quinta-feira, 16 de maio de 2013

Rebelde – Crónicas de Starbuck (I) – Bernard Cornwell


Mais um livro que me levou uma eternidade a ler, não só porque o meu tempo para dedicar à leitura já não é o mesmo e porque, também e estranhamente, este livro, ou pelo menos este primeiro volume desta trilogia, não me cativou, aborreceu-me mesmo.

Muitos sabem o quanto admiro a escrita de Bernard Cornwell. Exceptuando os inúmeros livros da saga Sharpe, penso que já li tudo o que ele escreveu e, embora tenha gostado mais de uns do que de outros, fascina-me sempre a forma viva como Cornwell “pinta” os cenários históricos que cria, a forma realista como descreve batalhas e quotidianos há muito perdidos na História.

Nesta presente saga, Bernard Cornwell situa a acção em 1861 em pleno início da Guerra Civil Americana. De um lado os Estados Confederados do Sul e do outro, os Estados Unidos do Norte. De notar ser este o contexto, no entanto e neste primeiro volume, Cornwell nunca se debruça sobre questões políticas, ou seja, quem não souber do porquê deste conflito, nada vai ficar a saber.

O herói dá pelo nome de Nathaniel Starbuck. Nascido no norte, filho de um pregador anti esclavagista, foge para o Sul atrás de uma prostituta por quem se apaixona, no entanto, vê-se nas mãos de um bando de sulistas que o querem linchar. É salvo pelo excêntrico Washington Faulconer que o convida a incorporar um regimento de tropas para combater os yankees. Starbuck vê-se assim diante de um dilema: ao alistar-se nas tropas do sul, vai combater as tropas do seu país, arriscando-se a encarar no campo de batalha o seu irmão e amigos.

Pese embora o estilo de Cornwell esteja lá. A forma objectiva, directa e realista, o certo é que ele perde-se na descrição da composição do regimento Faulconer, assim como em pormenores da excentricidade desse personagem. De princípio ao fim, a personagem de Nathaniel não é muito credível. Ou seja, jamais consegue ter aquele carisma que os principais personagens de Cornwell têm. Não é muito coerente a sua forma de agir, nem lógico as causas que o levam a tomar parte de um lado que não é o seu. Depois, um dos principais pormenores das obras de Cornwell, é ter sempre um personagem forte que combate como um leão e que inspira nos seus inimigos temor. Com Nathaniel isso não acontece. Pouco mais do que um miúdo, ele próprio não sabe bem o que anda ali a fazer e, na única batalha que este volume descreve, Nathaniel assume uma postura e age de uma forma estranha.

Algo que também não apreciei, foi a quase ausência de cenas de violência militar. Ou seja, qualquer livro de Cornwell é semeado abundantemente de cenas de batalhas ou de conflitos extremamente violentos e reais. Aqui isso não se passa. Exceptuando uma ou outra escaramuça, apenas nas últimas páginas surge uma batalha entre os dois exércitos. Claro que escorre então muito sangue, homens e cavalos esventrados, etc e tal, mas o certo é que não chega para elevar este livro a um dos melhores deste autor que, pessoalmente, é um dos melhores do gênero histórico.

2 comentários:

Ana/Jorge/Rafa disse...

Boas! Já li várias obras do Cornwell e a opinião com que fiquei foi que ele se sai melhor em cenários mais medievais, com batalhas de espadas e afins; quando li "O Forte", também num cenário semelhante, não me cativou nada pelo excesso de pormenores tácticos e falta das descrições de batalhas que ele faz tão bem.

Jorge

NLivros disse...

Ora aí está na mouche.
É precisamente isso que eu acho. Em cenários medievais, Cornwell sente-se como peixe em água. A época em si encaixa-se melhor no seu estilo.
Quando ele muda o cenário, o interesse cai um pouquinho porque os cenários de violência já não são tão comuns.