quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Royal Flash – George MacDonald Fraser


Royal Flash é o Segundo pacote dos documentos históricos descobertos numa leiloeira em Leicestershire em 1965 e que continua a “carreira” de Harry Flashman.

Enquanto o primeiro pacote descrevia a expulsão do Colégio de Rugby e a consequente carreira militar em Inglaterra, Índia e no Afeganistão onde veio herói, este segundo pacote cobre dois períodos (1842-43 e 1847-48). Esta lacuna de quatro anos não é aqui explicada mas é de esperar que Flashman o faça mais para a frente.

Independentemente de ser ficção, o certo é que Fraser consegue criar um personagem marcante que, no desfilar das suas loucas e cobardes aventuras, vai narrando importantes acontecimentos históricos e isso, na minha opinião, é uma das mais valias da obra.

Neste contexto, e no caso presente, Harry vê-se em convívio com duas personagens que ficaram na História por razões bem diferentes: Lola Montez, a aventureira irlandesa que chegou a governar a Baviera, e Bismarck, todo poderoso chanceler alemão que esteve na origem da Alemanha moderna.

É com estes duas importantes figuras que Flashman se vê novamente em apuros e toma especial influência na importante questão Strackenz-Holstein, que nos anos 40 do séc. XIX, colocaram a Alemanha e a Dinamarca em pé de guerra. E nem imaginam o papel de Flashman em todo esse imbróglio.

É hilariante toda a aventura.

Com a mania que é engatatão, acaba por ser ele o enganado e, como deve tudo à coragem, vê-se sistematicamente metido em apuros, sempre borrado de medo e com único objectivo: safar-se o mais rápido possível.

Mas o mais engraçado é que Flashman admite a sua cobardia e escarnece dele próprio e das figuras que o medo e a cobardia o fazem fazer.

Um excelente livro que não só nos ensina, como nos diverte. Temos assim nas mãos algo que eleva a literatura e lhe dá sentido: entretenimento e cultura.

A escrita é simples, cinematográfica. A investigação histórica do autor é excepcional, tal o pormenor das situações. As personagens bem reais, quase que lhes conseguimos tocar, depressa se tornam nossos compinchas.

Altamente aconselhável para quem faz do livro um amigo, uma companhia que o ensina e entretém.

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