e efectivamente não gostei, achei-o mesmo
muito fraco e com um argumento perfeitamente decifrável.
Primeiro
de tudo e embora o livro até comece de uma forma muito boa, mas que,
sinceramente, não entendi a sua lógica, pois esse início é repetido exaustivamente
como forma de apresentar um inquestionável trauma, mas um terço do livro é uma
profunda travessia do deserto. Das quase trezentas páginas, só por volta da
página cem é que a história começa a ter algum interesse, de resto são cem
páginas de um longo bocejo.
Depois
e não querendo entrar nos acontecimentos, para isso basta ler a sua sinopse e é
algo que raramente faço, toda o enredo surge um pouco aos soluços, ficando por
explicar alguns factos que a autora vai espalhando e que, pura e simplesmente,
manda às malvas a partir de certo momento. Ou seja, quem e para quê surgiram
determinados personagens? Para criar confusão? Pois bem, aceitaria, desde que a
autora, tal como fazia Christie, explicasse. Para quê estar insistentemente a
recordar o passado da personagem principal quando, na sua essência, de nada
servem? Para criar uma ideia falsa ao leitor? Aceito, desde que no final a
mesma explicasse.
Em
suma, não me vou alongar muito porque não me apetece escrever mais sobre o
livro, pois às tantas fiquei cheio de vontade de o acabar e, confesso, que as
últimas cinquenta páginas, foram um suplício.
Só
mais um pormenor. Na capa da edição portuguesa surge um navio cruzeiro de
grande porte. Pois bem, a partir da página cem, quando finalmente chega ao
navio, constatamos que se trata de um cruzeiro pequeno que leva umas vinte
pessoas.
Pois!
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