Vencedor do Prémio Pulitzer, Cormac McCarthy era um autor até agora desconhecido para mim até há bem pouco tempo. Dono de uma escrita que de facto faz lembrar José Saramago, penso, contudo que tem um dom apenas atribuído aos Grandes Escritores: sabe transmitir sensações através das palavras, descrever estados de espírito e as mais íntimas sensações humanas.
“A Estrada”é um livro que tem tanto de belo como de chocante.
Num futuro próximo o mundo caí numa era apocalíptica. A grande maioria das pessoas morreram e tudo se encontra devastado, coberto por cinzas.
É este o cenário que irá envolver toda a narrativa dando-nos, logo no seu início, uma visão dantesca do mundo onde estamos a penetrar.
Um clima agreste onde a solidão reina a par com o sofrimento que abalou o planeta. A ausência de vida é algo transversal em toda a história e a luta pela sobrevivência, dos poucos sobreviventes, é feroz. Contudo há uma questão que salta logo nas primeiras páginas: sobreviver para quê num mundo sem presente e sem futuro?
Um pai e um filho caminham numa estrada. Empurrando um carrinho de compras com todos os seus parcos haveres, eles dirigem-se em direcção ao mar na esperança de lá encontrarem outras pessoas “boas”.
Durante essa caminhada vão-se apoiando no amor que nutrem um pelo outro numa odisséia onde a solidão e a tristeza contrapõem com o constante jogo do “gato e do rato”.
Pessoalmente penso que existe uma grande similaridade desta odisseia com a de Homero, sobretudo na utopia de chegar a um objectivo antevendo vários perigos que se atravessarão no seu caminho. Uma e outra a esperança nunca morre numa luta diária num mundo irreal.
É uma obra que nos faz ver para onde, se calhar, caminham as sociedades puramente consumistas onde os ideais se vão perdendo assim como se vai retirando a esperança de sonhar. O que é o ser humano nesse contexto, a perda total de valores e piedade que nos aproximam, quanto a mim ultrapassam, os animais ditos irracionais..
McCarthy é exímio nas palavras e nas descrições. A forma crua como vai narrando, entranha-nos na alma, faz-nos sofrer. Basta ver que, a certa parte do livro o pai diz ao filho: “desculpa não ser azul”, “não faz mal”, diz o rapaz (sobre o mar).
“A Estrada”é um livro que tem tanto de belo como de chocante.
Num futuro próximo o mundo caí numa era apocalíptica. A grande maioria das pessoas morreram e tudo se encontra devastado, coberto por cinzas.
É este o cenário que irá envolver toda a narrativa dando-nos, logo no seu início, uma visão dantesca do mundo onde estamos a penetrar.
Um clima agreste onde a solidão reina a par com o sofrimento que abalou o planeta. A ausência de vida é algo transversal em toda a história e a luta pela sobrevivência, dos poucos sobreviventes, é feroz. Contudo há uma questão que salta logo nas primeiras páginas: sobreviver para quê num mundo sem presente e sem futuro?
Um pai e um filho caminham numa estrada. Empurrando um carrinho de compras com todos os seus parcos haveres, eles dirigem-se em direcção ao mar na esperança de lá encontrarem outras pessoas “boas”.
Durante essa caminhada vão-se apoiando no amor que nutrem um pelo outro numa odisséia onde a solidão e a tristeza contrapõem com o constante jogo do “gato e do rato”.
Pessoalmente penso que existe uma grande similaridade desta odisseia com a de Homero, sobretudo na utopia de chegar a um objectivo antevendo vários perigos que se atravessarão no seu caminho. Uma e outra a esperança nunca morre numa luta diária num mundo irreal.
É uma obra que nos faz ver para onde, se calhar, caminham as sociedades puramente consumistas onde os ideais se vão perdendo assim como se vai retirando a esperança de sonhar. O que é o ser humano nesse contexto, a perda total de valores e piedade que nos aproximam, quanto a mim ultrapassam, os animais ditos irracionais..
McCarthy é exímio nas palavras e nas descrições. A forma crua como vai narrando, entranha-nos na alma, faz-nos sofrer. Basta ver que, a certa parte do livro o pai diz ao filho: “desculpa não ser azul”, “não faz mal”, diz o rapaz (sobre o mar).
Sem dúvida um dos melhores livros que li até à data e um escritor que é, sem dúvida, um dos melhores escritores da actualidade.
5 comentários:
Também para mim, McCarthy foi uma magnífica surpresa. Acabei de ler "Este País Não É Para Velhos" e confesso que não morri de amores, o que não me surpreende, pois escrever 3 livros excepcionais em apenas uma vida seria desafio excessivo para as probabilidades.
PS: iceman, não me leves a mal mas tens que corrigir o verbo “haver” da primeira frase deste teu post…
Li este livro há pouco tempo e também gostei muito... é soberbo! Já agora, o livro irá ser adaptado ao grande ecrã e encontra-se de momento em fase de pré-produção.
Lol, já alterei a forma verbal e claro que não levo a mal.
Esse "País não é para velhos" ainda não li. No entanto li "A Estrada", "Filho de Deus" (que também gostei) e o "Guarda do Pomar" (este não apreciei).
O livro que vocês agora andam a ler e a comentar (Meridiano) está debaixo de olho e é com interesse que sigo o vosso blog. Parece-me de facto ser um excelente livro.
Viva canochinha.
Sim, de facto já li algures que estava em fase de produção a adaptação deste filme e inclusivamente referiam os actores convidados.
Independentemente dos actores, penso que não é muito difícil efectuar essa adptação, só tenho é algumas reservas se o filme conseguirá transmitir a imensa angústia que o livro transmite.
Iceman,
muito obrigado pela atenção. Estive a ler as tuas opiniões e gostei imenso, sobretudo da forma como expões a tua opinião.
Não resta sombra de dúvida na minha mente. O Sr. McCarthy fará parte das minhas leituras.
Um abraço.
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