segunda-feira, 3 de junho de 2019

Linhagem de Ouro - Natasha Solomons


Pessoalmente um dos géneros que mais me seduz, são as sagas familiares em que o autor traça o contexto da época, quer ao nível político, quer ao nível social. Dessa forma, é possível conhecer a época em si, as mentalidades, os costumes, em simultâneo que o curso da História se desfila diante dos nossos olhos, permitindo-nos analisar e perceber o contexto da obra.


Quando li a sinopse da presente obra, confesso que logo me cativou, sobretudo por me aperceber, nas entrelinhas, que seria um romance que descreveria a queda de uma das famílias mais poderosas da Europa (e do mundo). Embora fosse um romance, os Goldbaum, a família desta saga, foram logo associados à família Rothschild que, efectivamente, no Séc. XIX estavam no auge da sua riqueza e influência, possuindo a maior riqueza privada do mundo e eram donos de um império imenso que era apenas comparado com algumas das casas reais europeias.


Uma particularidade não menos importante, eram Judeus!


O romance tem o seu início em 1911 e acompanhamos a casa Goldbaum da Áustria. O barão Goldbaum exerce a sua influência junto do imperador e governo. São “apenas” um dos braços desta importante família, espalhada, estrategicamente, por vários países europeus e já a fazer planos para se expandir para os Estados Unidos, potência emergente.


Greta Goldbaum, a filha mais nova do Barão, encontra-se nos preparativos do seu casamento com o seu primo Albert Goldbaum (era tradição os elementos da família casarem-se entre si para evitar que a fortuna se dilui-se e fortalecer a família), que não conhece, tratando-se de um casamento imposto. É uma união estratégica, semelhante ao que sucede em todas as casas reais, mas Greta é diferente, ela anseia por liberdade e amor, e mais estranho, tem vontade própria.


Não vou entrar em spoilers, mas a meu ver, o romance centra-se em demasiado na relação de Greta e Albert.


Obviamente que não discuto o interesse, mas dei por mim várias vezes entediado com a senda dos dois, cheio de encontros, desencontros e mal entendidos. Nesse aspecto, parece-me que a autora quis dar um toque romântico a esta saga, prejudicando a marcha dos acontecimentos históricos, relegando-os para um plano secundários. Ou seja, a história acaba por estar centralizada na relação atribulada de Greta e Albert, ao mesmo tempo que lá vai narrando os acontecimentos sociais e políticos que darão origem à Primeira Grande Guerra.


E a meu ver, o trabalho de pesquisa da autora é muito insuficiente.


Ela acaba por explicar o porquê dos Estados Unidos entrarem no conflito em 1917 que, por si só, é o principal causador da queda dos Goldbaum, mas fica-se apenas por uma ideia vaga, ou seja, para quem não conhecer as causas da Primeira Grande Guerra, pouco irá aprender, porque a autora explora muito pouco esse tema, apenas dá umas noções básicas.


E na minha opinião, perde-se uma excelente oportunidade de entrelaçar a História com o percurso dos Goldbaum, construído, ai sim, uma saga fascinante.


É um bom romance, com uma estrutura linear, uma linguagem simples e concisa, mas que fica um pouco aquém do que promete de início, pois dá uma ideia de uma fabulosa saga familiar e, na prática, acaba por estar centrada em duas pessoas que pouco influência têm na queda desta família e sua ruina.


No entanto, para quem aprecia um romance histórico leve com pozinhos sentimentais, este acaba por ser um romance que, estou certo, irá agradar.


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