Considerado um clássico da
literatura fantástica, escrito como uma espécie de metáfora para um público
juvenil mas que devia ser lido por adultos, este Ladrão da Eternidade é uma
obra estranha, que a colocaria mais no campo do surreal do que propriamente no
fantástico, porém, é indiscutível e perceptível várias metáforas subjacentes em
toda a obra que são, elas mesmas, os verdadeiros pilares desta obra que até apreciei
mas que, em vários momentos, achei tão estranha que estive quase para desistir,
mas não o fiz.
Depois, penso que descobri uma
das fontes de inspiração de J.K Rowling para o “seu” Harry Potter.
Se analisarmos todo o contexto da
obra, retirando as várias metáforas que suportam a história, observamos um
rapazinho, corajoso e inteligente, que descontente com a sua vida e desejando
estar num local diferente, é abordado por um ser com aspecto de homem, que o
convida a ir para uma casa onde tudo é fantástico e a diversão impera. Faz-vos
lembrar algo?
Depois, à medida que os dias vão
passando, e depois de o entusiasmo diminuir, esse rapazito começa-se a aperceber
de várias “coisas” estranhas, cuja explicação, simplesmente, não lhe é dada,
mais, ele apercebe-se que há um véu de secretismo. A acção vai-se desenrolando,
até que surgem vários seres que ele apelida de vampiros, mas que fazem lembrar
muito algumas das criaturas maléficas de Harry Potter, sobretudo uma delas, muito,
mas mesmo muito semelhante a Voldemort. E mais não conto, mas sempre adianto
que há várias outras semelhanças, por exemplo o nome: o nome da criança deste
livro é Harvey.
No entanto, este livro é
verdadeiramente uma metáfora sobre o tempo. Ou seja, aquele tempo que vai
passando sem que nós nos apercebamos ou que o valorizemos.
Isso é claríssimo. A forma como
esse miúdo se deixa ir pelas ilusões, num tempo que não volta mais, em busca da
ilusão da felicidade e bem estar, fugindo dos problemas e, sobretudo, o não
aproveitar a vida e aqueles que nos querem bem.
Depois, um dia, olha-se para
trás, e apercebemo-nos que a eternidade nos foi roubada, e aqui eis outra
metáfora, pois o Ser Humano considera-se Eterno, até que um dia constata que
isso é pura ilusão. Vivemos de uma forma apressada, sempre em busca do dia
seguinte, do fim-de-semana, das férias, para depois, um dia, constatarmos que
não vivemos e o tempo passou e estamos idosos.
Ou seja, são essas duas principais
metáforas que estão na base do livro. O desperdício do nosso tempo, a ilusão do
mesmo, da felicidade, do bem estar. Uma idiotice pegada aquilo que somos.
Reparem que diariamente estamos aprisionados em tarefas que, por ser mesmo um cativeiro,
nos fazem estar sempre ansiosos pela hora seguinte, pelo dia seguinte, pelo
fim-de-semana seguinte, pela semana seguinte, pelo mês seguinte. Para quê? Tudo
é ilusão, quando chegamos ao patamar desejado, verificamos que não nos satisfaz
e ficamos logo lançados para o outro patamar. Não usufruímos do momento, da
NOSSA VIDA, das pessoas que verdadeiramente nos amam.
Um bom livro, um pouco ingénuo,
que se lê num par de horas e que tem algumas mensagens introspectivas muito
interessante.
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