domingo, 29 de junho de 2008

Perfumista (O) - Joaquim Mestre

O Perfumista tem como pano de fundo a 1ª Guerra Mundial e a Pneumática que devastou milhares de vidas na Península Ibérica após 1918.

Tem também como pano de fundo a arte de perfumista, criador das mais variantes aromas que enlouquecem homens e mulheres. Um artificie que tem tanto de antigo como de misterioso.

Toda a acção passa-se no Alentejo, num Portugal rural, supersticioso, pouco desenvolvido e ainda agarrado aos ideais monárquicos.

Numa determinada região alentejana, um homem apaixona-se por uma mulher. Em busca de uma vida melhor, este homem emigra para a grande cidade no sentido de aprender uma profissão que muito tem a ver com ele: Perfumista.

Anos depois regressa á vila e aí desposa essa mulher ficando ambos a viver, na companhia da mãe dela, numa grande casa onde aí montam um negócio de perfumista que lhes irá trazer fama.

Pouco tempo depois este homem é incorporado no corpo expedicionário português e é enviado a combater em França, na terríveis trincheiras.

Por essa altura surge, tal como um furacão, a Pneumática que arrasa milhares de famílias, ao mesmo tempo que o Corpo Expedicionário é arrasado em La Lys.

Gostei muito deste romance.

É um romance onírico, cheio de magia que se assemelham ao mundo mágico de Marquez. É inegável a semelhança de estilo de Marquez (esta vila faz lembrar a aldeia dos Buéndia), notando-se também fortes semelhanças com o estilo de Saramago não faltando, na história, um descendente de Baltazar Sete-Sóis.

Foi um livro que me deu muito prazer ler. A história é terna, dura e tomada por aromas díspares que se soltam página a página, palavra a palavra.

Considero este livro um dos excelentes livros da nossa literatura dos últimos anos.

4 comentários:

Célia disse...

Eu sei que o preconceito é estúpido, mas leio pouca coisa de autores portugueses... E acredito que haja por aí muito livros a merecerem ser lido.
Deste, nunca tinha ouvido falar. Mas ficou registado! :)

Pedro disse...

Não estou como a Canochinha, é verdade que livros internacionais são os mais lidos mas não deixo de ter os nacionais. Principalmente os clássicos, que para mim são os melhores (Almeida Garrett, Júlio Dinis, Eça de Queirós, etc.). José Rodrigues dos Santos está no meu top e leio vários livros nacionais, de todos os géneros de literatura.

Não conhecia o livro nem o autor, mas já tinha visto a capa... Uma vez que tem a 1.ª Guerra Mundial como cenário, não deixa de me atrair, principalmente depois da leitura de "A Filha do Capitão"... =)
A história parece mesmo interessante, amor e guerra formam quase sempre uma história bela. Com as tuas comparações, parece ser um tipo de escrita muito forte, pelo que ficou apontado. =)

NLivros disse...

Viva canochinha.

Percebo perfeitamente esse preconceito até porque eu ainda sou da geração onde o que era português era mau, independentemenmte do que fosse.

Em relação à literatura, a meu ver, temos excelentes autores.

Este é um novo autor e dada a qualidade desta obra, parece-me que será mais um a ter em conta, pelo menos esse não é lixo editorial.

Se calhar para alguns iluminados é, mas não!

;D

NLivros disse...

Olá Pedro!

Temos autores fenomenais que, costumo dizer, se fossem britânicos, franceses ou americanos, eram tidos como clássico e dados nas grandes faculdades.

Recordo-me de Eça, Saramago, Pessoa, Dinis e Torga.

Destaco também Rodrigues dos Santos (também eu sou um fã), Luis Miguel Rocha (Um País Encantado é sublime), Luísa Beltrão, Mário de Carvalho entre outros.

Nenhum destes fica nada a dever a qualquer autor que conheço.

Se gostas de romances que tenham como pano de fundo ou principal a 1ª Guerra Mundial (eu adoro) então aconselho-te este: http://nlivros.blogspot.com/2007/07/canto-dos-pssaros-o-sebastian-faulks.html