sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Vaticanum – José Rodrigues dos Santos



Conforme é do conhecimento de muitos, sou um apreciador dos livros de Rodrigues dos Santos. Não pela qualidade literária, porque isso de facto tem muito pouca, mas porque os livros dele preenchem um dos principais requisitos que a meu ver tem de estar contido num livro: entretém. Para além do entretenimento, os livros dele são um manancial de informação que, obviamente, podem agradar mais a uns do que a outros pela temática, mas é facto é que os livros dele possuem sempre muita informação.


Em todo o caso e pese embora já os tenha lido todos, há livros que gostei muito e outros que nem por isso. Confesso que, por exemplo, os últimos livros dele não me têm agarrado por aí além, mas recordo sempre com saudades livros como “A Filha do Capitão”, “Codex 632“ ou “A Fórmula de Deus”, livros, quanto a mim, muito bem conseguidos e que despertaram a minha curiosidade sobre os temas abordados.


Este último volta a colocar em cena o historiador/detective/criptanalista Tomás Noronha que se encontra nas catacumbas do Vaticano a analisar o suposto túmulo de Pedro, o Apóstolo de Jesus Cristo que, segundo a História, deu origem à Igreja Católica, sendo considerado o Primeiro Papa.


O enredo passa-se todo num simples dia, uma aventura vertiginosa que se inicia quando o Papa é raptado por alegados membros do Estado Islâmico e que, segundo estes, será decapitado em directo à meia-noite se os países católicos não se converterem ao Islão ou não pagarem um suposto valor que está referido no alcorão.


Obviamente que depressa Tomás Noronha se vê envolto nos acontecimentos e é vertiginosa toda a acção.


Pese embora o objectivo central do livro seja a corrupção no seio do Vaticano, o livro quanto a mim peca em vários factos que acabam por lhe dar pouca credibilidade, isso na junção entre o enredo ficcional e o verídico. Penso que um dia apenas é muito pouco para 600 páginas de alucinantes correrias. Os diálogos sobre a corrupção são colocados um pouco à força. Poucas horas antes do prazo terminar, Tomás está em amena cavaqueira de dezenas de páginas sobre os meandros mafiosos que abalam o Vaticano. 


Depois no final tudo se desenrola em poucos minutos e, obviamente, o final é o esperado com as habituais “mariquices” que o autor, a meu ver, desnecessariamente, continua a insistir em colocar nas suas histórias.


Em todo o caso e embora tenha gostado do livro, o mesmo não me criou um grande pasmo, pois já li várias obras sobre corrupção no Vaticano, algumas das quais vêm referidas na Nota Final, ou seja e ao contrário de outras obras, Rodrigues dos Santos não nos conta nada de novo, limita-se a limar certos factos amplamente conhecidos e a aproveitar o que muitos já escreveram sobre o tema.


Sinceramente esperava um pouco mais, pese embora, repito, seja um bom livro da Série “Tomás Noronha” que, e isso é algo que quero realçar, se mostra um pouco mais “adulto” em relação a outras aventuras suas.