Situando-se nas décadas de 20 e 30, ora na Azinhaga, a aldeia onde nasceu, ora em Lisboa, para onde veio viver com os pais ainda bebé, vamos conhecendo o lado humano do escritor, as suas raízes e vivências, as suas mais profundas recordações, traumas e até aventuras e desventuras de um menino igual a tantos outros que, ele próprio o admite, teve uma infância feliz.
Mas é inegável o acerto de contas com algumas das suas memórias, sobretudo no que respeita a memórias familiares.
Este é um livro que, admito, deve interessar mais aos “amantes” de José Saramago como é o meu caso. O estilo está lá todo, assim como os jogos de analogias que ele tanto aprecia (eu também), sempre mordaz, irónico, por vezes bruto, mas transpirando amor e uma imensa saudade. Bem pode desmentir isso, mas é notória a saudade por um tempo há muito guardado na sua mente.
Não sei se ele projecta uma continuação, mas e pessoalmente adoraria. Até figo mais, Saramago deveria escrever as suas memórias, todas, ou pelo menos a que entender.
4 comentários:
A minha mãe leu-o à pouco tempo e gostou, mas achou pouco. Também queria mais. :)
Por acaso estava a pensar começar Saramago por este livro, que parece pequeno. Mas sendo um livro de memórias, não sei se será correcto entrar directamente na esfera privada do autor, em vez de entrar primeiro nas suas obras de ficção... :/
Viva White.
Bom, pessoalmente, para começares a ler Saramago, sugeria o "Ensaio sobre a Cegueira" ou então "Intermitências da Morte".
Este "Pequenas Memórias" é, como o livro sugere, um livro de memórias. O estilo está lá todo, mas não é ficção.
Está o estilo e está, como se escreve neste post, inumeros sentimentos que vão desde a tenacidade à felicidade, da crítica ao amor. Gostei muito de ler este livro, acho até que espelha bem o engano de muitos que o pintam de insensível e de pedra.
Viva Joana.
Olha, dizes uma grande verdade: "espelha bem o engano de muitos que o pintam de insensível e de pedra".
No entanto penso que foi o próprio a construir essa imagem.
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