Há livros que têm a capacidade
de nos surpreender. Livros cujo título nos é completamente desconhecido mas
que, fruto de acasos, nos chegam às mãos e que, quer pela história que narram,
quer pela qualidade da escrita, nos surpreendem pela positiva, deixando, no
fim, uma sensação de tristeza e alegria. Alegria porque tivemos a sorte de o
ler, tristeza, por vermos partir personagens que conviveram connosco durante
dias, semanas, tornando-se amigos, quase família.
Memória das Estrelas Sem
Brilho é um destes livros. Provavelmente o melhor livro que li em 2016 (sinceramente
já nem aponto o que leio), foi um livro que li devagar porque comecei a gostar
tanto que não queria que terminasse. Dessa forma li-o devagar, saboreando a
narrativa letra por letra, palavra por palavra. Adorei conhecer os seus vários
personagens encabeçados pelo Alferes Luis Vasques que, com a sua narrativa, nos
dá uma imagem clara e real do Portugal dos anos da Primeira Grande Guerra e
sobretudo a intervenção portuguesa na Guerra ao lado dos Aliados.
O livro é um relato de
memórias que intervala entre esse período e o pós Guerra, no entanto sobressai
as difíceis condições da Guerra da de trincheiras e sobretudo a hipocrisia que
esteve por detrás do envio do CEP para França. Um exército mal preparado, sem
motivação nenhuma que descamba no desastre do dia 09 de Abril de 1918 na
Batalha de La Lys. É surreal, em 2017 e quase a completar cem anos, nós lermos
sobre a matança que foi essa guerra e no que o exercito português estava lá a
fazer.
O livro tem um ritmo
estonteante. Agarra-nos logo desde o inicio e nunca desmorece esse ritmo,
denotando igualmente uma apurada investigação sobre os factos.
Este livro faz parte de uma
trilogia que se pode ler de uma forma independente e que tem como objectivo
centrar-se nos vários conflitos militares onde Portugal participou, directa ou
inderectamente no Século XX.
Proximamente irei ler o 2º
volume: “A Vendedora de Cupidos”.
Repito: um excelente livro que
me proporcionou horas de autêntico prazer literário.
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