Trilogia de Nova Iorque foi, até agora, o único livro que li de Paul Auster. Aproveitando a sua saída na Colecção do Público “Mil Folhas”, este livro revelou-se um policial por excelência.
Contendo três histórias que se interligam e em que a busca ou a vigilância de alguém a alguém é um factor comum em todas elas.
Não sendo o meu estilo preferido, aliás, é mesmo um estilo que me enfadonha um pouco, embora ainda hoje recorde a obra de Conan Doyle (Sherlock Holmes), obra que devorei na adolescência, mas e como ia dizendo, fiquei agradado com a forma como Paul Auster desenvolve as histórias e a com a imprevisibilidade das mesmas, pois todas as três tiveram o condão de me surpreender.
O cenário de fundo é a cidade de Nova Iorque e, nas três histórias, a realidade mistura-se com a ficção, sendo o próprio leitor a definir onde acaba e começa essa ficção, ou seja, Auster joga brilhantemente com as palavras, criando assim três argumentos onde é possível ser o leitor a definir qual a ficção que mais lhe agrada (é um pouco confuso, mas não encontro forma de explicar melhor). Isso é brilhante e profundamente desconcertante. Paul Auster joga também com a nossa percepção dos acontecimentos e é exímio mesmo na forma incoerente como cria toda uma ilusão.
Auster revela-se um mestre nessa mistura. Consegue misturar histórias distintas, baralhando o leitor que não consegue definir e separar com exactidão o começo, fim e conteúdo dessas histórias, porque em todas elas existe um fio condutor análogo que lhes dá uma só identidade. Confuso? Experimentem ler!
Na primeira história “Cidade de Vidro”, um escritor de romances policiais vê-se envolvido numa terrível confusão que começa quando recebe telefonemas a perguntar por Paul Auster. Ele não é esse homem, mas resolve adoptar essa identidade e responder afirmativamente...
Na segunda história “Fantasmas”, Blue, um detective particular, recebe a incumbência de vigiar um homem chamado Black...
Na terceira, “Quarto Fechado”, uma busca no passado da sua identidade, um conto desconcertante...
Um livro muito interessante. Um livro que se revela um jogo, aliás, um género de puzzle onde as peças de todas as três histórias de vão encaixando aqui e ali, formando um puzzle gigante.
3 comentários:
Esta quinta estreia em Portugal um filme basaeado no livro das ilusões de Paul Auster e filmado nas Azenhas do Mar.
Por acaso desconhecia, mas deve ser interessante.
Paul Auster é daqueles escritores dos quais nutro um especial interesse. O que li dele gostei, no entanto sinto que ainda tenho que ler muito para compreender a sua literatura.
Cump.
Nuno
Se me permite, de Paul Auster aconselho "Timbuktu".
A mim marcou-me de uma forma tão positiva e forte que, estranhamente, sinto uma certa hesitação em escolher um novo título do autor. Como não sei quase nada sobre a sua bibliografia, tenho receio de escolher algo que fique muito aquém de "Timbuktu"...
Enviar um comentário