Considerado, quase unanimemente,
como um dos gurus da ficção científica distópica, ou seja, um misto de ficção
científica e distopia, Philip K. Dick foi um autor controverso que escreveu
dezenas de obras num tom provocador, criando, em quase todas elas, uma
realidade alternativa e misturando factos científicos que, há data, eram únicos
no contexto literário.
Pessoalmente era um autor que há
muito tinha referenciado e este “O Homem do Castelo Alto” um livro, considerado
por muitos como uma das suas maiores obras, que estava na minha lista e,
honestamente, fiquei com um misto de sensações que dificilmente consigo
exprimir.
Ou seja, não vou aqui dizer que
adorei o livro, não, não adorei. No entanto também não desgostei e prova disso
é que não desisti da sua leitura, empreendendo essa tarefa até ao fim, sendo
que o seu epílogo me deixou com uma sensação de vazio por estar à espera de uma
obra melhor.
Primeiro, a edição que possuo, conta
um extenso ensaio de Nuno Rogeiro (é logo um terço do volume) sobre o autor e a
sua obra. Dessa forma, situa-nos e consegue dar-nos uma perspetiva da obra
geral do autor e mais importante, da sua intenção e densidade psicológica e social.
Assim, compreendemos que o autor teve sempre um objectivo bem definido em cada
obra escrita, em simultâneo, percebemos que a presente obra não é de todo a
mais representativa do autor.
Em o “Homem do Castelo Alto”,
obra efectivamente distópica que chega a roçar a sátira, os Estados Unidos e
seus aliados perderam a 2ª Guerra Mundial e os nazis dividiram o planeta com os
japoneses. Se por um lado isso é-nos logo dito, ficamos também a saber que logo
depois do fim da guerra, os nazis trataram de dizimar os povos em África, transformando
aquele continente num deserto. Mas vai muito mais longe, explica, até de forma
muito coerente, ou seja, é uma “realidade” que poderia ter sido perfeitamente possível,
do porquê dos aliados terem perdido a guerra, do porquê da URSS ter ruido em
1941 e da exterminação dos povos. Ou seja, uma realidade alternativa que
poderia ter sido a real caso os alemães tivessem vencido o conflito de
1939-1945.
Em todo este cenário arrepiante,
eis que um livro, escrito pelo Homem do castelo Alto, uma personagem misteriosa
e solitária, descreve um mundo onde quem venceu foi os aliados e de como o
mundo poderia ser e somos assim confrontados com duas realidades diametralmente
opostas.
Achei a obra muito interessante
pela forma realista como o autor conseguiu criar essa realidade paralela e que,
se não fossem alguns “acasos”, poderia ser mesmo a nossa realidade, mas
confesso que o livro me foi aborrecendo à medida que ia desbravando a suas
folhas sem que, mesmo assim, tivesse desistido porque queria saber como tudo
iria acabar.
Não desgostei mas também não foi
daquelas distopias que me fascinaram e que um dia irei reler.
Aconselhável para quem gosta do
género e quem tenha curiosidade em conhecer uma alternativa muito bem criada, à
nossa realidade que, efetivamente, só foi possível devido à vitória dos aliados
na 2ª Guerra Mundial.
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