quinta-feira, 25 de março de 2010

Mago (O) – Aprendiz – Raymond E. Feist



Magician, no original e colocado na 89ª posição na lista da BBC (Big Read Top 100), é uma obra editada em 1982 e tida, pelos entendidos do género, uma obra-prima, considerado por muitos como o melhor livro de sempre do género fantástico, melhor até que o famoso “Senhor dos Anéis”.

Pertencente à Saga “Riftwar” (no original), a editora Saída de Emergência publica agora, conforme edição norte-americana, o primeiro volume desta saga dividindo-o em dois volumes. Após o “Aprendiz”, a sua continuação será o “Mestre”.

Mas vamos à sinopse:

Em Crydee, uma cidade fronteiriça do reino das Ilhas, Pug, um rapaz franzino, órfão, é escolhido para aprendiz do misterioso Mago Kulkan. Desta aprendizagem, Pug acaba por tirar alguns dividendos que lhe permitem uma aproximação da Casa do Duque e à sua família. Estranhos acontecimentos vêm abalar a tranquilidade da cidade e Pug vê a sua pacata vida alterada quando empreende, com o seu amigo Tomas, o Mago Kulgan e outros personagens, uma viagem pelo reino ficando então sujeito às mais variadas magias e aos mais variados perigos.

De todo não é um género que aprecie, no entanto ao ler que se tratava de “um épico de intriga e acção” e “a obra-prima da Fantasia”, confesso que fiquei com curiosidade acerca do livro e tentado a efectuar uma leitura atenta do mesmo.

Em rigor não posso afirmar que adorei ou que me apaixonou, porém e embora possua alguns aspectos que não me agradaram, houve também outros que me proporcionaram momentos de puro deleite literário e que estou em crer agradará sobremaneira aos amantes do género fantástico.

Agradou-me a qualidade de escrita (aproveito para realçar a excelente tradução de Cristina Correia) e a forma quase poética com que o escritor nos brinda. Denotando por vezes alguma ingenuidade nos diálogos, as descrições dos cenários assim como o mundo criado são muito bem arquitectados e coerentes. Pese embora os acontecimentos de pura orgia mágica, o que sublinho são os pormenores que nos transportam para um Romance Histórico, levando-nos a cenários que poderíamos localizar em plena época medieval num qualquer país europeu. Os principais personagens são humanos perfeitamente normais, com virtudes e defeitos, que sonham, amam, sofrem, enfim, que têm sentimentos e medos como qualquer comum mortal.

E sendo isso algo que me agradou, admito que é precisamente esse factor que pode aborrecer os amantes do género que de certo esperam mais magia. Ou seja, o autor ao criar um mundo semelhante ao nosso, colocando humanos nos principais papéis, faz com que a magia e o que a ela é inerente tenham um papel mais de excepção e não de regra. O livro tem Elfos, Anões, Dragões e Duendes assim como outros estranhos seres, tudo envolto em boas doses de magia, contudo por si só não é suficiente para impedir um ritmo fraco, com poucos motivos de interesse, embora o ritmo aumente consideravelmente a partir de metade.

Algo que não gostei foi a enorme semelhança com alguns pormenores do “Senhor dos Anéis”. Obviamente que Tolkien deve ter servido de inspiração para Feist (como sucede com 99% dos escritores do género), mas achei a viagem muito forçada e até alguns elementos que a compõem são perfeitamente identificáveis com alguns personagens do Senhor dos Anéis, inclusivamente nem falta a presença do Anão na comitiva.

Em todo o caso deixo para os apreciadores do género uma melhor opinião e uma análise mais entendida de um género que, de facto, não me convence.

2 comentários:

Poison Ivy disse...

É,sem dúvida uma grande obra de Fantasia e é interessante que, por vezes, te tenha remetido para o Romance Histórico pois acredito que o autor pesquisou profundamente tendo em conta as descrições tão detalhadas.
Fico feliz por teres referido o trabalho de tradução (algo raro de ver, que saiu dos meus dedos.

NLivros disse...

Olá Poison Ivy.

Deduzo então que sejas a Cristina.

Parabéns porque de facto a tradução está excelente e até é algo que só reparo quando é muito boa ou muito má.

Sem dúvida, acredito que para a escrita desta obra o autor tenha efectuado uma grande pesquisa, sobretudo sobre a época medieval.