Stonehenge situa-se na zona de Wiltshire, zona rica em ruínas pré-históricas com mais de 350 sepulturas que servem de testemunhas a uma intensa actividade que, outroura, dominou a planície de Salisbury.
Constituído actualmente por um anel de monólitos de arenito ligados por inúmeros lintéis e com uma altura de 5 metros, Stonehenge é apenas uma sombra do monumento/construção que um dia foi. Conhecido pelos saxões por Pedras Erectas "Stonehenge" ou "Hanging Stones" (Pedras Suspensas), enquanto que na época medieval eram conhecidas por "Dança de Gigantes", Stonehenge foi, provavelmente, construída há cerca de 5.000 anos, sendo então constituído por uma formação circular em torno da qual se dispunham 56 fossas formando assim um anel. Investigações efectuadas na segunda metade do séc. XX, colocaram a descoberto evidências claras de uma avenida de monólitos que ligavam o monumento ao rio Avalon, a cerca de 3,2 km de distância. Esses monólitos, assim como aqueles utilizados para edificarem Stonehenge, foram extraídos e transportados desde a zona Sul do País de Gales, a cerca de 320 km de distância. Todo este cuidado e preciosismo dá-nos uma clara ideia da grande importância que Stonehenge constituiu para os seus construtores. Sabe-se também que o monumento teve várias etapas de construção, pois cerca de 1500 após o início da edificação, ainda se procedia a arranjos finais.
Stonehenge é um assunto extraordinário que levanta muitas e pertinentes questões:
Quem a construiu? Qual a sua finalidade? Porquê a necessidade daquele tipo de pedras (pedra-lipes e arenito do País de Gales)? E mais extraordinário fica este mistério quando se sabe que ali foram celebrados ritos funerários; que Stonehenge constituía um sofisticado meio de observação do céu; que se podia tratar de um poderoso templo cósmico dedicado aos doze deuses do zodíaco; que o monumento aponta o exacto momento do nascer do Sol quando os dias são mais longos e, mais extraordinário, como foi possível transportar enorme blocos de pedra de arenito a uma distância tão grande (há uns anos tentou-se recriar esse transporte apenas com as ferramentas da altura e, essa experiência constituiu-se como um autêntico fracasso).
E mais há para dizer. Bernard Cornwell teve a coragem de abordar de frente este mistério e essa coragem é de salientar e louvar.
Famoso pela forma realista e excitante como descreve mundo antigos, Cornwell é, na minha opinião, um dos melhores escritores de romances históricos, sendo autor de uma das melhores obras que alguma vez li: "Crónicas do Senhor da Guerra", e precisamente por ter aquele dom da escrita, de Bernard Cornwell espera-se sempre uma grande narrativa e, afirmo aqui, ele também tem essa responsabilidade.
Neste livro e embora seja impossível não fazermos comparações com a obra acima referida, Cornwell não foge às expectativas, criando um romance excitante, com acção e bastante realista de uma época distante onde existem poucas evidências dos seus habitantes, quanto mais da forma de eles pensarem e agirem.
Na base do livro, embora o seu objectivo seja a construção de Stonehenge, estão três irmãos filhos do chefe de Ratharry, cujos feitios e ambições são completamente distintas. Nessa trilogia de amizades, interesses e conflitos, os mitos, crenças e medos vão interagindo de uma forma convincente com o povo e com o leitor, dando assim origem ao desenvolvimento de uma obra que porá em evidência a supremacia da sua tribo no seio dos Deuses, um importante legado para que jamais esqueçam aquele povo: Stonehenge. E assim Cornwell, assente em profundas pesquisas sobre o tema, dá-nos a sua visão e teoria sobre o assunto: Foi um monumento construído para efeitos religiosos. Talvez!, digo eu.
Uma obra que me apaixonou, sobretudo pela forma como Cornwell dá vida aos personagens, pela forma como consegue tornar real as suas descrições e, principalmente, volto a repetir, pela sua enorme coragem em, através do romance histórico, abordar um assunto que mais ninguém abordou.
Uma narrativa excelente, mas que perde um bocado, pelo menos em relação a "Crónicas do Senhor da Guerra", pela quase ausência de suspense, ou seja, Cornwell não tem muito para explorar em relação a batalhas e acontecimentos sangrentos, facto que fazem de "Crónicas do Senhor da Guerra" uma obra monumental.
Um livro que aconselho e que consegue dar uma visão realista desses tempos tao longínquos e desconhecido.
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