segunda-feira, 26 de março de 2012

O Que o Dia Deve à Noite – Yasmina Khadra


Sinceramente, face à beleza desta obra, aos sentimentos que me proporcionou a sua leitura, é complicado conseguir escrever uma opinião que transmita toda a sua excelência e o quanto mágica a terna é a sua prosa, pois essa magia, esse encanto e beleza flui pelas suas 350 páginas de uma forma, diria, como uma suave fragrância que nos vai hipnotizando e nos transporta, nos carrega e nos situa, não só nos locais, como, e isso só está ao alcance dos grandes escritores, nos faz sentir, cheirar, ouvir e ver toda a linha Histórica que o autor vai traçando.

Independentemente da história de fundo, que não vou aqui mencionar porque para isso há a sinopse, o fio condutor da narrativa é, simplesmente, o Amor. Mas engane-se quem julgue ou quem minimize este fabuloso romance, apenas porque o fio condutor é o Amor. Longe, muito, muito longe, de ser um romance entre paixões e amores não correspondidos, este é um romance que tem no Amor, em toda a plenitude do significado do termo, a sua lógica e a explicação para tudo.

Vão-me desculpar, mas não me consigo explicar melhor, contudo vou tentar transmitir a beleza desta narrativa.

Yasmina Khadra começa por nos situar na década de 30 na Argélia colonial, parte do império colonial francês.

À semelhança do que sucedia com o império português, nomeadamente em África, os argelinos muçulmanos eram vistos com desdém. Não tinham direito à nacionalidade francesa, não estavam a coberto pelas leis francesas e não tinham direito a voto. Os índices de analfabetismo eram elevadíssimos e essas famílias indígenas começaram a ver-se expropriadas das suas ancestrais terras, levando-os a amontoarem-se nas cidades em condições verdadeiramente desumanas. É nesse contexto que se inicia o romance.

Mahieddine Younes, parte com os pais para Orão depois da colheita ter sido incendiada. O pai, que só tinha na terra a subsistência da família, procura na cidade o que o campo lhe negou, iniciando-se aí o trajecto de Younes que nos levará a conhecer parte da História da Argélia do séc. XX e os importantes acontecimentos que levaram à sua independência em 1962. No entanto o romance tem o seu epílogo em 2008, por isso, imaginem, a riqueza História que flui desta obra.

Contudo e embora considere importante o conteúdo histórico, a meu ver a essência do romance está no Amor.  Os acontecimentos que varrem a Argélia, vão servir de fio condutor para traçar as relações entre os vários personagens, no entanto e, passe a analogia, como um puzzle cheio de nuances, as peças vão-se encaixando ao longo do tempo, colando-se a cada um desses personagens, eles próprios, representando cada facção, ideologia e até crença do colonialismo. Por isso é tão difícil efectuar uma opinião desta obra, pois Khadra é capaz de desenhar uma história dentro da História, toda ela cheia de Amor, amizade, honra, heroísmo, sonhos, horrores, nacionalismo, coragem e muita, muita beleza.

Depois há a própria narrativa, o estilo de Yasmina Khadra fascinou-me e comoveu-me a tal ponto que dei comigo a pensar tratar-se de história verídica, tal o realismo da narrativa. Já li centenas de livros e poucos foram aqueles que me comoveram da forma como o fez este livro. A história das personagens é riquíssima e enternecedora, porém a forma poética e em simultâneo directa e objectiva como Khadra escreve, é algo apenas ao alcance dos grandes escritores e Yasmina Khadra é um Grande Escritor.

Enfim, perdoem-me não ter sido tão claro como se calhar devia ter sido, mas o que eu quero transmitir é que este livro merece ser lido, ser sentido e afagado, pois ele é um bálsamo para a nossa alma, faz-nos sentir tristes, é um facto, mas é uma tristeza alegre porque constatamos que é o pouco que nos torna verdadeiramente felizes.

Nota final para o título que expressa na perfeição a raiz desta fabulosa obra e que tem uma das mais belas citações que já li: “o meu tio dizia-me: “Se uma mulher te amar, e se tiveres a presença de espírito para avaliar a extensão desse privilégio, nenhuma divindade te chegará aos calcanhares”.

Como alguém dizia: “Qualquer leitor deveria ter um encontro com este sublime obra”

quinta-feira, 22 de março de 2012

Um Crime no Expresso do Oriente - Agatha Christie

Esta é a história mais conhecida da rainha dos policiais e aquela que, penso, a catapultou definitivamente para o estrelato e que a colocou como referência do género.
Conforme já o referi por variadas vezes, não sou um particular fã do género policial, pese embora, quando adolescente, tenha lido todos os livros de Sir Arthur Conan Doyle e do seu Sherlock Holmes, inclusivamente assisti à serie com o Jeremy Brett que, diga-se, é fabulosa e é a que melhor expressou os casos escritos por Conan Doyle.
No entanto este “Um Crime no Expresso do Oriente” não foi a minha primeira incursão nos policiais de Agatha Christie e do seu Hercule Poirot, no entanto e perdoem-me os seus imensos fãs, nunca entusiasmaram os seus policiais e a capacidade dedutiva do seu detective belga que ficou na história da literatura, mas que jamais teve o carisma de outros personagens que se confundem com os seus criadores.
E, neste livro, uma vez mais e embora o argumento esteja bem delineado e a autora consiga criar uma atmosfera de suspense e mistério, surge-nos um Poirot que, através da sua investigação e poderes dedutivos assentes em pequenos pormenores de observação que, de uma forma naturalmente propositada, nos vai passando despercebidos, consegue desvendar um estranho crime ocorrido no célebre Expresso durante uma viagem em que o próprio Poirot é passageiro. Para criar maior mistério, o comboio fica retido no meio do nada devido a uma tempestade de neve e é nesse contexto que ocorre o assassinato em que, obviamente, todos são suspeitos.
A partir daí desenvolve-se toda a investigação de Poirot e onde se começa a perceber alguns relacionamentos com a vítima. E, claro está, só no final do livro Poirot esclarece o crime, e após as suas explicações, conforme é clássico, ficamos com a sensação de que os factos narrados sempre nos indiciaram o criminoso.
No entanto e embora admita que é um caso que nos envolve, esta é uma história em que temos sempre a sensação, desde os primeiros momentos, que Hercule Poirot já possui factos suficientes para desconfiar de quem se trata o(a) assassino(a). Afirmo isso, pelas inquirições e pelo tom, por vezes algo arrogante e convencido do detective. Por outro lado, a meu ver, é inquestionável a forma algo ingénua, comparado com os tempos actuais, como Agatha Christie apresenta o crime, situa os personagens e interliga posteriormente os factos e as ligações entre os vários personagens. E isso é algo que nunca gostei nos policiais que li de Christie, pois fico sempre com essa sensação e dou por mim a pensar: “mas como é que essa gente podia adivinhar que a outra gente estava ou iria estar naquele local?”. Entendem?
Agora, tirando a história que não me cativou, acho a escrita de Agatha Christie simples e objectiva. Não está com grandes rodeios nem grandes descrições. Trata-se de um policial e ela escreve de uma forma a apresentar o crime vs factos. Pormenores vão desvendar os crimes e, no final, os factos encaixam, embora, alguns deles algo forçados. No entanto não coloco minimamente em causa a importância de Agatha Christie enquanto criadora de um estilo que ainda hoje tem seguidores, pois constate-se os imensos clichés que por aí se lêem em policiais e thrillers que nos levam precisamente a Agatha Christie.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Resultados do Passatempo “Branco”

O Blog NLivros e a Editora Saída de Emergência agradecessem a todos os participantes do passatempo “Branco”, que decorreu do dia 01 de Março até as 23:59 do dia 15 de Março.


Os Vencedores são:
83 - Celina Rodrigues - Bombarral
82 - Isalina Tavares - Mem Martins
 
Parabéns às vencedoras e continuação de boas leituras.

terça-feira, 20 de março de 2012

Soldados de Honra – Adrian Goldsworthy

Adrian Goldsworthy é Historiador especialista em História militar antiga e autor de vários livros de História, dos quais destaco o brilhante “O Fim do Império Romano” que li em 2011 e cujo conteúdo acho imprescindível para quem se interessa por esse império.

Este “Soldados de Honra” é a sua primeira incursão no romance histórico e, pese embora todos os detalhes históricos do livro, não se pode dizer que tenha sido bem conseguido.

Primavera de 1808. O exército francês ocupa a Espanha e Portugal, onde, os seus soldados, cometem atrocidades junto do povo que leva á revolta deste. A nível político, Napoleão domina a Europa exceptuando a velha Albion que se movimenta com os seus exércitos liderados por sir Wellesley com destino à Península Ibérica. Aí, irão ajudar a expulsar o invasor, e é precisamente esse o contexto da presente obra.
Pessoalmente e embora seja um interessado nessa época, não posso dizer que tivesse aprendido muito com este livro. O autor, e isso é compreensível, adopta a visão britânica e narra os acontecimentos dentro dessa perspectiva.
O livro está dividido em duas fases. A primeira parte transporta-nos ao quotidiano do exército britânico enquanto aguarda ordens para partirem para a guerra. Constatamos dos objectivos e interesses pessoais dos seus oficiais. Sinceramente, achei a primeira parte muito enfadonha, com pouquíssimos pontos de interesse. Os acontecimentos arrastam-se num nunca mais acabar de exercícios militares, conversas fúteis e menções a batalhões e postos militares. São pouco mais de duzentas páginas nisto e, enfim, são um suplício.
Já a segunda parte torna o livro bem mais interessante, salva-o a meu ver, e foi de maior utilidade cultural. Esta segunda parte narra toda a estratégia e movimentações militares de ajuda à libertação de Portugal do jugo dos franceses. Sempre do ponto de vista britânico, o autor demonstra apreço pelos soldados portugueses e maior apreço pela população que ajudou o exército britânico a enfrentar o inimigo. As descrições das batalhas são sangrentas e bastante reais, tornando o livro mais estimulante e de leitura compulsiva.
Agora, repito, essa segunda parte não salva de todo o romance. O estilo de Adrian Goldsworthy é muito pausado, nunca conseguindo libertar-se das amarras da narração Histórica. Não é cativante e facilmente damos por nós a perdermo-nos na sua leitura face ao tom madorrento e cheio de pormenores de postos e exercícios militares. Confesso que estive para desistir muitas vezes, mas e ao contrário do que é hábito, insisti porque queria seguir a direcção dos personagens britânicos e a sua interacção com os portugueses. Valeu a pena a espera, mas não o considero um bom romance histórico, sendo este livro ideal para quem de facto se interessa pelo tema, mas também não ficará a saber muito, sobretudo no aspecto das razões que levaram à invasão a Portugal pelos franceses e à posterior ajuda dos britânicos para os expulsarem.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Deus das Moscas (O) – William Golding


Embora o ponto de partida desta obra seja a de um grupo de crianças perdidas numa ilha deserta, o que nos poderá levar a pensar tratar-se de uma obra vincadamente aventureira, o Deus das Moscas trata-se na verdade de uma enorme alegoria ao Ser Humano e às suas características que o tornaram no ser dominante do planeta e, em simultâneo, a sua verdadeira essência ou, se quisermos, a sua essência primordial.

Como premissa, temos um avião que se despenha numa ilha deserta situada algures. A bordo, várias crianças (e alguns adultos que morrem no desastre) que, dessa forma e sem adultos, se vêm sozinhas e completamente livres. Está dado o mote para o que Golding nos reserva e, embora possa aparentar tratar-se de um livro sobre crianças que se metem em aventuras para pesquisar e descobrir essa ilha, o certo é que Golding traça-nos a complexa cadeia da sociedade humana com todas as suas vertentes, incidindo no que mais negro o ser humano possui.
É também importante ressalvar que William Golding procurou com esta obra criar uma metáfora às questões que se colocaram após a Segunda Guerra Mundial. Golding participou como soldado nesse conflito e célebre ficou a sua seguinte afirmação: “Qualquer pessoa que tenha passado por esses acontecimentos terríveis sem entender que o homem produz o mal como a abelha produz o mel estava cega ou louca”. Ou seja, por essa frase, facilmente se compreende ou se encontra analogias a este Deus das Moscas. Por isso, é importante olhar para esta obra como um grito do próprio Golding à sua percepção das propriedades imutáveis do Homo Sapiens.
É uma história que nos marca e que nos vai hipnotizando á medida que sulcamos pelas suas páginas. A ambição desmedida pelo poder é o polo que vai despoletar os conflitos que se iniciam à medida que esses miúdos vão se dando a conhecer. No entanto, bem ou mal, há uma construção de sociedade alicerçada em moldes muito frágeis mas que se vai mantendo numa linha muito fina que se rompe quando os conflitos se iniciam e os egos são colocados à prova. E, dessa prova de fogo, rompe, com uma forma monstruosa, as características maléficas que nos vão surpreender e assustar, pois facilmente constatamos que vivemos numa sociedade… igual.
Uma obra genial, assustadora e perturbante.

quinta-feira, 15 de março de 2012

domingo, 11 de março de 2012

1808 – Laurentino Gomes

29 de Novembro de 1807, D. João VI, acompanhado por 10.000 a 15.000 pessoas, todas elas, obviamente, ricas famílias e membros do clero e da casa real, foge de Portugal rumo ao Brasil, no que foi a maior e, penso, a única transladação de uma corte, fugindo e abandonando um povo ao “Deus dará” para procurar refúgio no desconhecido mas que, sabia esse reizinho, refúgio num local bem longe da confusão.

Confesso que D. João VI sempre me meteu nojo e, depois de ler este livro, mais nojo me mete e, refiro aqui, devia ser um personagem apagado da História de Portugal, pois nem merece a referência numa única linha da nossa História. Porém e isso é caricato, são os brasileiros que lhe devem alguma reverencia, pois e mesmo que continuem a ironizar e achincalhar com a sua personagem, a ele devem o país que hoje são e a sua identidade.

Não acreditam? Este livro prova-a de uma forma inequívoca.

Em fins de Novembro, D. João VI pira-se para o Brasil com toda a chusma de gentalha  vampírica que foi chupar o erário público. Nada do que não acontece hoje em dia, sabemos. Deixaram para trás um povo atónito que, abandonado à sua sorte, se viu sob o domínio dos franceses enquanto esse rei javardo se banqueteava com a sua horripilante a deficiente  mulher em terras de Vera Cruz. Claro que muitos acharam uma honra receber a corte no outro lado do oceano. Pouco depois, eram os ingleses que chegavam a Portugal e que, com a ajuda do próprio povo, defendiam o território luso enquanto esse reizinho cobarde engordava e descansava.

Laurentino Gomes traça todo esse panorama. Desde a partida cobarde e apressada até ao infeliz regresso. Nos entretantos, são aqui dessecados os 11 anos que a corte se manteve no Brasil e, sobretudo, da  imensa importância que essa fuga teve para a criação da identidade brasileira e da própria independência ocorrida dois anos após o regresso da corte a Portugal.

Confesso que a grande maioria dos factos aqui narrados, não eram do meu conhecimento. Achei irónico constatar que D. João VI foi uma personagem de facto muito importante da época e, mesmo a História referindo que foi o único que enganou Napoleão, o mesmo ter ficado como alguém que, com a sua política medrosa, fez edificar e unir um país que, sem esse acontecimento, hoje em dia, seria um conjunto de pequenos países independentes tendo apenas por base a mesma língua, como acontece com os países de expressão castelhana na América latina e do Sul.

terça-feira, 6 de março de 2012

Resultados do Passatempo “O Que o Dia Deve à Noite”

Estranhamente apenas participaram 75 pessoas neste passatempo para um livro de um autor fabuloso, quase desconhecido em Portugal. Em todo o caso, os meus agradecimentos aos participantes e, ao contrário do passatempo anterior, agora todos acertaram nas três questões formuladas.

As respostas às perguntas eram as seguintes:

      1) Onde se passa o romance?
R: Argêlia

2) Em quantos países estão traduzidos os romances de Yasmina Khadra? 
R: 17

3)                  3) Refira uma das obras de Yasmina Khadra?
          R: Ex: “As Andorinhas de Cabul”, “O Olimpo dos Desventurados", “O escritor”


Os Vencedores são:

32) Inês Margarida Rosa Rodrigues - Lisboa
65) Gabriela Paula - Lisboa

1) Ângela Guilherme - Sobral de Monte Agraço


Parabéns às vencedoras e continuação de boas leituras!

segunda-feira, 5 de março de 2012

Emigrantes – Ferreira de Castro


Publicada em 1928, Emigrantes é o primeiro grande sucesso de Ferreira de Castro e aquel2 que o coloca na galeria dos escritores portugueses de referência.

Precursoras do Neo-Realismo em Portugal, este seu primeiro romance  (antes havia escrito somente contos e novelas), narra a emigração para o Brasil de Manuel da Bouça, humilde homem que ganhava o sustento para a sua família no arranjo duas suas diminutas terras.

Nesta primeira fase, Ferreira de Castro descreve-nos a pobre aldeia perdida no interior de Portugal, onde a luta diária pela sobrevivência é uma constante, mas de uma forma humilde e honrada. É no campo que e o romance se inicia, e o autor, através de Manuel da Bouça, dá-nos uma visão do Portugal rural dos primórdios do século XX.

Farto de tanto trabalhar e quase nada ter, Manuel da Bouça ilude-se com a perspectiva de emigrar para o Brasil e ganhar muito e fácil dinheiro. Conforme era comum dos primeiros anos do século XX, em Portugal acreditava-se que bastava emigrar para o Brasil para se ficar rico em meia dúzia de anos, ideia que vincou e se solidificou até aos anos 50, 60, altura em que se desmistificou. Ferreira de Castro, como emigrante que foi, tinha conhecido na pele as ilusões e agruras da emigração e explora-o no livro, e é precisamente aí que reside a raiz, o âmago do livro.

Munido de enorme confiança na sua saúde e capacidade de trabalho, Manuel da Bouça parte assim para o Brasil com a ilusão de juntar muito dinheiro para, 5, 6 anos depois, voltar e comprar uns terrenos para poder construir uma moradia. Em simultâneo, a vontade de juntar dinheiro para o dote da sua filha que, em idade casadoira, é tempo de pensar nisso.
Mas, antes de partir, juntam-se dois personagens que irão ter um papel fulcral na moral do romance. Carrazedas, que emprestava dinheiro aqueles que queriam emigrar hipotecando, estes, as suas terras. E o Nunes, agente de viagens, que vendia passaportes e ilusões de riqueza fácil aos ingénuos camponeses. Estes dois, que se mantém em Portugal, são os únicos bem sucedidos, sendo curiosa a reacção de Manuel da Bouça quando regressa a Portugal. Ferreira de Castro é claro na constatação dos factos: não é unicamente trabalhando que se enriquece…

Manuel de Bouça chega assim ao Rio de Janeiro e, quando desembarca, logo procura um conhecido da aldeia que, supostamente, foi bem sucedido e que já é estabelecido. E logo aí recebe a primeira machadada quando, através da boca deste, ouve que no Brasil se trabalha apenas para se sobreviver.
Desiludido, mas não vencido, Manuel da Bouça parte rumo a uma fazenda de café no interior de São Paulo, onde irá trabalhar no duro, sem conseguir sair da miséria.
Este é um livro onde Ferreira de Castro expõe toda a sua experiência da emigração. Tendo emigrado cheio de ilusões para o Brasil com 12 anos, o autor depressa constatou das falsas concepções que navegavam desde sempre no seu imaginário. Obrigado a trabalhar no duro num seringal na selva amazónica, viveu em condições precárias até regressar a Portugal em 1919 sem dinheiro nos bolsos, segundo o próprio afirma. Se formos observar o percurso de Ferreira de Castro, depressa encontramos uma fortíssima similaridade com Manuel da Bouça. Sabe-se contudo, que o miolo do romance encontra-se no seu primeiro conto intitulado “Criminoso por Ambição”. Conto escrito em pleno seringal quando o autor tinha 14 anos e que foi nunca publicado. Contudo é o próprio que o afirma ter este servido como base para a escrita dos “Emigrantes”.

É um livro poderoso que destruía (temos de nos situar na época em que foi escrito) e desmistificava a ideia de emigrar para enriquecer. É um romance cruel, que nos atinge violentamente e que nos coloca na pele de um homem bom e humilde que crê que pelos seus braços pode construir um futuro melhor para si e para os seus. No entanto, a ilusão cai por base e apenas encontra miséria, fome e desgosto.

Mais um enorme livro de um autor que merecia maior destaque, pois é injusto, presentemente, as suas obras estarem votadas ao esquecimento.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Passatempo "Branco”


O blog NLivros, em colaboração com a editora Saída de Emergência, tem para oferecer 2 exemplares do livro "Branco" de Rosie Thomas.
  
Título: Branco
Autor: Rosie Thomas
ISBN: 9789896374044
Págs.: 320
Preço: 16,97€
Género: Romance

Sinopse:

Uma história cheia de paixão, heroísmo e todas aquelas coisas que nos mantêm a ler muito depois da hora de dormir

Um livro que nos mostra os limites do sacrifício humano, a auto-confiança, e o poder da compaixão.
Dois homens que enfrentam os seus demónios e uma mulher que persegue o seu próprio sonho.

Para Sam MacGrath um encontro fugaz com uma jovem num voo turbulento, é o suficiente para lhe mudar a vida. Loucamente atraído por ela, cede ao seu impulso e decide segui-la até ao Nepal. A jovem Finch Buchanan ingressa numa expedição aos Himalaias como médica, mas quando chega, reencontra um homem que nunca conseguiu esquecer. Al Hood fez uma promessa à filha: se conquistar o pico desta montanha, deixará a escalada para sempre. O Evereste eleva-se sobre o grupo, lindo e silencioso. Contra as ameaças do clima e da altitude, ergue-se a paixão e a força de vontade. As relações intensas entre Finch, Al e Sam, começam a desenrolar-se... Perante tamanho desafio, as consequências podem ser trágicas.

"Uma história cheia de paixão,heroísmo e todas aquelas coisas que nos mantêm a ler muito depois da hora de dormir "
-New Woman

"Uma leitura muito aprazível... Rosie Thomas escreve numa prosa magnífica e fluída, ela mostra uma compaixão rara e um entendimento real da natureza do amor."
-The Times


Rosie Thomas é a autora de vários romances famosos, onde se incluem bestsellers que atingiram tops de vendas, como White, The Potter´s House e, mais recentemente, Sol à Meia-Noite.
A escritora reside em Londres. Quando era já uma escritora reconhecida e os filhos estavam crescidos, descobriu a paixão das viagens e do montanhismo. Escalou já os Alpes e os Himalaias, participou no rally Pequim-Paris e, durante algum tempo, viveu numa pequena estação de pesquisa búlgara, na Antárctida. Para este livro, inspirou-se numa viagem ao Egipto e numa dramática incursão que fez ao deserto.




REGRAS DE PARTICIPAÇÃO:

1) O passatempo decorre a partir de hoje até às 23h59 do dia 15 de Março.

2) Só é aceite uma participação por pessoa. Participações duplicadas serão desqualificadas sem aviso.

3) Os vencedores serão sorteado aleatoriamente pela editora, sendo o anúncio dos vencedores efectuado por e-mail e publicado no blog.

4) Por motivos logísticos só serão aceites participações de residentes em Portugal.

As Respostas para as seguintes questões podem ser encontradas neste excerto


PASSATEMPO ENCERRADO