segunda-feira, 25 de março de 2019

Rainha no Palácio das Correntes de Ar (A) – Stieg Larsson


Finalmente terminei de ter esta trilogia tão aclamada em todo o mundo, mas confesso que foi uma leitura algo penosa que teve muitos dias de interrupção, e só me propus continuar este terceiro e último volume porque efectivamente queria saber como tudo terminava.

Este 3º volume é indissociável do 2º volume. Ou seja, enquanto o Primeiro Volume se pode ler como um livro independente (Os Homens que Odeiam as Mulheres), este terceiro é uma continuação do segundo volume (A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo), logo, e quando terminei o 2º volume, que já considerei aquém das minhas expectativas, senti a necessidade de ler o volume seguinte afim de saber como tudo terminaria.

E foi com alguma desilusão que fui forçando a sua leitura.

A história em si, e não vou entrar em quaisquer spoillers, arrasta-se em grande parte das suas 700 páginas. Pouco se vai desenvolvendo, chegando mesmo a ser enfadonha as tricas que o autor constrói, até porque e na minha opinião, um dos principais motivos de interesse da trilogia, pelo menos no primeiro volume, são dois personagens que é impossível não simpatizar, Mikael Blomkvist e Lisbeth Salender, e aqui as suas aparições são algo frugais e espaçadas, “perdendo” o autor muito tempo com outros personagens aborrecidos mas que, compreendo, têm significado na história, mas é inegável que é pelos “nossos” dois heróis que a obra ganhou fama e sabe a pouco a sua acção.

Depois chega a ser exasperante tanta espião, tornando o enredo num daqueles livros de espiões que, pessoalmente, não gosto. Conspirações no seio da polícia secreta sueca, no governo, sei lá, parece que todos um dia se uniram para tramar Salender e eis que Blomkvist, qual super herói, avança numa investigação para tudo desmascarar.

O ritmo é assim sensaborão, com dezenas de personagens que fazem do livro uma mescla de assuntos que nem se ligam entre si. Recordo-me por exemplo do maluco que persegue Erika Berger. Sinceramente não entendi o que o autor quis com essa história paralela e muito menos a mais-valia para a história em si.


Entendo que Stieg Larsson tivesse efectivamente planeado os 10 livros e que este fosse apenas mais uma peça no puzzle e que no fim tudo se iria conjugar, mas o certo é que analisando este terceiro e último volume, fica a sensação que Stieg quis apontar a algo que ele conhecia e que estava a divulgar em jeito de romance, até porque ele é insistente nas conspirações que mete polícia e governo e sabe-se que ele era uma voz incómoda na Suécia.

Gostei do 1º volume, os restantes ficaram aquém da minha expectativa. Em todo o caso aconselho a leitura da trilogia. Os outros volumes que por aí circulam, a minha opinião é para que esqueçam. Stieg Larsson só escreveu estes três volumes.

                                                                                        


2 comentários:

Pedro disse...

Adorei o filme do David Fincher com a Rooney Mara e comprei o respectivo livro. Ainda não calhou ler, infelizmente, até porque tenciono ler a trilogia seguida. Manterei as expectativas moderadas daqui para a frente.



Os livros póstumos nem sequer se basearam no material que Larsson deixou... Não reconheço grande valor nisso. Aliás, se de facto havia algum tipo de segredo perturbador detrás de Millennium, claramente o novo autor foi uma boa alternativa para deixar isso cair por terra. Mas enfim, se é verdade que muitos livros ficarão por ler, também é verdade que outros tantos ficarão por escrever.

NLivros disse...

Viva Pedro!

Sabe-se que Stieg tinha a pretensão de escrever 10 livros onde abordava as "estranhas" relações entre polícia, políticos e outras entidades, inclusivé corrupção.

Os três livros que compoêm a saga, é um manancial disso tudo e depois há também a questão da violência sobre as mulheres, mas e na minha opinião, isso é uma espécie de cortina de fogo, algo que serve para romancear factos verídicos que Stieg quis narrar. E depois a morte dele fui muito estranha e, na Suécia, muitos continuam desconfiados que a morte dele fui crime.

Confesso que vi a primeiro filme da saga na versão americana (David Fincher) e depois os dois filmes (1º e 2º da saga) na versão sueca. Na minha opinião a versão sueca é superior. E já tenho o 3º filme para ver.

Abraço!