quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O Pior Livro - "Child of the Phoenix" de Barbara Erskin e "Circle of Stones" de Anna Lee Waldo



Cristina Torrão, do blog "Andanças Medievais", que muito aprecio e escritora dos brilhantes romances históricos "Afonso Henriques, o Homem" e "D. Dinis - A quem chamaram o Lavrador", para além do seu primeiro romance histórico intitulado "A Cruz de Esmeraldas", aceitou, para minha alegria, o meu convite para nomear o pior livro que leu até à data, eis a sua apreciação:
O Pior Livro
 
Por mais que desse voltas à cabeça, não me consegui lembrar de um livro que possa apontar como o pior que li, por isso, e sendo apreciadora e escritora de romances históricos, resolvi falar do que não gosto de encontrar num romance histórico, dando, como exemplos, dois livros que me ficaram na memória pelas piores razões.

Em primeiro lugar, não aprecio aspetos fantásticos num romance histórico. Excluo deste pressuposto obras que assumem pertencer ao domínio do fantástico e outras em que é impossível separar a História da magia, como é o caso da saga do Rei Artur. O que não me agrada é quando um livro se intitula de romance histórico e comece a enveredar pelos caminhos do fantástico, criando situações inverosímeis. Li, há vários anos, Child of the Phoenix, de Barbara Erskine, que se baseia na vida de duas damas da Idade Média, que a autora considera que podia ter sido só uma. É certo que as vidas das mulheres medievais não se encontram bem documentadas, sendo quase sempre impossível averiguar, por exemplo, as suas datas de nascimento e de morte. Mas considerar que determinada senhora, em vez de ter morrido com quarenta e tal anos, enveredasse numa segunda vida, em que fez novo casamento, deu à luz um filho já depois de ter passado os cinquenta, traiu o marido com cerca de setenta e morreu com mais de noventa, tudo isto com a ajuda de poderes misteriosos, parece-me bastante despropositado na época medieval e num livro que se assume como romance histórico. De Barbara Erskine, encontrei, na WOOK, um único título português: A Princesa Guerreira. Já agora, se surgir aqui alguém que conheça esta obra, agradecia que desse a sua opinião. Até pode ser que tenha gostado, eu é que fiquei sem vontade de ler mais livros desta autora.

Um outro aspeto que não me agrada (e não só em romances históricos) é quando o enredo muda de rumo sem resolver as pontas soltas que deixou num primeiro momento, como se, de repente, começássemos a ler outro livro. Foi essa a sensação que tive ao ler Ring der Steine, de Anna Lee Waldo, versão alemã de Circle of Stones, do qual encontrei, na WOOK, uma versão em castelhano: Circulo de Piedras. A obra baseia-se na lenda de um galês chamado Madoc que terá chegado à América três séculos antes de Colombo. O livro, porém, não soube explorar este admirável potencial. Começa de maneira interessante, com a mãe de Madoc, amante do príncipe galês Owain, a partir para a Irlanda, depois do nascimento do filho, onde aprende as artes mágicas dos druidas. Desenvolve-se um enredo atraente, mas, a partir do momento em que Madoc parte para a sua viagem, tudo isso é esquecido e o livro torna-se exaustivo. Li-o há cerca de dez anos e já não me lembro de pormenores, só sei que estive várias vezes para o largar e nem estou certa de ter atingido a última página.



3 comentários:

NLivros disse...

Concordo com o que referes nos dois casos.
Pessoalmente adoro Romances Históricos e não gosto de fantasia porque me aborrece de morte as cenas de magias e afins.
Também já fui enganado por diversas vezes por supostos romances históricos com fortissimos componentes fantásticos. Recordo-me de um que até estava a ser interessante até que a autora decidiu que tudo aquilo era obra de extraterrestres. Enfim.
Em todo o caso há também muitos casos que são mal classificadas pelas editoras ou classificadas erradamente de uma forma propositada.
Depois há imensos casos em que os acontecimentos são abondonados sem qualquer explicação. A meu ver isso é uma falta de consideração pelo leitor.
No entanto tenho sempre algo em mente quando estou a ler um romance. Tudo aquilo é ficção. O autor não tem a obrigação de contar a realidade, mas sim ficcionar dados da realidade, dando-lhe, contudo, uma forma coerente e, de alguma forma, realista. Pessoalmente encontro isso em Bernard Cornwell. O homem pega em temas cuja informação é reduzida e consegue construir histórias coerentes e incrivelmente excitantes e reais. Tudo é ficção envolta em acontecimentos reais.

Cristina Torrão disse...

Do que li de Bernard Cornwell, a sua versão muito especial da saga do rei Artur, também gostei muito.

Foi uma boa ideia teres ilustrado o texto com as capas dos livros ;)

NLivros disse...

De Cornwell apenas não li a série Sharp, nem pretendo ler. É o autor que mais aprecio, impressionante a forma viva como consegue construir os seus tramas.