sexta-feira, 14 de junho de 2019

Origem (A) – Dan Brown


Já aqui tenho referido da minha saturação por thrillers onde questões religiosas se misturam com factos históricos, originado teorias de conspirações seculares, descobertas em pormenores visualizados em quadros, estátuas, monumentos, sei lá, em qualquer coisa que tenha sido criada em séculos passados.

E digo mais, sem dúvida que o “Código Da Vinci” foi um livro que fez imenso furor, porque soube, de uma forma muito bem delineada, explorar a História e a Arte, gerando um enredo bem pensado e coerente que teve o condão de criar celeuma em várias áreas da sociedade, sobretudo criou um imenso debate sobre o papel da Arte e da Religião e como as duas se interligavam. A partir daí foram centenas de títulos que pretenderam aproveitar a maré, a maioria sem qualquer qualidade e que, na minha opinião, acabou por saturar o mercado. Tenho a certeza que hoje em dia este género de livros não vende tanto e perdeu aquele toque de surpresa.

Pois bem, o novo livro de Dan Brown é exactamente do mesmíssimo género, o que, por si só, já se torna algo aborrecido. Ou seja, confesso que as minhas expectativas não eram muito altas e só me decidi na sua leitura porque se tratava de Dan Brown, se fosse outro autor qualquer, garanto que não lhe pegava.

As questões iniciais e que acompanham todo o enredo é: “De onde viemos?” e, “para onde vamos?”

E, obviamente, como seria expectável, teria de haver uma situação estrondosa no início. Temos assim um cientista que afirma ter uma descoberta que irá revolucionar a religião e a ciência e que, quando se souber, será bombástica e criará o pânico, o horror, o desespero na população mundial.

Depois, como expectável, existe alguém que quer matar esse cientista, que por acaso (só por acaso), é amigo pessoal de Robert Langdon e que, com a ajuda de uma menina (o que seria expectável, pois há sempre uma menina na molhada que mesmo em situações de perigo manda umas larachas), são perseguidos por esse assassino religioso fundamentalista, com um bispo à mistura, uma seita anti-católica que tem de meter sempre o bedelho, polícias, jornalistas, enfim, o costume. Ah, vá lá, para ser algo diferente, temos um príncipe e o rei de Espanha ao barulho.

Depois, tiros, mortes, quedas, helicópteros, super computadores que falam, porrada de criar piolho, complôs, códigos criptados, códigos sem ser criptados, códigos simples, complexos que se tornam simples, uma sopa primordial que vai desaguar na sopa primordial que responderá, de uma forma algo caricata, quem somos e para onde vamos, querendo colocar-nos uma questão ética mas que, na minha opinião, é algo rebuscada e exagerada, pois, sinceramente que essa revelação fosse capaz de destruir a crença em qualquer religião ou em qualquer Deus é algo excessiva.

É um livro que entretém, isso é um facto o que, por si só já é de realçar, porém e embora contenha várias informações interessantes, a sua acção acaba por aborrecer visto ser mais do mesmo, com situações muito similares com anteriores romances de Brown.

Para quem pretender uma leitura leve, valerá sempre a pena, nem que seja por descobrir algumas informações interessantes. Mas para quem pretenda algo explosivo, que irá revelar algo bombástico, então esqueça, pois irá sentir-se desiludido.


4 comentários:

Anabela Risso disse...

Eu li um livro do Dan Brown há muitos anos e foi verdadeiramente doloroso. Foi uma leitura arrastada, que demorei imenso tempo a terminar porque em nada me atraía. Se fosse hoje tinha largado o livro logo de início, mas naquela altura ainda achava que se começava tinha de acabar.

NLivros disse...

Eu, confesso, que acho que li tudo de Dan Brown e que, de facto, gostei do Código Da Vinci.
Independentemente de os factos ali descritos serem verídicos, ou não. Essa obra despertou em mim outros interesses que me trouxeram muita cultura geral. Ou seja, foi através do Código Da Vinci que explorei outros assuntos que ali vinham descritos, o que, por si só, me enriqueceram muito.
O problema actual é que o mercado ficou muito saturado deste género. Depois do Código e do imenso sucesso que fez ao ponto de tornar Dan Brown multimilionário, surgiram centenas ou milhares de livros assentes nessa fórmula. Uma fórmula que, bem trabalhada, não é fácil e que obriga a imensa pesquisa, mas o que fui percebendo é que surgiram centenas de oportunistas que com qualquer facto, criavam enredos rebuscados e sem qualquer veridicidade.
Agora, porque é que não desisti?
Primeiro porque foi um livro que me ofereceram e quando assim é procuro, por respeito, ler até ao fim.
Depois, porque fiquei sempre à espera de qualquer “golpe de asa” que não apareceu.
Em todo caso, deve ter sido o último livro que li dele.

Pedro disse...

Li "O Código Da Vinci", "Anjos e Demónios" e "A Conspiração", e gostei dos três. Foram bons "vira-páginas".
Mais tarde li "O Símbolo Perdido" e achei uma chachada. A história não anda nem desanda, a escrita é absolutamente ridícula, e do que me lembro as revelações foram extremamente forçadas. Achei o livro tão mal feito que acabou Dan Brown para mim.
É verdade que o mercado ficou saturado e a fórmula passa a parecer desgastada, mas claramente todos os livros dele a seguir a "O Código Da Vinci" são ideias sem inspiração. O que nem compreendo, porque ele não é daqueles que lança religiosamente um novo livro todos os anos.

NLivros disse...

Pedro,
este "A Origem" é uma espécie de "O Símbolo Perdido", nem anda nem desanda e as revelações e supostas teorias da conspiração são muito forçadas.
Efectivamente ele é daqueles autores que demora bastante tempo a lançar um livro e isso tem causado alguma estranheza em muitos leitores.
A navegar por alguns foruns estrangeiros, percebi que corre por ai um boato e julgo que até tem algum fundamento, que não é Dan Brown que pesquisa e escreve os livros, pelo menos totalmente. E porquê?
Porque a qualidade dos seus livros varia imenso, assim como passa de um livro com pesquisas exaustivas (Código), para outros com pouca pesquisa e cujo trama é muito pobre.
Não sei. Só sei que para mim os livros de Brown terminaram.