Ana Eduardo Santos tem presentemente uns 24 anos. Este livro que me proponho agora a opinar foi escrito quando ela tinha apenas 15 anos. E pergunta-se: Como é que se publica com 15 anos? Cunhas? Também, mas neste caso é porque venceu o Prémio Revelação APE em 1998, na área da ficção.
Pessoalmente acho que ninguém é um bom escritor antes dos 40 anos. Mesmo escritores consagrados que conseguiram publicar antes dos 40, ou tiveram pouco sucesso ou essas obras são sempre alvo de diversas críticas por parte dos próprios autores. Independentemente de actualmente haverem vários escritores, e alguns já com bastante sucesso, com menos de 40 anos, ou ainda de existirem escritores que realizaram grandes obras antes dessa idade, o que quero dizer é que só se pode ser um bom escritor depois da pessoa amadurecer, pois grande parte do que o escritor transporta para as suas obras é fruto da sua vivência e experiência pessoal, sem falar na obrigatoriedade de ter lido muito.
Então que esperar de um livro escrito por uma adolescente de 15 anos?
Eu esperava pouco, mas não estava à espera de esse pouco ser quase nada.
A história é simples: uma rapariga com 15 anos, obviamente, passa os seus dias entre a casa e a escola onde, na companhia de uma amiga, se entretém com o que dão nas aulas e no pouco que discutem quando estão a almoçar. Em casa, Laura, a tal menina de 15 anos, gosta imenso de desenhar e escrever (estudar é mentira) e é devido a um personagem que ela cria, o Alfredo, que de repente e de uma forma muito mal construída, lhe surge, vindo do nada, um outro mundo: o mundo da fantasia. Ou seja, às tantas e depois de só levarmos com clichés atrás de clichés de um mundo, para mim pouco ou nada atraente, da adolescência, surge-lhe em carne e osso o Alfredo, a sua personagem fictícia... depois inicia uma viagemzitas entre o mundo do Alfredo (Alfri às tantas e para os amigos) e o de Laura (o nosso mundo), tudo num absurdismo modorrento, obtuso e medonhamente enfadonho.
Não pretendo perder mais tempo com esta estopada. Pequeno (156 págs.) que levei mais de um mês para o ler e apenas o conseguindo porque me obriguei a ler cerca de 5 págs. por noite (e mesmo assim fugia quando podia, era inventar pretextos atrás de pretextos). Mas esta é uma história que, até posso admitir, possa granjear admiração principalmente na faixa etária abordada, mas para mim, tornou-se um castigo, um calvário interminável.
Pior só mesmo os livros de Margarida Rebelo Pinto.
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