Patrícia Anthony é norte-americana, mas fruto do seu casamento veio viver para Portugal em 1969 tendo ficado no nosso país vários anos que a marcaram profundamente ao ponto de com “As Fogueiras de Deus” efectuar uma homenagem a Portugal.
Embora com fortes laivos de romance histórico, este livro aproxima-se mais do gênero fantástico, uma espécie de mistura entre histórico, fantástico e ficção científica, mas e em relação a este último com um grau menor.
A acção situa-se entre 1666 e 1667 no reinado de D. Afonso VI.
D. Afonso era o segundo filho de D. João IV e não havia sido preparado para ser rei, posição destinada ao seu irmão mais velho, o Príncipe D. Teodósio, que, no entanto, viria a falecer aos 19 anos.
D. Afonso fica então em linha directa na sucessão de D. João IV, porém D. Afonso, que com 3 anos é atingido por uma febre maligna que lhe rouba as capacidades mentais, não é capaz de governar, comportando-se como uma criança. Uma das páginas negras da História de Portugal.
No entanto Portugal vivia sob o jugo da “Santa Inquisição” que com mão de ferro manipulava e observava tudo, impondo um clima de terror em todos os sectores da vida portuguesa (no resto da Europa igualmente).
Foi tempos de obscuridade que muitos vultos tentaram combater (exp: Galileu), mas sempre impedidos, ameaçados e acusados de heresia, arriscando a morrer nas fogueiras (e tantos assim sucumbiram). Tempos maléficos para a humanidade que impediram o desenvolvimento científico e cultural. Imagino a quantidade de informação que foi destruída e aqueles que foram impedidos de explanar os seus pensamentos (a Inquisição em Portugal vai durar até 1821, impressionante).
É neste contexto sócio-religioso que a acção se situa.
Num povoado perto de Mafra (Patrícia escolhe precisamente o Portugal profundo, rural, analfabeto, extremamente religioso e muito supersticioso), o padre inquisidor Manoel Pessoa, houve estranhas confissões que narram inexplicáveis luzes no céu e na presença, a fim de copularem com mulheres terrestres, de seres cobertos de luz que o povo julga serem anjos.
Ciente que os anjos não existem, o padre Manoel inicia uma investigação para tentar perceber o que se anda a passar, pois ele está convencido que o pecado da fornicação é o culpado pelas fantasias dos homens de luz, até porque ele próprio não é nenhuma alma santa e tem dificuldades em manter a braguilha fechada.
Em simultâneo, na corte em Lisboa, D. Afonso, que anda ali não se sabe bem a fazer o quê, vive num mundo de fantasia cavaleiresca, rodeado de moinhos de vento queixotescos, não se apercebendo das intrigas que o rodeiam nem das movimentações que o seu irmão, D. Pedro, inicia.
É precisamente quando sai atrás do irmão, que julga ter ido descansar para Mafra, que o rei e os cavaleiros que o acompanham, passam pelo povoado , e mesmo numa altura em que outro fantástico acontecimento se dá: a queda de um óvni.
Gostei do livro até certo ponto e é curioso que este livro pode ser dividido e até lido sob duas perspectivas.
Gostei imenso da descrição da época e do modo de viver, sobretudo gostei da forma como a escritora explora a superstição e os influentes tentáculos da inquisição. Ela de facto consegue descrever a teia de interesses e influências da corte e a forma como a igreja mandava e se sobrepunha a tudo e todos. Porém quando entra na fase do fantástico, em minha opinião, retira interesse e até seriedade.
Até certo ponto pensei, até ao fim do livro, que a história dos óvnis e dos extraterrestres fosse uma metáfora acerca do obscurantismo da época imposto pelas garras da Inquisição. Até se lê bem nessa perspectiva e é nessa perspectiva que eu aconselho o livro. Porém no fim do livro surge o Posfácio da autora onde ela assume a intenção da alusão aos óvnis ser mesmo sobre óvnis e vida extraterrestre, indo até mais longe ao referir ter tido, em diversas ocasiões, visões de objectos estranhos.
Respeito, mas nessa perspectiva, não apreciei a mescla deste livro.
Obviamente que interessa a muito boa gente, mas admito não ser o meu estilo.
Embora com fortes laivos de romance histórico, este livro aproxima-se mais do gênero fantástico, uma espécie de mistura entre histórico, fantástico e ficção científica, mas e em relação a este último com um grau menor.
A acção situa-se entre 1666 e 1667 no reinado de D. Afonso VI.
D. Afonso era o segundo filho de D. João IV e não havia sido preparado para ser rei, posição destinada ao seu irmão mais velho, o Príncipe D. Teodósio, que, no entanto, viria a falecer aos 19 anos.
D. Afonso fica então em linha directa na sucessão de D. João IV, porém D. Afonso, que com 3 anos é atingido por uma febre maligna que lhe rouba as capacidades mentais, não é capaz de governar, comportando-se como uma criança. Uma das páginas negras da História de Portugal.
No entanto Portugal vivia sob o jugo da “Santa Inquisição” que com mão de ferro manipulava e observava tudo, impondo um clima de terror em todos os sectores da vida portuguesa (no resto da Europa igualmente).
Foi tempos de obscuridade que muitos vultos tentaram combater (exp: Galileu), mas sempre impedidos, ameaçados e acusados de heresia, arriscando a morrer nas fogueiras (e tantos assim sucumbiram). Tempos maléficos para a humanidade que impediram o desenvolvimento científico e cultural. Imagino a quantidade de informação que foi destruída e aqueles que foram impedidos de explanar os seus pensamentos (a Inquisição em Portugal vai durar até 1821, impressionante).
É neste contexto sócio-religioso que a acção se situa.
Num povoado perto de Mafra (Patrícia escolhe precisamente o Portugal profundo, rural, analfabeto, extremamente religioso e muito supersticioso), o padre inquisidor Manoel Pessoa, houve estranhas confissões que narram inexplicáveis luzes no céu e na presença, a fim de copularem com mulheres terrestres, de seres cobertos de luz que o povo julga serem anjos.
Ciente que os anjos não existem, o padre Manoel inicia uma investigação para tentar perceber o que se anda a passar, pois ele está convencido que o pecado da fornicação é o culpado pelas fantasias dos homens de luz, até porque ele próprio não é nenhuma alma santa e tem dificuldades em manter a braguilha fechada.
Em simultâneo, na corte em Lisboa, D. Afonso, que anda ali não se sabe bem a fazer o quê, vive num mundo de fantasia cavaleiresca, rodeado de moinhos de vento queixotescos, não se apercebendo das intrigas que o rodeiam nem das movimentações que o seu irmão, D. Pedro, inicia.
É precisamente quando sai atrás do irmão, que julga ter ido descansar para Mafra, que o rei e os cavaleiros que o acompanham, passam pelo povoado , e mesmo numa altura em que outro fantástico acontecimento se dá: a queda de um óvni.
Gostei do livro até certo ponto e é curioso que este livro pode ser dividido e até lido sob duas perspectivas.
Gostei imenso da descrição da época e do modo de viver, sobretudo gostei da forma como a escritora explora a superstição e os influentes tentáculos da inquisição. Ela de facto consegue descrever a teia de interesses e influências da corte e a forma como a igreja mandava e se sobrepunha a tudo e todos. Porém quando entra na fase do fantástico, em minha opinião, retira interesse e até seriedade.
Até certo ponto pensei, até ao fim do livro, que a história dos óvnis e dos extraterrestres fosse uma metáfora acerca do obscurantismo da época imposto pelas garras da Inquisição. Até se lê bem nessa perspectiva e é nessa perspectiva que eu aconselho o livro. Porém no fim do livro surge o Posfácio da autora onde ela assume a intenção da alusão aos óvnis ser mesmo sobre óvnis e vida extraterrestre, indo até mais longe ao referir ter tido, em diversas ocasiões, visões de objectos estranhos.
Respeito, mas nessa perspectiva, não apreciei a mescla deste livro.
Obviamente que interessa a muito boa gente, mas admito não ser o meu estilo.
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