sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Elogio da Madrasta – Mário vargas Llosa


Considerado por muitos como um livro erótico, o “Elogio da Madrasta”, narra a vida conjugal de Dom Rigoberto com a sua segunda esposa, a bela Lucrécia.

No meio desse desvaneio conjugal, onde efectivamente várias cenas eróticas nos são descritas, surge o pequeno Alfonso, chamado de Fonchito, filho de Dom Rigoberto. No início julga-se que a criança seria um entrave à vida dos dois amantes, mas depressa se constata que Alfonso tem uma adoração pela sua madrasta que, a partir de um determinado momento, vai muito para além de simples afeição, pois Lucrécia deixa-se enlear numa teia maquiavélica do pequeno e torna-se amante da criança.

Pese embora possa ter alguns pontos de encontro com a célebre obra de Nabokov, “Lolita”, esta obra é totalmente diferente, pois está recheada de reflexões sobre a felicidade sexual em contraponto com a espiritual, interligando-se as duas numa só, num tom tom poético que tem a capacidade de nos agarrar logo desde o início e contento descrições brilhantes, como e por exemplo, o acto de defecar de Dom Rigoberto. Pode parecer estranho, mas a descrição a roçar a sátira é brilhante.

Intervalando na história, surgem narrativas que advém de quadros expostos no início da página. Ou seja, para além da enorme capacidade que o autor revela em criar um conto a partir de uma imagem, Llosa brinca com a metologia ao criar histórias satíricas e eróticas que se interligam com a narrativa de Dom Rigoberto e Lucrécia.

Em suma, um pequeno-grande livro de um escritor genial e que merece, efectivamente, o apreço de quem aprecia a boa literatura.


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