segunda-feira, 8 de julho de 2013

Grandes Esperanças - Charles Dickens

Dado à estampa em folhetins em 1860, Grandes Esperanças é tido como o romance mais sério de Charles Dickens e aquele onde o autor procurou abordar vários temas e estilos. Durante a sua leitura, de facto, constatamos que o autor procura construir uma sátira humorística mesclada de policial que roça, inclusive, o thriller psicológico.

De Charles Dickens já li as suas principais obras e, confesso, esta foi a que menos gostei.

O estilo está lá, a explanação do contexto social da Inglaterra da primeira metade de séc. XIX, a abordagem à essência do Ser Humano e ao comportamento das várias camadas sociais, sobretudo a separação entre as mesmas e as roturas que daí advinham. Isso é especialmente notório em determinadas alturas do livro, pois a história trata da transformação, de um momento para o outro, da vida de um rapazinho que passa de pobre e sem esperança, para muito rico e com grandes esperanças. Mas subentende-se mais durante a leitura desta obra. O eterno conflito entre a ética e a ambição foi algo que mais me marcou neste romance, um pouco como o tinha sentido em “crime e castigo” de Dostoievsky.

A primeira parte do livro é tipicamente Dickensiana. Um pobre rapaz órfão que é criado com a irmã e o cunhado e que se sente sozinho e abandonado. Único amigo, o seu cunhado, também ele um pobre coitado que tem medo da mulher. Assim, Pip, é criado com “mão de ferro” e sente que a sua vida não vai sair daquilo. Até que um dia a vida de Pip muda drasticamente quando recebe a notícia que herdou uma imensa fortuna de um benfeitor misterioso e que lhe vai alterar as suas esperanças para o seu futuro e a partir daí, Pip muda o seu comportamento.

A sua parte do livro é, quanto a mim, a mais aborrecida.

Dickens situa toda a acção em Londres e aborda todas as tentações de uma cidade onde abunda a corrupção e o crime. Cheio de personagens excêntricas, Dickens elabora uma narrativa cheia de humor, é um facto, mas cuja futilidade nos atinge de uma forma violenta, assistindo à evolução de Pip e à perda da sua identidade.

Finalmente, a terceira parte é o culminar da acção e quando Pip se apercebe dos erros que tem cometido. Chega-lhe o arrependimento e as dúvidas morais assaltam-no de uma forma violenta.


O livro não é de fácil leitura, há muitos momentos aborrecidos em que tive dificuldade de entender o significado e o objectivo. O percurso de Pip é interessante e as questões que são levantadas são igualmente interessantes e demonstram, também, que são eternas e que são sempre actuais, no entanto não é um livro que me deixa grandes saudades, pese embora tenha achado os seus personagens muito fortes e de grande carácter algo que também é uma das marcas desse génio da literatura chamado Charles Dickens.

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