Um livro extraordinário
Desconhecia por completo a obra do espanhol Pérez.Reverte, no entanto este livro espicaçou ainda mais a minha curiosidade acerca do autor, sobretudo na forma como fui arrebatado por esta narrativa.
“O Hussardo” é um livro pequeno que se lê em cerca de 3 horas, que situa a acção em 1808 na Andaluzia aquando da invasão do exército de Napoleão a Espanha. A acção temporal é apenas uma noite e um dia, porém 24 horas “n” situações acontecem, sobretudo no que concerne à psique humana e à atitude face à guerra.
Mas vamos por partes.
Frederic Glüntz, jovem alferes do regimento de Cavalaria de Hussardos de Napoleão prepara-se, orgulhosamente, para a sua primeira batalha.
Cheio de ideias e imagens românticas de valentia e honra, Glüntz apoia-se nos ensinamentos recebidos na escola militar e na utópica ideia da invencibilidade do destacamento de Hussardos e do endeusamento de Napoleão. Até porque, e isso é importante referi-lo porque vai influenciar a prestação de todo o exército, há uma imensa falta de respeito pelos guerrilheiros indígenas. Tudo isto por volta de 1808, 4ª invasão francesa, e já num altura em que os espanhóis se começam a revoltar, depois de anos aliados aos franceses, sendo estes dois países responsáveis pelas invasões a Portugal e pela destruição, mortes e roubos que provocaram. É nessa altura que Olivença é usurpada por Espanha e milhares de obras-de-arte são roubadas pelos espanhóis e franceses, algumas das quais ainda hoje se podem ver nos museus do Prado e do louvre. Mas isso são outras contas, e não resisti a situar os acontecimentos neste livro numa época que tanto tocou a Portugal.
Logo, li este livro sem grandes paixões por qualquer lado. Embora admira a Revolução Francesa, não sou um admirador de Napoleão, um assassino, um ditador ai nível de Hitler, Mussolini ou Estaline.
Mas continuemos.
Sedentos de sangue, Glüntz cria uma imagem da guerra assente em contos heróicos, imaginado-se a carregar nos aterrorizados guerrilheiros espanhóis, coroando-se de glória e olhares apaixonados das mademoaiselles.
Porém, e na segunda parte do livro, Glüntz, já no clamor insano da batalha, apercebe-se da realidade nua e crua, no terror e insanidade da guerra que o conduzirá a uma profunda reflexão sobre a morte e o sentido da vida, de todos os valores que, romanticamente, levaram milhares de jovens a combater por algo quimérico.
Face à crueldade da guerra, descrita de uma forma brilhante por Reverte, Glüntz percebe a ilusão da sua vida e da incoerência de tudo aquilo para, no fim, aperceber-se também o quanto enganado estava acerca da valia dos guerrilheiros, supostamente cobardes e sem treino militar.
Em poucas páginas Reverte retracta assombrosamente algumas das mais elementares razões humanas: a sobrevivência e o medo diante da insensatez da guerra.
Um livro excelente!
Desconhecia por completo a obra do espanhol Pérez.Reverte, no entanto este livro espicaçou ainda mais a minha curiosidade acerca do autor, sobretudo na forma como fui arrebatado por esta narrativa.
“O Hussardo” é um livro pequeno que se lê em cerca de 3 horas, que situa a acção em 1808 na Andaluzia aquando da invasão do exército de Napoleão a Espanha. A acção temporal é apenas uma noite e um dia, porém 24 horas “n” situações acontecem, sobretudo no que concerne à psique humana e à atitude face à guerra.
Mas vamos por partes.
Frederic Glüntz, jovem alferes do regimento de Cavalaria de Hussardos de Napoleão prepara-se, orgulhosamente, para a sua primeira batalha.
Cheio de ideias e imagens românticas de valentia e honra, Glüntz apoia-se nos ensinamentos recebidos na escola militar e na utópica ideia da invencibilidade do destacamento de Hussardos e do endeusamento de Napoleão. Até porque, e isso é importante referi-lo porque vai influenciar a prestação de todo o exército, há uma imensa falta de respeito pelos guerrilheiros indígenas. Tudo isto por volta de 1808, 4ª invasão francesa, e já num altura em que os espanhóis se começam a revoltar, depois de anos aliados aos franceses, sendo estes dois países responsáveis pelas invasões a Portugal e pela destruição, mortes e roubos que provocaram. É nessa altura que Olivença é usurpada por Espanha e milhares de obras-de-arte são roubadas pelos espanhóis e franceses, algumas das quais ainda hoje se podem ver nos museus do Prado e do louvre. Mas isso são outras contas, e não resisti a situar os acontecimentos neste livro numa época que tanto tocou a Portugal.
Logo, li este livro sem grandes paixões por qualquer lado. Embora admira a Revolução Francesa, não sou um admirador de Napoleão, um assassino, um ditador ai nível de Hitler, Mussolini ou Estaline.
Mas continuemos.
Sedentos de sangue, Glüntz cria uma imagem da guerra assente em contos heróicos, imaginado-se a carregar nos aterrorizados guerrilheiros espanhóis, coroando-se de glória e olhares apaixonados das mademoaiselles.
Porém, e na segunda parte do livro, Glüntz, já no clamor insano da batalha, apercebe-se da realidade nua e crua, no terror e insanidade da guerra que o conduzirá a uma profunda reflexão sobre a morte e o sentido da vida, de todos os valores que, romanticamente, levaram milhares de jovens a combater por algo quimérico.
Face à crueldade da guerra, descrita de uma forma brilhante por Reverte, Glüntz percebe a ilusão da sua vida e da incoerência de tudo aquilo para, no fim, aperceber-se também o quanto enganado estava acerca da valia dos guerrilheiros, supostamente cobardes e sem treino militar.
Em poucas páginas Reverte retracta assombrosamente algumas das mais elementares razões humanas: a sobrevivência e o medo diante da insensatez da guerra.
Um livro excelente!
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