quarta-feira, 5 de junho de 2019

10 livros que mudaram/influenciaram a minha vida



Qualquer leitor guarda na sua mente vários livros que influenciaram o seu crescimento, que influíram nos seus valores, aqueles livros dos quais constantemente nos recordamos com saudade e que, por diversas vezes constatamos da sua preponderância na forma como pensamos, agimos ou no Ser Humano que somos.


Há também aqueles livros que nos deram a conhecer alguma temática que nos despertou para algo que se revelou importante na nossa forma de pensar ou de olhar o mundo, aqueles livros que foram de encontro aquilo que se ia formando na nossa essência e que de repente, serviu de catalisador.


Dessa forma, escolhi 10 livros que efectivamente tiveram o condão de mudar a minha visão, que influenciaram o meu Ser, que foram muito importantes na minha formação.





As Aventuras dos Cinco – Enid Blyton


Li toda a colecção dos “Cinco” num só verão (tinha três meses de férias e dois dos quais sem quase nada para fazer) quando tinha 12 anos. Dessa forma considero ter sido essa a minha primeira experiência na literatura e a responsável por me ter tornado um leitor ávido, pois descobri que ler aquelas aventuras me permitiam participar nas mesmas. Na altura ia de dois em dois dias buscar um livro após o outro à biblioteca. Anos depois, adquiri a colecção toda e ainda a guardo com bastante carinho.



 

As Aventuras de Sherlock Holmes


Com cerca de 16 anos descobri Conan Doyle e o “seu” Sherlock Holmes. Fiquei fascinado com as aventuras desse detective e considero-o importante na minha formação porque comecei a olhar o mundo de uma forma mais intuitiva, tentando separar a essência da forma, ou seja, olhar para algo e tentar descortinar o que estaria escondido. Dessa forma descobri a magia dos números e da matemática, algo primordial para a minha formação académica. Sim, foi Sherlock Holmes que fez despertar em mim o gosto por matemática e física.





O Conde de Monte Cristo – Alexandre Dumas


Esta portentosa obra-prima de Dumas, foi a primeira grande obra que li, devorando-a em três dias. Na altura devia ter uns 14, 15 anos e achei fascinante o enredo. Considero-a importante na minha formação, porque me abriu a porta aos clássicos, percebendo que os mesmos continham informações e considerações sociais, morais, políticas, etc, tão actuais e vitais para a percepção do mundo e da História do mesmo.





Os Maias – Eça de Queirós


Os Maiais… Ah, os Maias. Que obra-prima!


Com os Maias, lido pela primeira vez com uns 17 anos (já o li por cinco vezes), compreendi que a literatura portuguesa tinha tido, pelo menos, um escritor ao nível dos melhores. Admito que na altura o meu conhecimento de autores universais era diminuto, mas fiquei maravilhado logo nas primeiras palavras.


Considero-a essencial na minha formação porque me abriu as portas à literatura portuguesa e fez-me perceber que, pelo menos nas letras, Portugal tinha tanto talento como os demais. Passados tantos anos desde essa primeira leitura, classifico a literatura portuguesa como uma das melhores do planeta e é uma das razões do meu orgulho em ser português.





Ensaio Sobre a Lucidez – José Saramago


Pese embora o narrado no livro de Saramago seja um misto de ficção com realidade, o efeito que “Ensaio sobre a lucidez” teve em mim, foi o de ter percebido a importância do voto.


Quando o livro saiu, tinha eu 20 anos e considerava o voto como algo abstracto, pese embora tivesse conhecimento da sua importância e do quanta luta havia dado conseguir ter direito ao mesmo. Porém, com esta obra, Saramago explica a sua enorme importância e os bastidores da política e o quanto importante pode ser o voto. Isso teve uma enorme influência em mim e na minha percepção e interesse pela política a partir desse momento.





O Perfume – Patrick Suskind


Este foi um dos romances que mais efeito teve em mim, e porquê?


Quando o li pela primeira vez (li-o novamente passado uns meses), não gostei muito, pois achei a história bizarra e surreal. Porém, senti-me desconfortável com esse sentimento, pois sentia que algo se escondia nas entrelinhas do romance. 


A partir de uma entrevista ao autor, percebi que o romance era uma enorme metáfora política e social, algo que me fez reler o livro, constatando assim ser.


Ora bem, eu estava habituado a efectuar leituras lineares, ou seja, para mim era o que estava a ler, não pensando que a mensagem do autor poderia ser outra. Com este livro aprendi que nem sempre assim é e comecei a ver os livros de outra forma. A grande maioria dos livros possui mensagens por descodificar e isso é algo que me fascina.





Os Poemas de Rimbaud – Arthur Rimbaud


Confesso que não sou muito dado à poesia, mas no meu “tempo” em que ouvia The Doors dia e noite, a partir de uma entrevista de Jim Morrison, descobri Arthur Rimbaud.


A importância que teve para mim foi o de ter entendido a palavra como um jogo floral que podia encantar sem dizer nada e dizendo tudo. Ou seja, a poesia que tinha lido até à altura, era poesia que nada me dizia, estrutura sempre de acordo com regras rígidas, mas o génio de Rimbaud, a estrutura desorganizada da sua poesia, fascinou-me e deu-me a perceber que as regras na literatura somos nós que a fazemos.





O Exorcista - William Peter Blatty


Li o Exorcista quando tinha uns 17 anos e estava longe de pensar nas terríveis emoções e sensações que senti. E isso foi importante pois descobri que um simples livro pode proporcionar sustos e arrepios que julgava apenas poder sentir visionando um filme. Depois foi ele o responsável pelo meu culto aos filmes de terror, de longe, o meu género predilecto.






O Deus das Moscas - William Golding


William Golding criou um romance que teve uma grande influência na forma como vejo e encaro a vida.


Aparentemente uma história de aventuras em que os protagonistas são várias dezenas de crianças, o livro é uma brutal metáfora sobre a natureza da maldade humana e isso chocou-me, pois percebi e mais tarde constatei da realidade ali expressa, que o Ser Humano é, na sua essência, um Ser maldoso, pérfido, vingativo e conflituoso. Este livro permitiu-me abrir os olhos para esse facto, abrindo-me a porta para posteriores análises e estudos de várias outras obras de conteúdo mais científico e histórico.





A Saga de um Pensador – Augusto Cury


Um pouco interligado com o livro acima mencionado e na minha percepção da maldade humana, Augusto Cury deu-me a perceber que nada está perdido e o principal é trabalhar o nosso Eu e a nossa capacidade mental. Dos muitos livros que li deste médico psicanalista, “A Saga de um Pensador” foi aquela que mais me comoveu e mais influência teve na minha vida.


Sobretudo porque embora a essência humana seja desleal, há em todo o ser humano uma história, uma vida, sentimentos, amor e sofrimento. Ou seja, percebi que cada ser humano é único e que é tão importante como qualquer outro. Ou seja, ninguém é mais do que ninguém. Tal como dizia um livro que também foi importante na minha vida, mas que não o coloquei nesta lista, “cada um é o deus de si próprio”.

3 comentários:

Pedro disse...

Andas tão activo por aqui que já nem consigo acompanhar as tuas publicações a tempo e horas! hehe

Esta é até agora a minha lista preferida. Adorei a reflexão, a exposição desses momentos marcantes do teu eu leitor, e fez-me querer pensar nos livros que a mim marcaram.
Já li metade desta lista. Nenhum deles me "marcou" intensamente como a ti, mas por isso mesmo gostei imenso de comparar as nossas diferentes experiências.

Por exemplo, eu adoro "Os Maias", e em tudo concordo com as tuas palavras. Foi um livro que me "marcou"? Não, mas apenas porque na verdade o primeiro livro que li de Eça foi "O Primo Basílio". A revelação de que falas, tive com esse. Até me inspirou a querer escrever (e tinha apenas uns 12 anos quando o li!).

Também gostei imenso d'"Os Cinco". A colecção foi-me emprestada por um tio e li-os de rajada. Considero até hoje os melhores livros dentro do género juvenil de aventura, e são sem dúvida os meus preferidos. Mas não me marcaram profundamente, porque na verdade a primeira colecção do género que peguei foi a "Uma Aventura" (cuja qualidade considero inferior, mas não obstante foram em parte história da minha infância). Ainda hoje compro os novos volumes por mania de coleccionador, apesar de já não ter grande prazer na sua leitura.

Já "A Saga de um Pensador" foi, perdoa-me, uma leitura que não guardo com tanta estima. Sobretudo porque achei que apresenta uma visão sensacionalista, preconceituosa e nada fidedigna da forma como a Pessoa e o Doente Mental são abordados pela comunidade médica. É completamente falsa a ideia de que o doente mental é quase apagado como pessoa pelos profissionais, e o livro não é assim tão antigo (ainda se fosse há cem anos, até compreendia). Para mim, Cury cai na categoria das dezenas de escritores brasileiros que se aproveitam dos preconceitos básicos da população geral para criar o ambiente para a sua própria versão de uma auto-ajuda e mensagem de vida. Não gostei. Mas lá está, se tivesse lido noutra altura...


Curioso também que grande parte dos teus livros foram lidos numa idade mais jovem. Será que teriam o mesmo impacto hoje?
Portanto, resumindo, não é um bom livro que nos marca, mas sim o livro que lemos na altura certa (não que haja maus livros na tua lista!). Vou tentar pensar nos livros que a mim mais me marcaram (e vai ser giro revisitar livros nos quais não pego há anos).

NLivros disse...

Grande Pedro!

Vou começar pela tua última questão:

Sem dúvida nenhuma! Se hoje fosse ler esses livros pela primeira vez, estou certo que não teriam o mesmo impacto porque precisamente porque foram lidos naquela altura, a altura certa, a altura em que necessitava de os ter lido. Foram esses mas podiam ser outros completamente diferentes. Isso sem dúvida!

Quando efectuas essa pequena análise à Saga de um Pensador, parece-me ver o estudante de medicina a falar, estou errado? (Por falar nisso, deves estar no 4º, 5º ano, certo?), logo, tens dados/informações técnicas que desconheço. Nomeadamente quando referes: " É completamente falsa a ideia de que o doente mental é quase apagado como pessoa pelos profissionais". Confesso que desconheço. No entanto e embora aceitando perfeitamente o que dizes, o impacto que o livro teve em mim foi o de perceber que cada Ser Humano tem uma história, um passado.

E lá está, enquanto os "Cinco" me marcaram, porque foi a minha primeira leitura, a ti foi "Uma Aventura", precisamente pela mesma razão. Isso leva-nos ao início, o que nos marca são os livros lidos na altura certa.

Quando quiseres estás a vontade para emitir a tua lista. Dentro de dias colocarei mais uma lista.

:)

Abraço!

Pedro disse...

Acabei agora o 5.o ano. Portanto, praticamente no fim :) é verdade, claro que a minha experiência mudou a minha visão do livro. Sinceramente, nunca ao longo dos cinco anos de curso eu encontrei a abordagem “desumanizada” que o livro perpetua, muito pelo contrário!
Há médicos e médicos, certamente. Mas é uma pena que se continue a achar que a maioria não tem consideração pela Pessoa para além do Doente, quando não é verdade.
Não obstante, e voltando à discussão de uns tempos atrás, não há bons nem maus livros, mas boas e más leituras! E ainda bem que estas te marcaram de uma forma positiva!
(já comecei a pensar na minha lista. Tive mesmo de voltar aos meus primeiros romances)