quinta-feira, 28 de junho de 2012

Aventuras Extraordinárias do sr. Pickwick – Charles Dickens


Publicado mensalmente em folhetins a partir de 1836, as aventuras extraordinárias do sr. Pickwick (Pickwick Papers) tornaram-se num evento extremamente popular em Inglaterra, chegando ao ponto do jornal se esgotar poucas horas depois de ter saído.

Os contos, quase todos eles autónomos entre si, narram as aventuras e desventuras de quatro membros do clube Pickwick que é criado com a intensão de investigar e observar o quotidiano da Inglaterra do séc. XIX, resultando numa série de contos onde a comédia, a par da sátira, se sente na forma como essas aventuras, e desventuras, vão sucedendo.

Esses quatro membro, o sr. Pickwick (o presidente), o sr. Tupman, o sr. Snograss e o sr. Winkle, vagueiam assim por uma Inglaterra bem diferente daquela que habitualmente vêmos representada na Londres vitoriana. Viajam pelo interior do país, observando os seus costumes e a forma como as pessoas se comportam, e é aí que está o grande interesse desta primeira obra de Charles Dickens.

Iniciada a sua escrita quando Dickens tinha 24 anos, esta obra, escrita sob o pseudónimo de Boz, supostamente narra as aventuras reais de quatro homens que pertencem ao clube Pickwick. Foi assim que a obra foi lançada e foi assim que os seus fãs a viam, pois julgava-se que eram de facto histórias reais retiradas de um suposto diário pertencente ao sr. Pickwick. Por si só foi uma genial jogada de marketing de Dickens que, dessa forma, ganhou nome e se lançou numa carreira de sucesso.

Nestes contos, podemos já constar das várias características que traçaram o estilo de Dickens. A análise ao comportamento do ser humano é aquela que mais se evidencia, pois, para mim, é a grande marca de Dickens. Porém, a sátira declarada, uma espécie de critica social que mais tarde e noutras obras seria mais evidente, também lá estão. A religião, a classe política, a magistradura, os burgueses (um dos alvos de sempre de Dickens), o sistema de justiça que apenas protegia os poderosos, enfim, são aqui satirizados de uma forma humorística, colocando a nú e evidenciando as falhas do sistema da época. É compreensível que os fãs de Pickwick fossem maioritariamente da classe média, pois viam nesses contos uma espécie de revolta aos poderes instituídos e à sua impotência para mudar esse mesmo sistema (tão actual que ainda é). Mas há mais críticas e, nas aventuras desse grupo de quatro, não podemos de rir de várias situações verdadeiramente hilariantes e absurdas, face também ao espírito da época.

No entanto não posso dizer que apreciei tanto o livro ao ponto de o considerar uma grande obra. É um clássico, sem dúvida, e é a primeira grande obra de Dickens. Pessoalmente, e já li a maior parte da sua obra, este é o menos conseguido. Sim, claro que Dickens pode expressar a sua sociedade, pode representar uma Inglaterra há muito desaparecida e tão diferente da Inglaterra de Londres, mas, e embora os primeiros capítulos os tenha lido com muito agrado, sensivelmente a partir do meio do livro foi-me algo penoso continuar, pois as situações arrastam-se, são algo repetitivas e torna-se monótono o humor e a sátira. 

Quer-me parecer que Dickens quando se apercebeu do sucesso da obra, e como era publicada periodicamente e por capítulos, quis espremer até dar, o que resultou numa obra extensa e que,  partir de determinada altura, pouco traz de novo e pouco prazer dá a ler. Mas isso são suposições, pois não tenho dados concretos para defender essa tese.

Em todo o caso é um livro que se lê muito bem e onde constamos do nascimento desse peso pesado da literatura mundial que dá pelo nome de Charles Dickens.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

6 Anos de Blogosfera


Fez ontem precisamente 6 anos que iniciei este blog. Sem grandes pretensões nem planos, a minha ideia era ter um local onde pudesse explanar publicamente as várias opiniões que já tinha escrito e editado em vários sites e até em algumas publicações. Um pouco no seguimento do que já fazia num célebre site de opiniões, onde, inclusive, tínhamos uma espécie de fórum onde se opinava sobre tudo.

Na altura a blogosfera era algo ainda muito indefinida. Blogues literários não existiam na quantidade que se verifica hoje em dia e a maioria dos bloggers eram apenas uns meros curiosos que viam os blogues como uma espécie de passatempo, longe de imaginar o quão trabalhoso dá ter e manter um blogue.

Essa foi a principal razão do rápido desaparecimento desses blogues, alguns continham meia dúzia de posts e acabavam por esmorecer até ao seu desaparecimento. Em todo o caso, fui mantendo o NLivros, editando mais de 400 posts ao longo destes 6 anos, 284 opiniões de livros, postando de forma regular e mantendo-me fiel ao meu propósito inicial: transmitir as minhas percepções das obras que vou lendo.

Hoje em dia sou dos bloggers mais “antigos”. Não me vanglorio por isso, mas é curioso verificar o quanto a blogosfera evoluiu e ganhou importância e respeito junto das editoras, e o quanto, hoje em dia, é expectável evoluir, quiçá para um nível profissional. A ver vamos.

Um bem-haja a todos os que seguem e visitam o NLivros.

sábado, 23 de junho de 2012

D. Maria II, Tudo por Um Reino – Isabel Stilwell


Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança, nasceu no Rio de Janeiro no dia 04 de Abril de 1819. Filha primogénita do Imperador D. Pedro I (D. Pedro IV de Portugal) e da Arquiduquesa D. Leopoldina da Áustria, Maria nasceu para ocupar um trono: Rainha de Portugal.

Cognominada de “A Educadora” ou “A Boa Mãe”, Maria foi uma criança meiga cuja educação fugiu ao padrões convencionais (entre a realeza) da altura. Sendo educada no Brasil, Maria cresceu em liberdade e com uma mentalidade que a tornou uma rainha diferente daquela que a tradição exigia. Em todo o caso, são as suas infantis observações da conturbada relação dos seus pais, que irão criar a sua forte personalidade. Rainha de Portugal aos 7 anos, Maria desde muito cedo  compreende do papel que lhe está destinado por Deus. Com a ajuda da sua amada mãe, que vem a falecer muito precocemente, e com aqueles que estão nomeadas para a educar, ela vai desenvolvendo uma sagacidade muito pouco comum, diria até, extraordinária, face à sua tenra idade. Embarcando para a Europa em 1828, com pouco mais de 9 anos, a rainha, que recorde-se é ainda uma criança, sabe que tem um longo caminho a percorrer até ser reconhecida como Rainha de Portugal.

O país, em 1828, envolve-se numa fratricida guerra civil entre os apoiantes de D. Miguel, tio de Maria que se havia proclamado rei absoluto de Portugal no dia 25 de Junho e os apoiantes de D. Maria, encabeçados pelo próprio imperador do Brasil. Começavam aí as Guerras Liberais entre D. Miguel e D. Pedro, que se prolongariam até 1834, ano em que Maria foi recolocada no trono e o seu tio ser exilado para a Alemanha.

Inicia-se aí o reinado de D. Maria II até ao ano de 1853, quando Maria, com apenas 34 anos, expira após longas treze horas de parto, deixando para trás 19 anos de reinado e 8 filhos, entre os quais o seu primogénito e futuro rei, D. Pedro V e D. Luis, rei após a morte do irmão e pai de D. Carlos.

Obviamente que tracei de uma forma muito simplista e directa, uma vida cheia e preenchida de uma mulher que, confesso, conhecia apenas pelo nome, mas que estava muito longe de conhecer a sua obra e, principalmente a sua personalidade.

E apaixonou-me o relato, uma vez mais, vivo, de  Isabel Stilwell.

Este é o terceiro romance histórico que leio de Stilwell. Li “Filipa de Lencastre” e “D. Amélia”, e , após a leitura deste, só posso desejar que Stilwell continue a sua saga pelas rainhas de Portugal, pois, para além de nos dar a conhecer a vida e obra dessas mulheres que muito contribuíram para a Nossa História, é um prazer ler as suas prosas, pois ela sabe escrever, envolvendo-nos, como por magia, na vida dessas personagens e daquelas que giravam em volta delas.

Obviamente que aqui as principais personagens são femininas. Em D. Maria II é possível percebermos a força mas também a desilusão que foi D. Pedro I do Brasil, D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, o seu amado marido que erigiu o meu amado Palácio da Pena, e vários outros personagens masculinos que, existiram de facto, e que demonstraram e tiveram uma imensa influencia na conduta da rainha. Em todo o caso, são femininas as personagens que mais sobressaem na personalidade de D. Leopoldina: a amada mamãe, Lurdinhas, Rosa, a sua Florica, mana Xica, Leonor da Câmara, Marquesa de Aguiar e, principalmente, a poderosa rainha do império britânico, a Rainha D. Vitória, prima e amiga de D. Maria, que com ela terá uma imensa e intensa amizade, alicerçada em centenas de cartas entre ambas que são o pilar deste fabuloso romance histórico.


Ou seja, Stilwell faz um trabalho exemplar de pesquisa e investigação ao basear este romance nas cartas trocadas entre as primas. Nelas, vai traçando, não só o quotidiano das famílias britânicas e portuguesas (Maria e Vitória eram primas, assim como Fernando e Alberto primos eram), como também a situação política do país. E é através dessas missivas, que vamos seguindo o estado do país e a forma como Maria reinava.

Um romance extraordinário que nos permite conhecer uma época conturbada em toda a Europa e onde é possível perceber os ventos que já sopravam e que seriam os responsáveis pela queda de várias monarquias, entre elas a Portuguesa que se daria com o regicídio do neto de D. Maria II. Para além disso, e face aos documentos que a autora pesquisou, é possível conhecer a mentalidade da época e uma Lisboa muito diferente daquela que hoje em dia conhecemos, pese embora haja, e ainda bem, vários locais e monumentos que se mantêm, como, por exemplo, o Palácio das Necessidades, onde D. Maria II viveu, teve os seus filhos e faleceu. Local onde passo todos os dias e que tem actualmente outro significado para mim.

Uma leitura altamente aconselhável.


terça-feira, 19 de junho de 2012

Hora da Liberdade (A) – Joana Pontes, Rodrigo de Sousa e Castro, Aniceto Afonso


Emitido pela SIC em 1999, para comemorar os 25 anos da queda da ditadura, “A Hora da Liberdade” é um filme-documentário que retracta os diversos acontecimentos horas antes e após o golpe militar de 25 de Abril de 1974.

Por detrás deste filme, Joana Pontes efectuou dezenas de entrevistas aos envolvidos no golpe militar de forma a puderem recriar os acontecimentos de forma realista. Essas entrevistas foram registadas em fita e a transcrição dessas entrevistas que é composto a presente obra o que, a torna, um documento importante e valioso desse dia que repôs a democracia em Portugal.

E é pela voz dos próprios protagonistas que vemos como nasceu e desenvolveu os eventos que desencadearam na revolução dos cravos. Impressionante perceber o quanto aqueles homens arriscaram. Não apenas por si, como e principalmente pelas suas famílias caso o golpe militar falha-se.

Um documento único que me comoveu, pois passando Portugal presentemente por uma crise sem precedentes, quando se percebe que o país foi “vendido” aos interesses económicos por essa gentalha que se denominam políticos, é comovente perceber que o esforço dos homens que pensaram e agiram para fazer cair a ditadura, veio apenas dar lugar a uma cambada de pulhas que não respeitam a História do país, nem o esforço e memória de quem por ele combateu, desde sempre.

Em todo o caso é um documento que deve ser lido e analisado, pois, quiçá, pode estar aí a raiz da próxima revolução tão necessária.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Carl Sagan Vida e Obra – Keay Davidson


Como qualquer biografia, a presente tem como objectivo traçar a vida pessoal e profissional de um homem que foi um dos maiores cientistas de sempre e alguém que esteve por detrás, um visionário da Era Espacial.

Escrito três anos após a sua prematura morte, esta obra é extensa e analisa muitíssimo bem a vida profissional de Sagan.

Desde o seu nascimento em 1934 até à sua morte em 1996, o autor começa por narrar factos da vida dos pais de Sagan. Desde a sua ida para os Estados Unidos, até ao seu casamento. Sagan, desde muito cedo se interessa pelo espaço e logo com 5 anos questiona a mãe do que eram aquelas luzinhas no céu. É o início de uma mente brilhante, várias vezes controversa, arrogante mas genial, que elevou a Física e a Astronomia a patamares nunca dantes próximos quando os tornou palpáveis ao público com o seu mega sucesso Cosmos.

Pelo facto de eu ser da geração desse brilhante programa, empreendi a leitura atenta desta biografia correndo o risco de me desiludir com um cientista que mais me fascinou e que continua a viver no meu imaginário.

E dificilmente isso sucederia porque o autor foi muito inteligente na forma como construiu esta obra. Teve o cuidado de abordar a vida de Carl Sagan de uma forma muito delicada. Assentando o seu texto em entrevistas com as ex-mulheres, viúva, filhos e amigos, mostrou-nos um homem viciado no trabalho, com a consciência que o seu tempo na Terra seria muito curto para o que queria fazer o que, percebe-se, veio a influenciar negativamente a sua vida pessoal. Porém e isso é um ponto negativo que dou a esta obra, a vida pessoal de Sagan foi pouco aflorada e, depois de terminado o livro, enquanto fiquei com a visão clara da sua importância no campo da exploração espacial, essa visão ficou quase na mesma no aspecto da sua vida pessoal.

Em todo o caso, gostei de perceber da sua fixação em vida no universo que se preocupava em demonstrar a sua probabilidade. Um homem de contradições e paixões que sabia apimentar discussões e que não tinha qualquer problema em exprimir o seu ponto de vista. Muito eloquente e apaixonado desde criança por ficção cientifica, foi também um grande escritor, deixando-nos obras de cariz cientifica e filosófica que pretenderam atingir a consciência dos leitores para o incomensurável universo que nos rodeia.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Arte de Álvaro Costa na Sement'eira


Há dias, deambulando por Alfama no meio da fumarada da sardinha assada, coiratos e bifanas, ouvindo uma explosão musical de estilo brejeira, popular e fado, desviando-me de turistas curiosos e jovens com a sua litrosa na mão, eis que me deparo com uma lojinha que, confesso, desconhecia completamente e apenas um acaso ma fez descobrir.

Situada em pleno bairro de Alfama, a “Sement’eira” é um espaço cultural que passa completamente despercebido, sobretudo num ambiente de festa popular onde o nosso interesse está centrado num polo quase oposto ao da cultura. Em todo o caso, repito, o acaso me fez lá entrar e dei de caras com uma expressão artística que me fascinou e que quero aqui dar conhecimento, ou alertar para que seja visitada, ainda por mais quando o artista em questão é português.

A “Sement’eira” é um espaço aberto a todos os que fazem a sua arte sem pressas, com o seu tempo e sabedoria particular de forma autêntica. Ali, é possível adquirir doces, licores, vinhos, queijos, conservas e pinturas, esculturas, livros, etc. Um espaço onde há exposições de variadíssimas expressões artísticas, onde se pode beber um café e provar um dos licores, enfim, um espaço que me apaixonou.


E foi na “Sement’eira” que vi a exposição de Álvaro Costa. Depois de a apreciar, mais surpreendido fiquei ao constatar que o próprio artista se encontrava presente e dei início a uma conversa que levou o talentoso artífice a contar-me o início da sua arte, como a descobriu, como a efectua, onde já expôs e o tema e o sentido de cada um dos quadros expostos. Simplesmente fabuloso, Álvaro Costa descobriu a sua própria arte, uma nova forma de arte.

Fica aqui o endereço do site de Álvaro Costa: http://www.alcosta.pt.vu/ e aqui podem ler uma breve entrevista: alcosta.web44.net/entrevistas/Criador%20Arte.pdf

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Brisa do Oriente (A) (Vol. 2) – Paloma Sanchez-Garnica

Conforme referi na opinião do primeiro volume, aqui, A Brisa do Oriente” situa-nos em pleno séc. XIII, numa Europa Medieval extremamente violenta e onde os ventos da intolerância religiosa sopravam em todo o seu esplendor e a Inquisição varria quem se atravesse a questionar qualquer crença ou doutrina do catolicismo.
Este Volume 2 é simplesmente a continuação do volume anterior (no original esta obra é composta por um só volume e em formato de bolso), sendo que continuamos a acompanhar Umberto de Quéribus, agora já homem que se compromete com a sua consciência e parte em busca do sentido para a sua vida, à medida que nos vais descrevendo o seu quotidiano e uma época que tem tanto de fascinante como de aterradora.
Nesta segunda parte a autora foca-se mais na questão herética que abalou a Europa e que levou a uma cega e intolerante perseguição aos Cátaros e a todos aqueles que ousavam questionar algumas atitudes menos correctas por parte da igreja católica. E é brutal percebermos quantas injustiças e quão duro e horrendo seria a vida naquela altura, sempre sob o jugo da igreja que tudo podia, que tudo ordenava em prol de uma ideologia, de um fanatismo absurdo que colocou a Europa, durante centenas de anos, nas trevas. E a autora é exímia na reconstrução história da época.
Como era de esperar, assistimos a perseguições de pessoas que nada fizeram, excepto serem vistas como inimigas pelos poderosos que, usando do seu poder e influência, exerciam contra elas toda a violência de forma a eliminá-los. E isso é assustador porque sabemos que isso sucedeu mesmo. Devia ser horrível saber que se não nos vergássemos à vontade dos poderosos, que em nome de deus, abusavam da sua posição de forma a humilhar aqueles que lhes prestavam vassalagem, éramos acusados de heresia e, depois de um julgamento de fantochada, o destino seria a morte pelo fogo numa agonia que tinha espectadores ávidos e divertidos com a visão. Eram esses homens que se proclamavam os juízes de deus, os seus representantes, aqueles que tornaram a igreja católica na poderosa instituição que dominou a Europa durante centenas e centenas de anos.
E é cativante a forma como a autora interliga esses terríveis acontecimentos com a vida de Umberto. Intensa a sua escrita, levando-nos a sentir a época. Os personagens são trabalhados de forma a que nos relacionemos de uma forma, diria, fraternal, ou seja, a maioria dos personagens são-nos apresentados e com eles construímos uma espécie de amizade, mesmo aqueles que são os vilões, não deixamos de nutrir por eles uma amizade que nos permite quase participar na acção e vê-los como seres reais.
Em todo o caso esta obra não é perfeita.
Pese embora a autora consiga construir todo um argumento onde a veracidade Histórica está bem misturada com a ficção, a meu ver, a autora força várias situações, tornando o desfecho algo previsível quando tinha muito espaço, que ela própria construiu, para avançar por outros caminhos. Embora ela esclareça os casos que havia deixado pendentes, há situações também um pouco atabalhoadas que chegam a ser incoerentes e que me levaram a considerar menos esta obra como tinha considerado aquando da leitura do volume 1º.
No entanto essas considerações não chegam para não o avaliar como um excelente romance histórico, cheio de situações verdadeiramente empolgantes e onde a autora nos situa, de uma forma brilhante, numa época negra mas que admiro, envolvendo-nos em todo o trama de uma forma muito intensa.