quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Física do Futuro (A) – Michio Kaku


Michio Kaku, professor catedrático de Física Teórica, lança-nos uma visão do futuro próximo no que concerne à tecnologia que estará disponível.

Sempre baseado na ciência, aliás, o autor é rigoroso nas suas descrições, não só pela sua formação como também porque entrevistou mais de trezentos cientistas, é-nos aqui apresentados uma série de factos que, mais do que meras hipóteses ou utopias, são já certezas face ao desenvolvimento em vários laboratórios.

Partindo do pressuposto de como se sucederá a evolução até ao ano 2010, o autor vai explorando a evolução dos automóveis, dos computadores, do lazer, tv, internet, etc. As naves espaciais usarão a propulsão a laser e serão normais as viagens espaciais. O autor vai dando exemplos de como estava o mundo no início do séc. XX e como está agora, da forma como a evolução foi acontecendo há medida que a própria ciência ia evoluindo, ou sejam ciência e criação são indissociáveis.

Uma excelente obra que nos dá uma visão excitante do que vamos ter à nossa disposição dentro de poucos anos.

Como senão, o autor, por vezes, utiliza linguagem científica que torna os capítulos algo enfadonhos. Achei também que o autor simplesmente desconhece a História dos Descobrimentos portugueses. No capítulo onde ele explica o porquê dos europeus terem dominado o mundo nos últimos 500 anos, ele simplesmente ignora o papel dos portugueses porque o desconhece.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Fio do Tempo (O) – João Paulo Oliveira e Costa


Que livro maravilhoso!

Adquiri esta obra conjuntamente com o best-seller “O Império dos Pardais” e, pese embora este “Fio do Tempo” seja o segundo romance do autor, resolvi começar por ler este primeiro porque a maioria dos acontecimentos narrados são anteriores aos acontecimentos narrados no “Império dos Pardais”.

Antes de tecer as minhas considerações, sinto-me feliz por constatar que há escritores de excelência que estão a escrever sobre a História de Portugal. Uma História riquíssima, longa e que tem muito para explorar, haja quem o saiba fazer com qualidade que, decerto, terá leitores.

Abrangendo 100 anos da História de Portugal, talvez das épocas mais importantes e venturosas da nação, o autor cria D. Álvaro de Ataíde que, no alto dos seus 101 anos de idade, contempla a cidade de Lisboa enquanto a sua mente divaga nas suas recordações.

E é através dessas recordações que nos vamos inteirar de factos que marcaram a História de Portugal e do mundo.

Tudo começa em 1414 quando o jovem Álvaro, que sonhava ser cavaleiro, se inicia no master dos prazeres carnais com Filipa de Andrade, mulher de pouca castidade e de vícios perversos.

A partir daí, a espaços entre o presente (ano de 1500) e o passado, D. Álvaro vai recordando a sua vida e as suas proezas.

Em 1414 reinava D. João I e é já em 1415 que D. Álvaro de Ataíde toma parte na tomada de Ceuta, iniciando-se aí a expansão portuguesa que está na génese dos Descobrimentos.

Agora imagine-se a riqueza dos acontecimentos narrados por D. Álvaro, personagem fictícia é certo, mas cujos episódios são reais e atestam a magnificência e influência que este pequeno país soube alcançar no séc. XIII.

Pertencendo à Casa de Viseu, cujo senhor em 1415 era o Infante D. Henrique, D. Álvaro torna-se um cavaleiro temido e respeitado no reino, conselheiro do próprio infante, ele dá-nos uma visão clara da política da casa real, dos interesses que colocaram duques no trono em simultâneo que salpica a história com um pozinhos de misticismo, introduzindo assim a cultura trazida pelos escravos de África.

Um romance histórico excepcional que nos cativa pela simplicidade da escrita, da estrutura e pela objectividade da narrativa, não se perdendo em considerações ou teses, simplesmente ele narra os factos conforme a História os conhece, dando-lhes sim um tom algo aventureiro digno das façanhas dos seu narrador.

Confesso ser esta uma das épocas que mais me fascina e a Dinastia de Avis aquela que mais aprecio. Talvez isso tenha ajudado a ter gostado tanto do romance, porém é inegável a imensa qualidade do texto.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Aconteceu uma coisa engraçada a caminho do futuro… - Michael J. Fox


Este pequeno livro (literalmente no formato, li-o numa hora), é um livro que nos fala das pedras numa garrafa e da sua importância na nossa vida.

A metáfora das pedras na garrafa está na base da mensagem que Michael J. Fox pretende passar.

Sem qualquer curso superior, sem sequer ter terminado o liceu, Fox apresenta-nos um breve relato da sua vida e da sua ascensão na indústria do cinema. Emigrado para o Estados Unidos em busca de um sonho, Michael passou fome mas nunca desistiu. Quando estava no apogeu da sua carreira é-lhe diagnosticado a doença de Parkinson que se torna o ponto de viragem da sua vida e, segundo o próprio, a bênção que o fez ver a luz.

É assim uma obra que transmite esperança. Engane-se quem julga tratar-se de um livro onde o autor se vitimiza. Longe disso, fala-nos sim de sonhos e da forma como podemos e devemos viver o dia-a-dia em busca desses sonhos acreditando no melhor e não pensar nas dificuldades antes de elas chegarem.

E curioso a forma como ele insere estas mensagens.

Admitindo não ter tido uma educação que a sociedade tem como conveniente (curso superior, etc), Michael divide o livro por capítulos, nomeando-os com designações de ciências. É por si só uma metáfora à escola da vida que ele, superando as dificuldades, teve que percorrer e vencer.

Em suma, um livro delicioso que me transmite que devemos aceitar o presente como ele é, pois a vida não é linear, há desvios no percurso da vida, estradas que não contávamos percorrer, mas enfim, é a nossa vida e há que sorrir.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

De Ourique a Aljubarrota – Miguel Gomes Martins


O autor, mestre em História da Idade Média, propõe-se aqui efectuar uma análise aos vários teatros de operações militares da História Medieval Portuguesa entre os meados do Séc. XII e finais da centúria de trezentos. E são quinze episódios que são analisados com um rigor que desde já realço.

Face à escassez de fontes que chegaram aos nossos dias, o autor, para conseguir reconstruir todos os passos, utiliza-se, não só dos seus conhecimentos, como também de uma grande dose de conjectura baseado nos costumes e mentalidade das épocas.

Dessa forma é-nos possível acompanhar, quase passo a passo, não só as razões das várias operações abordadas, como também as estratégias e a descrição das próprias batalhas e isso foi algo que achei fabuloso.

Iniciando com um enquadramento do tema da Guerra na Idade Média em Portugal e dos seus variadíssimos elementos que constituíam a forma como se fazia a guerra, inicia-se então uma viagem por 250 anos da História militar que tem por ponto de partida a Batalha de Ourique (1139) e por meta a Batalha de Aljubarrota (1385).

Em todas as batalhas, cercos e expedições, o autor explica a razão, contextualizando os motivos que estariam por detrás, a descrição e as consequências.

Uma excelente obra que nos permite conhecer um pouco mais e melhor da nossa História e do imenso custo que foi preservar a independência de Portugal.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Impacto – Douglas Preston


Douglas Preston é um conhecido autor norte-americano, cujos livros têm atingido um enorme sucesso ao ponto de vários deles terem-se tornado best-sellers. Misturando thriller com ciência, este seu novo título, “Impacto”, faz jus à fama alcançada e traz à baila um tema tão em voga nos nossos dias: o fim do mundo que está próximo.

Costa de Maine, duas jovens estão a observar o céu nocturno quando vêm um meteorito cair numa pequena ilha. Excitadas com tamanha visão, partem em busca do objecto que caiu algures na ilha.

Noutra parte dos Estados Unidos, o ex-agente da CIA, Wyman Ford, é contratado para se deslocar, com todo o secretismo, a uma mina no Camboja de onde eram originárias umas estranhas pedras cheias de radioactividade.

No National Propulsion Facility um professor é despedido. Com ele leva um disco externo contendo um enorme segredo que irá colocar em causa a segurança do planeta e, quiçá, condená-lo à sua extinção.

Três histórias paralelas que se vão interligando até se unirem num propósito: Um segredo oriundo do espaço com origem extraterrestre.

Gostei do livro mas é um livro que entretém apenas.

A história, como facto científico, pouco tem de verosímil. O acontecimento inicial, pese embora seja interessante, torna-se algo sensaborão quando percebemos o que de facto sucedeu. Mas adiante. Tratando-se de um romance thriller/suspense, é por esse prisma que deve ser lido e apreciado.

E nessa vertente, de facto entretém e faz-nos passar momentos agradáveis. Até digo mais, é um livro que se for adaptado ao cinema, me fará ver o filme, pois tem acção, suspense e efeitos visuais excepcionais.

Com capítulos curtos, ao estilo dos thrillers, a história passa-se num curto espaço de tempo, num ritmo alucinante com os habituais bons-que-procuram-salvar-o-mundo contra os maus-que-procuram-lixar-aqueles-que-querem-salvar-o-mundo, numa autêntica corrida contra o tempo onde não faltam, para além dos clichés anteriormente subentendidos, as incoerências e pontas soltas.

Mas e passe a ironia, trata-se de um livro que se lê com agrado e que não aborrece. Ou seja, lê-se muito bem e como se trata de uma história com um ritmo elevado, depressa damos por nós no seu epílogo e com um gosto de missão cumprida.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Máfia no Futebol – Declan Hill

Sendo eu um apaixonado pelo futebol, confesso que desde os anos 90 deixei de acreditar na honestidade da maioria dos torneios que acompanho, perguntando a mim mesmo porque ainda sigo esses torneios se não acredito na justiça dos seus resultados?

É esse o fascínio do futebol. Por muito factos estranhos que eu tenha assistido à descarada, o certo é que gosto de acompanhar e assistir quando posso, pese embora não vá a um estádio de futebol há uns 15 anos e nem penso em lá voltar.

Declan Hill, jornalista, tornou-se num dos maiores investigadores do mundo sobre a viciação de resultados e corrupção no desporto e, em “Máfia no Futebol”, ele descreve a investigação que levou a cabo e que lhe deu a conhecer o mundo paralelo do futebol, um mundo da batota e de corrupção.

E, mesmo não me surpreendendo por aí além, o resultados dessas investigações, são de facto surpreendentes face à dimensão e o que abrange ou até onde abrange: tudo, literalmente tudo.

Fenómeno surgido na Ásia, grupos de arranjadores ligados a organizações criminosas, que arranjam jogos nos maiores torneios desportivos do mundo (não apenas no futebol), transformaram o futebol numa industria atolado em criminosos e batoteiros, onde o lucro e outros interesses financeiros, influenciam os resultados dos jogos e das competições.

Aposta ilegais à escala mundial, esses arranjadores são como um polvo cujos tentáculos tudo alcançam, pois o dinheiro fala mais alto. E ninguém escapa: jogadores corruptos que se deixam corromper para facilitar dentro de campo, dirigentes que usam das suas influências para corromper, árbitros que são “obrigados” a facilitar depois de uma noite bem acompanhado ou então “obrigados” a facilitar depois de prendinhas pequeninas em ouro e afins, treinadores que “erram” nas substituições a fim de facilitar a outra equipa, enfim, há de tudo e não se pense que é só na Ásia que isso sucede, não!

Pasmem-se, é na Europa onde reside a maior corrupção!

São aqui mencionados muitos clubes de nomeada na Europa. Alguns conhecidos que desceram de divisão e tardam em recompor-se. Outros que continuam a ganhar pese embora todos lhes conhecerem os vícios, haver nomes de envolvidos e até provas (basta ir ao Youtube). É aqui mencionado ao de leve, pois não fosse Portugal o país periférico com pouca expressão mas cujo o autor afirma “… o futebol português sempre este sob alvo de suspeitas de corrupção. Alegações de envolvimentos mafiosos são quase rotineiras…” , no Capítulo intitulado “O Sexo e os Homens de Negro”. Mas e embora tudo isso não me surpreende-se, o que de facto me espantou é quando o autor aborda a viciação de resultados no Campeonato do Mundo de Futebol.

Fiquei, confesso, siderado com o que li e não é que depois fui ver ao Youtube as imagens dos jogos mencionados e, vendo por esse prisma, é de facto muito estranho como é que essas equipas sofrem certos golos, alguns deles perfeitamente infantis. E aí sim, senti-me triste pela quantidade de milhões de pessoas que acreditam na honestidade do jogo, naqueles milhares que pagam fortunas para ir aos estádios, naqueles que pagam canais televisivos, naqueles que poupam durante quatro anos para depois acompanharem as suas selecções ao Campeonato do Mundo e sobretudo, fiquei triste pelas pessoas que nada têm e cujo futebol, é um escape que dura hora e meia e onde eles se esquecem da dureza da vida. Tudo em prol do lucro, destrui-se o jogo.

Um livro excelente. Narra como se procede aos arranjos, como se formam os esquemas, os interesses das apostas ilegais, os interesses nos arranjos de jogos com equipas mais pequenas. Jogos que supostamente são fáceis de ganhar mas que interessa ter já como garantido para impedir lesões que impeçam os jogadores de jogar o jogo seguinte, esse sim, muito mais importante. Dá para compreender porque é que certas equipas jogam de determinada forma com uma equipa A e depois dão tudo quando jogam com uma outra equipa B, rival da equipa A.

Em suma, arrepiante o que é descrito no livro e algo que pode fazer com que muitos adeptos se desliguem desse jogo que é de facto maravilhoso.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Portugal Burlesco I

Nada tem a ver com livros ou mera literatura, mas, aqui e ali, vou fotografando factos com que me deparo e que demonstram o quanto burlesca pode ser a nossa sociedade.