Depois de arrastar a leitura, finalmente
terminei de ler este segundo volume da trilogia “O Século” que Ken Follett se
propôs a escrever.
Embora
tenha encontrado diversos defeitos, reconheço que gostei do primeiro volume, A
Queda dos Gigantes, volume esse que reli aquando da compra deste segundo volume
que pretendo aqui comentar.
Conforme
refiro na opinião do anterior volume, Ken Follett parece pretender escrever uma
mega-obra que abranja todo o século XX, pelo menos traçar um trajecto
envolvendo famílias de vários países que se vão interligando numa teia pouco
complexa que, por vezes, chega a roçar o infantil de tão simples que é.
Para
além de ser insanamente ambicioso, pois meus caros e caras amigas, Ken Follett
é um autor de puro entretenimento que não sabe escrever, porque, para além de
não conseguir desenvolver as teias complexas de relações humanas e
socio-culturais-políticas-históricas que ele próprio cria, desenvencilha-se
dessas frágeis teias de uma forma quase anedótica, tornando a acção
praticamente previsível desde o seu início. Depois, não se compreende como é
possível dar tão pouca a atenção a pormenores vitais que influenciam o
desenrolar da história, menosprezando mesmo factos históricos que tiveram
influência directa no desenrolar dos acontecimentos, mandando “às urtigas” o trajecto
das personagens que ele próprio cria, situando e transportando essas
personagens de um lado para o outro de uma forma medíocre, sem coerência até
com as situações político-sociais dos países em causa.
Confesso
que fiquei desiludido com este volume. De início achei-o interessante, pois
inicia-se poucos anos após o termino do volume anterior, ou seja, no pós
Primeira Grande Guerra. Constatamos no estado deplorável em que se encontrava a
Alemanha que, dessa forma, ganha bases para o surgimento do Nacional-Socialismo.
Em
parte Follett situa-nos de uma forma razoável e, para quem nada sabe
sobre a época, penso que é aceitável o desenvolvimento do contexto que origina
a Segunda Grande Guerra. Porém tem um trabalho mau no desenvolvimento dos
personagens e sobretudo na coerência com que os trata e os envolve.
Os
personagens do primeiro volume, como se esperava, passam agora para segundo plano.
Eu entendo isso e aceito-o, no entanto, não seria necessário depreciar tanto os
“velhos” personagens a ponto de alguns deles surgirem apenas como acessório.
Recordo-me, por exemplo, de Billy Williams que no primeiro volume tem um papel
fundamental. Neste segundo volume, pese embora seja deputado e chegue a
ministro, tem um papel insignificante, sendo mencionado umas dez vezes em mais
de oitocentas páginas. E como ele, acontece com a maioria dos “velhos”
personagens, alguns deles morrendo até de uma forma estúpida e inglória, sendo
depois descrita como sendo para “bem do futuro”. Estúpido!
E
enfim, é apenas puro entretenimento comercial.
6 comentários:
Tenho este livro e o anterior para ler, mas acho que não vou com grandes expectativas para a leitura. De facto, já com "Os Pilares da Terra" achei que o Ken Follett não era assim um escritor magnífico, apesar de muita gente parece achar o contrário.
Olá Célia.
Follett é um escritor puramente comercial que sabe a formula para vender muitos livros. Como ele há vários, sempre com best-sellers mas cujo conteúdo é fraco mas que, e isso é inegável, entretém.
É objectivo, pouco ou nada descritivo, não perde muito tempo a explicar a política e o contexto socio-cultural, o que torna o livro corrido. Aposta sobretudo nas relações humanas, construindo enredos onde mistura sexo, amor, traições, amizade e inimizade. Nada de mais, o básico, mas vende que se farta e está milionário com o seu trabalho. Não o levo a mal nem critico quem o adora, mas quando se lê tantos livros como é o nosso caso, acho que temos o direito de separar o trigo do joio.
Olá Iceman,
Também li este livro e o anterior. Gostei mais do anterior, embora tivesse achado que realmente Ken Follet tentava recriar um Guerra e Paz, mas o certo é que não chega nem perto nem longe.
Este segundo volume da trilogia gostei ainda menos que o anterior. Não nos traz nada de novo.
Olá Paula!
Sim, parece que de facto o homem quer fazer algo como Guerra e Paz, mas se o quer, é doido!
Eu fiquei decepcionado. Confesso que gostei das primeiras páginas, mas depois começou a salganhada dos personagens e, kaput.
Olá, Iceman.
O meu único contacto com a escrita de Follett deu-se com O Estilete Assassino. A sua escrita nessa obra foi bastante previsível e pouco credível. As tuas palavras, que referem a comercialidade da sua fórmula fazem, à luz do único livro que li, todo o sentido.
Li já diversas opiniões de que no registo histórico Follett apresenta mais qualidade do que nas obras de acção ou aventura mas repito que não tenho bases para poder falar por mim e no que ao meu parecer diz respeito a tua opinião faz todo o eco daquilo que eu próprio senti com O Estilete Assassino.
Boas leituras.
Um abraço.
Eu adorei "Os Pilares da Terra". Comercial ou não, fiquei mais do que agarrado àqueles livros. É um autêntico nunca-mais-acaba de complicações antes de todos viverem felizes para sempre, mas lembro-me como me deixou totalmente apaixonado pelas personagens, totalmente.
E suponho que por vezes isso é suficiente. Quando é bem feito.
Entretanto li outro livro dele, sobre a Segunda Guerra Mundial, mas não gostei nada. Ainda nem sequer comprei o primeiro livro desta trilogia. A curiosidade mantém-se.
Enviar um comentário