Bird Box, título original que em
português daria ou dará qualquer coisa como “Caixa de Pássaros”, é um thriller
de 2018 realizado por Susanne Bier, baseado num romance de Josh Malerman que em
Portugal se intitula “Às Cegas”, livro que tem tido uma excelente aceitação por
parte do público.
Confesso que ouvi falar deste livro
muito antes do filme ter saído e era um dos casos que pretendia ler antes de
ver o filme, porém, não resisti a visionar o filme face às imensas opiniões
positivas que o filme tem tido.
Este filme trata de um género que
aprecio, um thriller pós-apocaliptico e é óbvio que em qualquer título que
visionemos achemos semelhanças entre eles. É o caso de “Blindness” (2008) e “A
Estrada” (2009), filmes que apreciei e que encontro enormes semelhantes com “Bird
Box”.
De uma forma muito concisa, o
enredo gira em torno de Malorie, protagonizada por Sandra Bullock, que arrisca
a sua vida e a dos filhos navegando durante dois dias num rio e completamente
vendados.
A questão que se coloca é, porquê
vendado? O que sucedeu para que essas três pessoas estejam com tanto medo de
ver? Para onde se dirigem?
A explicação vem logo a seguir e,
intervalando por dois períodos de tempo com uma distância de 5 anos,
compreendemos que a razão é devido ao facto de, sem ninguém saber porquê, as
pessoas, em todo o mundo se começarem a suicidar por verem alguma coisa que os transforma
numa espécie de zombies. No entanto nem
todos são atacados por essa ameaça invisível, os loucos conseguem sobreviver e
encetam uma caça a todos aqueles que se escondem, uma espécie de evangelização
para obrigar todos aqueles que não querem ver.
Na minha óptica isso é uma
espécie de metáfora à actual intolerância religiosa que grassa por todo o
planeta e uma óbvia piada à intolerância nas redes sociais, onde se atacam
todos aqueles que não querem ver e onde se obriga a todos seguir pela mesma
diapasão, mas isso são outras considerações que derivam da minha perspectiva e
que vai muito de encontro à semelhança com Blindness (Ensaio Sobre a Cegueira).
Na fase inicial Malorie não sabe
o que se passa e dá consigo encerrada numa casa com várias outras pessoas. Desses
actores, destaco o consagrado John Malkovich, que, a meu ver, tem uma interpretação
brilhante.
Todas as janelas são tapadas e
tenta-se levar uma vida onde não é permitido que se saia de casa, nem pelo
menos, que se olhe para o seu exterior. No entanto, é óbvio que, um a um, esses
personagens vão desaparecendo, até ficar apenas Malorie com duas crianças no
meio de um rio. Como e porquê, vão ter de assistir.
Embora seja um livro que continuo
a querer ler, pois tenho a certeza que encerra outro tipo de informações que o
filme não mostra, o principal motivo pelo qual gostei do filme é do enorme
suspense que o filme proporciona do início ao fim. Desde o seu início o tom angustiante
que nos causa desconforto à medida que o tempo vai passando, pois nunca
entendemos que criaturas ou ameaça é essa que causa aquele terrível massacre
nem de onde surgiu. No entanto ela está sempre omnipresente em todos os
segundos e damos por nós a considerar ser um cenário verossímil e isso
incomoda-nos, sobretudo porque mete crianças e quando assim é, o desconforto é
sempre maior.
Um Bom filme dentro da sua
categoria.
Classificação: 3 Estrelas em 5
2 comentários:
Se estás numa de Netflix, e de cenas assim mais alternativas e pós-apocalípticas, aconselho-te vivamente a ver os episódios de Black Mirror (em que cada episódio é um mini-filme que explora as possibilidades, normalmente sombrias, das novas tecnologias). Apesar de serem completamente independentes, aconselho-te a ver por ordem (eu pelo menos assim o fiz e gostei logo muito do primeiro episódio). Tem uns conceitos mais interessantes do que outros, mas muitos dos episódios são mesmo do melhor que anda por aí.
Olá Paulo!
Desconhecia, confesso, mas obrigado pela dica e já registei, vou pesquisar.
Obrigado e abraço!
Miguel
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