Sendo a Época Medieval aquela que, historicamente, mais me
fascina, foi com bastante entusiasmo que empreendi a leitura da obra “Guerreiros
Medievais Portugueses” de Miguel Gomes Martins, historiador e autor de outro
livro que muito me agradou: “De Ourique a Aljubarrota”.
Abrangendo toda essa época, mais concretamente de 1130 a
1449, são aqui biografados, de uma forma que até considero minuciosa dada a
escassez de muitos dados das suas vidas, treze personagens que tiveram um papel
importante e fundamental da edificação e manutenção da nossa nação.
Homens como Geraldo, o sem pavor; Gualdim Pais; D. Fernando,
senhor de Serpa; Martim Gil de Soverosa; D. Paio Peres Correia; Afonso Peres
Farinha; Infante D. Afonso, senhor de Portalegre; Álvaro Gonçalves Pereira;
Estêvão Vasques Filipe; Nuno Álvares Pereira; Gonçalo Vasques Coutinho; Antão
Vasques e Álvaro Vaz de Almada, têm a vida escalpelizada, dentro das fontes
disponíveis, sendo que em várias partes da sua vida o autor tem de se socorrer
de pressupostos lógicos de acordo com ligações com outros personagens.
E é impressionante percebermos o quanto audaciosos e
aventureiros foram esses homens. Honestamente impressionou-me a obra da maioria
deles. Homens que colocavam o seu Rei e o reino acima dos seus interesses, pese
embora tenham sempre beneficiado financeiramente com a sua acção, que levaram
uma vida cheia de perigos, constantemente metidos nos jogos políticos da corte,
comandando centenas de homens e dando porrada nos castelhanos. Grandes Homens!
No entanto o livro sabe a pouco. Gostaria de ter lido mais
sobre diversos personagens. Recordo-me de Nuno Álvares Pereira, o personagem
que mais apreciei e aquele que, considero, foi um dos Maiores Portugueses de
Sempre. Impressionante a influência que ganhou junto de D. João I ao ponto de
possuir um enorme exército particular e de se ter dado ao luxo de recusar
pedidos de ajuda do rei. Era temido, há episódios de os castelhanos recuarem e
abandonar mesmo o campo de batalha assim que sabem que quem estava a comandar a
hoste portuguesa era Nuno Álvares Pereira. Foi ele o maior responsável pela
vitória em Aljubarrota e saiu vitorioso em outras grandes e violentas batalhas.
E violência sobressai de toda a obra. Foram de factos anos
de enorme violência. A justiça cometia-se com as próprias mãos e as quezílias
resolviam-se no campo de batalha. Numa época de conquistas aos mouros, tínhamos
os castelhanos que, de vez em quando, invadiam Portugal e lá se sucedia nova e
violenta batalha com mortos para ambos os lados. Essas batalhas são aqui
referidas, algumas mais pormenorizadas que outras, mas deixando sempre clara a
violência.
Em suma, uma obra que me deu imenso prazer ler e que me fez
conhecer homens de imenso valor e que merecem, pelo menos, uma referência e
serem lembrados na nossa História. 300 anos revisitados da História de
Portugal, treze homens temerários.
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