segunda-feira, 22 de abril de 2019

Ele Está de Volta – Timur Vermes


Pessoalmente evito ler livros que não sejam minimamente verossímeis, principal razão pela qual não leio livros de fantasia, pois por muito que o autor se possa basear em factos, eventos ou sociedades reais, quando me deparo com dragões, elfos e demais criaturas míticas, logo o meu interesse esmorece ao ponto de nem me lembrar mais do que estou a ler.

Quando li a premissa do primeiro livro de Timur Vermes, confesso que fiquei um pouco receoso, pois o facto de começar com uma cena de Adolf Hitler a acordar num descampado nos dias actuais, sessenta anos após o seu desaparecimento, como se nada tivesse sucedido, criou-me alguma desconfiança, porém deixei-me levar pela menção de ser uma obra metafórica, mordaz e irónica sobre a actual sociedade, assentando, naturalmente, na actual sociedade germânica.

E não fiquei desiludido com o que li, pois efectivamente o livro efectua uma crítica corrosiva a toda a sociedade ocidental que estão a ser minadas por dirigentes conservadores de ultra direita que nos trazem à memória os líderes fascistas que proliferaram na primeira metade do século XX.

Porém a crítica é mais longa e toca em algo que nos deve fazer pensar. Sabe-se que o Ser Humano não aprende com os erros do passado. Parece que a memória da História Universal se apaga logo após duas gerações a terem vivido e isso o autor deixa claro quando constrói o ressurgimento de Adolf Hitler que apenas age como agiu a partir de 1921 quando se tornou o líder do partido alemão dos trabalhadores, futuramente denominado partido nazi. 

E como é que ele agiu?

Efectuando discursos inflamados, promovendo as suas opiniões sobre o antissemitismo e anticomunismo. A imprensa da altura achava-lhe graça e não lhe dava grande crédito. No entanto Hitler conseguiu, aos poucos, chamar a atenção do eleitorado até que chegou a Chanceler da Alemanha e, depois disso, é só ler nos livros de História o rumo que o mundo tomou.

Neste livro o paralelismo é semelhante.

Surgindo do nada, Hitler que tem apenas o só o mesmo discurso antissemita e ultra nacionalista, age como se o tempo não tivesse passado. A sociedade olha para ele como um cómico e não o leva a sério, porém aos poucos o cenário vai mudando e eis que o xenofobismo escondido se começa a revelar…

Embora ele seja ridicularizado, Hitler logo se apercebe da enorme mudança do Seu tempo com o actual e, conforme fez a partir de 1921, ele começa a utilizar de uma forma séria as redes sociais, tv e jornais (mais uma critica). Ele aproveita todas as oportunidades para aparecer, mesmo se apercebendo que as pessoas não o levavam a sério, ele sabia que tudo era uma questão de tempo até a sua mensagem começar a entrar e isso de facto começa a acontecer, começando a ganhar espaço e eis que surge em todo o se fulgor.

É um livro engraçado que serve também como alerta para o que estamos a viver, nomeadamente ao surgimento de vários líderes que têm discursos muito similares, discursos cheios de clichés, chavões e profundamente violentos, exacerbando ideias nacionalistas ou tendo como alvo minorias. Isso é visível hoje em dia em grandes países supostamente democráticos mas que elegeram dirigentes que copiam bem o estilo de Hitler, e isso é muito preocupante, até porque a História repete-se de forma constante e está no tempo de se repetir.



quinta-feira, 11 de abril de 2019

Opiniões Negativas

Um dos assuntos com que me deparei num Vlog que sigo, obviamente brasileiro, visto que vlogs literários portugueses não existem pelo menos com um mínimo de Qualidade (isso de partilhar, o brasileiro ganha por goleada), foi o impacto de darmos uma opinião negativa sobre algum livro e a reacção/comentário de quem lê e não concorda.


Pessoalmente sou implacável quando não gosto de determinado livro, justificando a minha opinião negativa e estou-me completamente nas “tintas” para se essa opinião vai ou não agradar a quem a lê. Até porque há muita coisa que não abro mão e uma dessas coisas é a minha independência e sinceridade, assim como o respeito que sinto por quem emite a sua sincera opinião.


Outra questão que ela coloca é se uma opinião negativa que leio me impede de ler o livro em questão.
 

Depende!


Já tenho lido opiniões negativas que me fazem desistir de ler algum livro, mas também já tenho lido livros cuja opinião não é muito positiva. Depende de vários factores, um dos quais é perceber se quem está a dar uma má opinião a fundamenta, mas sobretudo depende se conheço ou não alguma da obra desse escritor e do género. Mas é um facto que assumo: várias opiniões negativas têm feito com que desista da leitura de determinados livros.


terça-feira, 9 de abril de 2019

Clichés que mais me irritam


Para qualquer leitor, não há nada mais irritante, do que se deparar com aquele(s) cliché(s) que denotam pouca criatividade ou mesmo um aproveitamento de situações por parte do(a) escritor(a).


Bem sei que há alturas no enredo que se torna difícil não repetir uma fórmula vencedora, e isso até é plausível, mas existem alguns clichés que se tornam absurdos e que cortam o ritmo ao leitor, aliás, já me deparei com clichés que, simplesmente, me fizeram desistir da leitura.


Quando estava a ler um determinado livro, fui-me deparando com alguns desses clichés que serviram de ponto de partida para este post: Os clichés que mais me irritam:



- Sabem aquela cena de suspense, no clímax da cena, no auge da tensão, quando estamos à espera que algo de terrível vá suceder, eis que surge um gato ou qualquer outro animal (geralmente são gatos) que, pacifica e tranquilamente se passeiam;



- O investigador/detective espertalhão, engatatão, solitário, bêbado e desarrumado que vive para o trabalho e é um génio na detecção de pequenos indícios que levam à descoberta assassino;



- Cenas intimas ou piadas estúpidas em cenas catastróficas. No meio da acção, com o mundo a desmoronar, eis que surge, metida a martelo, uma qualquer cena intima entre os protagonistas ou então o personagem principal diz uma piadola estúpida;



- O vilão quando tem oportunidade de “acabar” com o herói, resolve, depois de o ter espancado, conversar bastante, aproveitando para contar episódios ou mesmo toda a sua vida ao herói, que, bastante combalido, o ouve paciente e pacificamente dado o seu estado. Depois vai-se embora ou então acontece qualquer coisa que permite ao herói sair dali intacto;



- A referência a marcas. Isso é muito típico na literatura norte-americana. As referências a marcas locais são aborrecidas, cortam o ritmo e tornam o livro super-comercial. Bem sei que a maioria tem protocolos de publicidade com essas marcas, mas enquanto leitor, aborrecem-me.



- Algo que me irrita também é quando, e isso aplica-se também ao cinema, um grupo sai para investigar algo de perigoso (psicopata, criminoso, entidade paranormal, etc) e resolvem-se separar… estúpido! No fim morrem todos excepto um deles que passa por situações completamente inverosímeis e escapa ileso destruindo a entidade maléfica.