sábado, 26 de janeiro de 2013

Diz-me Quem Sou – Júlia Navarro



Esta foi a minha primeira incursão pela literatura da castelhana Júlia Navarro que, com o presente livro, tem a sua estreia no género “romance histórico”, ela que é conhecida pelos seus romances de mistério que tanto sucesso lhe deram.

No entanto, e segundo a própria autora, este género é aquele com que ela mais se identifica, planeando continuar dentro do género nos seus próximos romances.

“Diz-me Quem Sou” não é um romance magistral, tão pouco o considero um grande romance, antes sim, uma história que se lê bem, que entretém e que tem o condão, bem que a espaços, de nos empolgar e de querer continuar a ler, ou seja, a espaços torna-se um romance de leitura compulsiva face ao suceder dos acontecimentos, ao encadeamento da história.

No entanto, quanto a mim, tem falhas que não lhe permitem ascender ao patamar dos grandes romances, embora fisicamente seja dos maiores que li até hoje.

Basicamente a história centra-se em Amélia Garayoa, personagem que se alicerça nitidamente na lendária Mata-Hari. O livro inicia-se no presente com o jornalista Guillermo Albi, que se encontra desempregado e sem expectativas algumas (aqui nota-se a primeira critica de Júlia Navarro, pois refere várias vezes que a ausência de expectativa de Guillermo se deve à inexistência de cunhas) a ser incumbido pela sua tia em investigar a vida da sua misteriosa bisavó.

Mulher lendária, nome proibido na família, Guillermo aceita esse trabalho como qualquer outro, no entanto e há medida que vai desbravando a vida de Amélia, Guillermo começa-se a interessar cada vez mais pelo assunto, ao ponto de se tornar quase uma obsessão, pois descobre que a vida da sua desconhecida bisavó está para além daquilo que imaginava no início.

Guillermo viaja por meio mundo em busca do rasto de Amélia e, como esse trajecto, vai-nos desvendando a fascinante vida de uma mulher com uma personalidade forte, de uma imensa coragem cuja fidelidade e desejo de expiação a fez estar presente e tomar parte na Guerra Civil de Espanha, 2ª Guerra Mundial e na Guerra Fria. Em simultâneo, Navarro vai também delineando o surgimento dos regimes totalitaristas que se seguiram à Guerra Civil espanhola e o quanto perigosos foram e podiam ter sido se tivessem vingado. Nesse ponto é indiscutível que se trata de uma critica frontal a esses e quaisquer regimes totalitaristas e é inegável a semelhança entre os tempos que antecederem o surgimento desses regimes e os tempos actuais, ou seja, actualmente há um clima propício para o surgimento de regimes fascistas.

Obviamente que o livro tem informações ricas e diversas para serem constatadas ao longo da sua narrativa,  em todo o caso há vários pormenores que podiam ser melhores. Penso que podia ter explorado melhor os acontecimentos graves da Guerra Civil, algo que passa um pouco ao lado. Depois a história é-nos contada por vários protagonistas de diversas nacionalidades, e o que se percebe é que não há diferenças na forma narrativa que é algo monótona. Bem sei que é Guillermo que, na prática, nos narra a história, no entanto a forma como agem é muito semelhante, para não falar de conhecimentos que possuem que não era suposto terem porque não estavam lá, ou seja, nota-se alguma incoerência em vários aspectos da narrativa.

Porem, repito, o livro é bom e lê-se muito bem. Dá-nos uma perspectiva clara das dificuldades daqueles anos e transporta-nos até 1989 por uma Europa em polvorosa e em constates mutações.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Importância dos NOSSOS Blogues



Aí está uma notícia que vem de encontro aquilo que há algum tempo ando a dizer em vários locais.

Os blogues são, a par do facebook, um veículo muito mais útil e interessante que chega a um maior público, um público mais específico, do que a tradicional publicidade paga a peso de ouro.

Este artigo refere os blogues de moda, mas nas artes e, no nosso caso, na literatura, isso também se aplica. As editoras continuam agarradas a antigas noções que uma opinião só deve ser efectuada por críticos literários devidamente intelectualizadas e chatas que atingem apenas um público muito especifico. Continuam sem ver que a maioria que lê, são pessoas comuns que o fazem por prazer e que têm em conta opiniões de outras pessoas como elas.

Pessoalmente acho que quem tem um blogue, que quem tem trabalho com o mesmo e mantém parcerias com editoras, deve ir pelo caminho traçado pelos blogues de moda, pois e conforme disse uma vez numa tertúlia na Bertrand, as nossas opiniões são dadas de uma forma despretensiosa e cuidada (na maioria dos blogues) e não são meras ofertas de livros que “pagam” a publicidade que fazemos a todos os livros. Para mim isso é claro e basta-me ver o número de visitantes que o meu blogue tem no dia e nos dias a seguir a publicar uma opinião.

Temos que nos unir!

domingo, 13 de janeiro de 2013

A Estrada de Cormac McCarthy (Releitura)




Desde que li pela primeira vez, em Janeiro de 2008, “ A Estrada” de Cormac McCarthy, fui assaltada por vários figurações interpretativas do “universo” criado.

Não se trata de qualquer metáfora, mas já lhe observo uma analogia ou, se quisermos, uma antevisão de para onde a humanidade caminha inexoravelmente. Mas primeiramente o que sobressai desta fabulosa obra é a sua intrínseca narrativa que, por ela mesma, nos insere num mundo hostil com a capacidade de nos magoar e comover apenas face à forma como Cormac narra os acontecimentos.

O cenário criado é de uma desolação tão profunda, que nos assalta um sentimento de aflição devido à devastidão que pai e filho vão constatando através de uma paisagem árida, insana, onde as cinzas representam o esgotamento do planeta às mãos dos seres humanos.

No entanto o autor vai-nos dando sempre uma réstia de esperança, porém o que nos dá, tira, colocando essa esperança, a sua essência de uma forma quase inteligível, que se torna, ela própria desoladora e aflitiva. Passo a passo, quilómetro a quilómetro, pai e filho projectam os nossos medos num futuro plausível, numa caminhada para o inferno.

O mundo criado por Cormac McCarthy é assim, diria, um grito de aviso que nos incomoda e inquieta.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O Pior Livro - Na Sombra da Noite de J.R. Ward


A convidada desta semana é a minha amiga WhiteLady do blog “Este Meu Cantinho”, um blog que acompanho há muito tempo e que tem o condão de me continuar a surpreender face à criatividade da sua autora.

E o pior livro da White foi: 
O Pior Livro


"Quando recebi o convite para escrever sobre o pior livro que alguma vez li, lembrei-me logo de Constantino, Guardador de Vacas e de Sonhos de Alves Redol, mas cedo desisti pois pouco ou nada me lembro do livro, lembro-me apenas de pensar "ora assim se passou uma tarde que nunca vou ter de volta, que desperdício". Além disso, tenho a plena noção de que talvez os meus 14 anos não fossem o suficiente para entendê-lo. 

Assim sendo, pensei em falar sobre o pior livro que li este ano. E o prémio vai para... Dark Lover ou Na Sombra da Noite, o primeiro volume da série "Irmandade Negra" da autoria de J.R. Ward. 

Começo a ficar saturada de vampiros e seres sobrenaturais, mas há momentos em que acabam por servir para uma leitura breve e que entretém. Foi assim que peguei no livro e rapidamente me arrependi. Não me importo de alguma componente mais erótica mas este livro abusa de tal forma que parece que a história serve apenas para justificar as cenas de sexo entre os protagonistas. As personagens também têm pouca substância, ainda que uma ou outra se revelassem algo interessantes, assim como o mundo, mas não o suficiente para continuar a leitura do livro.

É um livro que ultrapassa as 300 páginas, por isso até poderia ser melhor explorado, mas o sexo constante e em situações que acho pouco plausíveis (há uma parte em que a protagonista sofre uma tentativa de violação e o que faz depois? vai para a cama com o primeiro vampiro que lhe aparece à frente *revirando os olhos*) tirou qualquer prazer à leitura. *pun intended*
"