Jean-Paul
Dubois é um conhecido jornalista e autor de diversos romances de sucesso em
França que tem nesta obra “Uma Vida Francesa” o seu maior sucesso e aquele que
lhe deu em 2004 o prémio Femina, um dos maiores galardões literários franceses.
A
história é simples, tratando-se, simplesmente, da história de uma típica
família francesa com todas as vicissitudes e idiossincrasias dos seus membros e
do que os rodeiam. No entanto, debaixo dessa aparente singeleza, o autor
traça-nos a História de França dos últimos 50 anos e, quanto a mim, essa é a
principal beleza do romance.
Dividido
em capítulos que correspondem a cada um dos presidentes da república, surge-nos
Paul Blick, uma criança que acaba de perder o irmão mais velho. O mote é
lançado com esta ocorrência, ficando sempre no ar que Paul sofre do síndroma de
Peter Pan, recusando-se a crescer e a encarar a vida adulta.
A
partir daí Paul sente que a vida familiar se desmorona. Os pais caem numa
letargia que irá durar toda a vida e Paul acaba por descobrir, ou ir
descobrindo o mundo por conta própria.
Assim,
numa escrita fluída que nos agarra logo desde as primeira páginas, Jean-Paul
Dubois constrói um anti-herói, uma criança, um adolescente, um jovem e adulto
que nunca cresce, mas que vê as “coisas” evoluírem à sua volta, “coisas” essas que
acabam por montar um mosaico da sociedade francesa dos últimos 50 anos.
Cada
capítulo representa uma evolução. Sendo dividido por presidentes, em todos
esses mandatos são visíveis as mudanças e mentalidade que marcam esses tempos. O
autor vai expondo então as suas percepções e críticas às políticas socio-económicas,
em simultâneo que são perceptíveis os seus desencantos com a classe política.
Um
romance belíssimo, tocante, terno e divertido, onde a sensibilidade flui página
a página, acabando nós mesmos por nos sentirmos identificados com o
protagonista, pois todos nós temos uma vida, boa ou má, mas uma vida.
2 comentários:
Apesar deste livro já ter alguns anitos, pareceu-me bastante interessante!
Adoro livros que conjugam a vida dos personagens com a História real das coisas (neste caso da França).
Bjinhos e continuação de boas leituras!
Sandra
Olá Sandra.
Sim, confesso que gosto imenso de livros que consigam interligar o quotidiano com a História do lugar. Este está muito bem conseguido.
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