terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Breve e Assombrosa Vida de Oscar Wao (A)


Prémio Pulitzer em 2008, a Breve e Assombrosa vida de oscar Wao é o primeiro romance do autor dominicano Junot Diaz que efectua, acima de tudo um retrato da Rep. Dominicana assente sobretudo no período da ditadura de Trujillo.

Na minha opinião é aqui que reside o interesse do livro, pois confesso que conhecia Trujillo apenas pelo nome mas estava longe de imaginar o inferno e brutalidade que foi o período de ditadura (1930-1961), uma Era marcada por um culto á personagem tão habitual nas ditaduras indo ao ponto de rebatizar cidades com o seu nome e dando-se ao luxo de considerar como propriedade própria qualquer cidadão.

Extremamente narcisista, o seu ego era do tamanho do mundo e a repressão aos cidadãos era violentíssima e isso está muito bem descrito nesta obra de Junot Diaz.

É este o principal tema de interesse, pese embora a história assente na figura de Oscar, um rapaz gordo, feio, com poucos amigos e que não consegue despertar qualquer interesse de nenhuma mulher, sendo que isso se torna uma obsessão e um trauma e um assunto que serve para que sofra de bulling diariamente, pois as suas paixões são de “caixão à cova” e motivo de gozo por parte dos seus colegas e conhecidos.

Vagueando entre várias épocas temporais, o autor vai-nos descrevendo a história de Oscar e da sua família, história essa que está intimamente interligada com o regime desumano de Trujillo. Na prática este livro é mais uma exposição Histórica da Rep. Dominicana da ditadura e, simultaneamente, o autor vai tecendo várias críticas implícitas que nos levam a crer que a actual Rep. Dominicana ainda continua a sofrer com laivos de ditadura, ou seja, aqueles trinta anos deixaram uma mossa tão grande, que ainda hoje é visível e perceptivel sinais do regime de Trujillo.

A escrita de Junot Diaz é muito interessante e efectivamente consegue-nos prender numa narrativa sempre cheia de curiosos episódios, porém este não foi um livro que achasse como exepcional, tornando-se por vezes até enfadonho e curiosamente quando o autor se prendia na narração da vida, sem grande interesse, de Oscar Wao.

Em todo o caso, achei o livro muito interessante e digno de registo, até porque me despertou a curiosidade em ler mais sobre Trujillo e voltar a um autor que muito admiro e que Junot refere várias vezes, Vargas Llosa, aliás, aqui e ali é visível a influência de Llosa na escrita de Junot Diaz.


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