Thriller…
Um género raramente explorado por escritores portugueses e que tem uma enorme escola nos países nórdicos.
Em todo o caso e como aprecio a escrita de João Tordo, tinha enorme expectativa nesta obra e, adianto que não saíram defraudadas, pese embora considere o livro excessivamente extenso face à história e ao desenvolvimento da mesma. Ou seja, o desenrolar da história, mesmo dividida em três momentos temporais, é extensa e algo desnecessária, caindo por diversas vezes em situações redutoras, por vezes até em círculos que vão dar sempre ao mesmo local.
Mas o interessante é que a narrativa é sempre excitante, numa velocidade estonteante, que se lê num ápice (li as suas 667 páginas em 5 dias), porque a escrita de Tordo tem enorme qualidade, ele consegue criar situações, mesmo redutoras, interessantes, criando uma ilusão sobre a veracidade da história, pois a partir de certa altura, que é mais intensa no fim, o autor deixa-nos na dúvida sobre se a história efectivamente sucedeu, se aquilo tudo não passa afinal de uma narrativa verídica, onde o autor troca apenas os nomes e os locais.
Porém, e não apenas pela desnecessária extensibilidade, o livro não é um thriler. O autor pode ter tido a intenção de escrever um thriller, mas fica um pouco longe disso. O trama em si é algo rebuscado e com pouco ou nenhum suspense.
A fase inicial deixa antever uma história rocambolesca, onde sucede um homicídio com contornos estranhos. Este homicídio liga a principal personagem que se encontra nos Estados Unidos a estudar e, devido a uma velha amizade, se vê envolvido nas investigações. Mas e à medida que a história se vai desenvolvendo, começamos a constatar que se trata mais de uma história de amor não correspondido do que um thriller.
É um excelente livro, com uma história boa e interessante, com laivos de thriller, mas que não é um daqueles thrillers intensos a que nos habituamos por outras paragens. É mais soft, digamos que é uma mescla de géneros, mas onde a escrita do autor brilha intensamente.
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