quarta-feira, 22 de maio de 2019

Sobre a Feira do Livro


Está prestes a iniciar a 89ª Feira do Livro de Lisboa.

Desde 1985 que não perco uma edição, sendo que houve muitas edições que lá fui por várias vezes, muitas vezes apenas para passear. No entanto há já vários anos em que a visito apenas uma vez, sinceramente mais pela tradição e pelo meu filho, que a adora, do que pelos livros e é aqui que queria assentar este post.

Primeiro, admito que a Feira do Livro de Lisboa está muito melhor organizada e dinâmica em relação ao que se verificava há uns anos.

Porém quem vai a Feiras do Livro, vai pelos livros acreditando ali encontrar livros com grandes descontos, com preços inferiores aqueles que se verificam em livrarias online ou em grandes superfícies comerciais. No entanto isso é puro engano. Tirando os livros do Dia, que atingem descontos de 50% a 70%, de resto oscilam entre os 10% a 20%, ou seja, descontos verificados ao longo do ano nos casos que acima referi.

É uma Feira excelente para as editoras, que ali vendem bem, mas para os leitores, nem por isso. Aliás, o que se verifica no mundo editorial, é ver o livro ser tratado como um mero objecto comercial, nada diferente de batatas ou couves, simplesmente um objecto comercial que deve ser rentabilizado ao máximo.

Eu até entendo isso, mas em qualquer Feira do Livro, o livro e os leitores deviam ser respeitados e o livro ser algo sublimado, festejado, e isso não acontece.

8 comentários:

Anabela Risso disse...

Eu só fui o ano passado, voltarei este ano, e ainda consegui trazer alguns. Mas foi sobretudo pelos alfarrabistas.

Ainda assim acho esta feira mais barata e menos comercial que a de Évora, onde o ano passado vi livros cujo preço tinha sido aumentado, para depois serem postos em promoção ao preço original. Uma vergonha!

Já foste à de Évora este ano? Eu só consigo ir no fim de semana.

NLivros disse...

Olá Anabela!

Sim, é um facto que apanha-se livros muito em conta e a zona dos alfarrabistas vale muito a pena, no entanto a grande maioria dos livros tem descontos à volta dos 20% e isso consegues facilmente em Hipermercados e mesmo na Wook, por exemplo.

Agora, chamas Feira do Livro aquilo que se vê em Évora?

Com todo o respeito, mas aquilo não é uma feira do livro e nota que eles nem lhe dão essa designação.

Já fui este ano e nem 20 min. lá estive. Livros caros, novidades, zero e muita coisa em lingua inglesa... será porquê?

Pedro disse...

Miguel, depende dos dias. Há alturas em que me apetece comprar um livrinho, outros a paciência só chega para dar um passeio.

Quanto às promoções, tens toda a razão, e hoje percebo que realmente gastar dinheiro ali ou na Fnac vai dar ao mesmo. Com o cartão Fnac até és capaz de acumular uns pontos e sair a poupar muito mais dinheiro. Mas as pessoas continuam a comprá-los na Feira, ou porque vão ao engano ou apenas porque apreciam a tradição de trazer um saquinho cheio na mão. Portanto, para o vendedor, porquê mudar?

Os Livros de Dia são imensas vezes repetidos dia sim dia não. E é um pequeno milagre se um deles faz de facto parte da tua lista de desejos. Podes sempre decidir ser impulsivo e comprar o Livro do Dia que estava a cinco euros (apesar da maior parte chegar aos dez) numa de ir à descoberta e ser surpreendido. Afinal, se eles estão em promoção, é porque são muito bons e os editores querem que os leitores os conheçam, certo? (ler a última pergunta com ligeiro sarcasmo).
(por acaso, há uns dez anos, comprei o primeiro livro da série sobre Roma de Colleen McCullough como Livro do Dia. E é uma das minhas séries históricas preferidas. Portanto não me devia queixar. A Difel estava a relançar a colecção, juntamente com a publicação do último volume. Infelizmente a editora fechou um ano depois e encontrar a colecção toda é uma raridade - demorei anos, e bastante dinheiro, a reuni-la)

Onde tento aproveitar melhor, e tenciono fazê-lo este ano, é nos alfarrabistas e na Relógio d'Água. Os alfarrabistas são aquele segredo à vista de todos onde podemos encontrar praticamente todos os livros comerciais em excelentes condições, a um preço de facto mais baixo. Como raramente compro os livros mais recentes (ainda não tenho essa possibilidade), para mim é óptimo. A Relógio d'Água é aquela editora onde encontro todo o tipo de bons escritores, americanos e europeus, muitas vezes desconhecidos mas sempre com algum tipo de história, a um excelente preço. Não me importo nada de pegar num baratíssimo (e barato é três euros) que nem conheço, apenas para experimentar.

Este ano também tenciono passear por lá várias vezes. E no fundo é o que costumo fazer. Gosto de fazer um trajecto mais comprido para apanhar o comboio e cruzar o Parque. É o que sabe bem de vez em quando ao fim do dia, mesmo saindo de mãos vazias. Tenho pena que não dinamizem mais o parque Eduardo VII, acho que podiam criar ali umas feirinhas abertas o ano inteiro e de bom grado faria o desvio sempre que conseguisse. E já agora arranjar a parte mais escondida do jardim.

NLivros disse...

Olá Pedro!
Sim, concordo com o que dizes. Os Alfarrabistas para mim são também a principal atracção e, curiosamente, este ano tenho alguns livros em mente para adquirir nos alfarrabistas.
Falando em editoras, admito que a única que me desperta especial curiosidade e intereese, é a excepcional Kaladranka. De longe, é a melhor editora infantil e, praticamente todos os livros são de enorme qualidade. É daquelas editoras que podes comprar às cegas, de certeza que a história vai agradar aos pequenos.
Grande abraço!

Sara disse...

Peço desculpa pela intromissão, mas o facto de existiram tantos livros com apenas 10% ou 20% de desconto não é um problema da Feira - a lei não permite um desconto superior em livros novos, isso é igual em todo o lado. Por isso é que criaram a Hora H, para os livros editados há mais de 18 meses...Poupar na Feira é possível - há muita coisa a cinco euros ou menos, livros usados ou descontinuados...Uma boa parte das editoras adere à hora H (naturalmente não há aos fins-de-semana, o que daria jeito...). A pessoa também pode escolher fazer uma ida à feira mais cultural, em vez de apenas comercial, se tiver interesse em ir aos debates e encontros...A preponderância dos grandes grupos editoriais tornou-se um problema nos últimos anos na FL, mas por outro lado as editoras vão ser sempre um negócio que precisa de ter lucro. Concordo que o espaço é bonito, mas tem vários problemas práticos....

NLivros disse...

OLÁ Sara!

A Hora H foi criada para levar público à Feira em horas tardias, horas em que, tradicionalmente, a Feira estava praticamente às moscas. Foi uma atitude inteligente, mas a intenção foi sobretudo essa. De outra forma, questiono: Porque não fariam a Hora H noutro horário?

Agora, conheço perfeitamente a lei dos 18 meses, porém, livros com mais "antigos" podiam possuir descontos superiores e não me estou a referir a livros que efectivamente estão a 5€ ou 8€, que são situações algo residuais e com livros que estão em stock há muito tempo.

Agora que é uma Feira muito comercial, isso é indesmentível. Ah e com poucas condições. Muito calor, tanto no exterior como no interior dos locais onde acontecem esses debates, que por si só, não é nada convidativo.

Anabela Risso disse...

Olá!

Acho que aqui todos conhecemos a lei dos livros com menos de 18 meses. Mas se for ver os nossos blogues, e os livros que lemos, verá que poucos são aqueles que têm menos de 18 meses.

Quanto à Hora H, eu por exemplo, que vou e venho sozinha de transportes públicos, não a pude aproveitar exactamente por ser tão tardia.

A feira é um evento extremamente comercial, sim. Mas é o que temos.

Sara disse...

Isso são escolhas pessoais - a pessoa não aproveita a oportunidade de poupar porque não quer. Embora nem todas as editoras coloquem todos os livros (já passados os 18 meses) em promoção, ainda assim há milhares de títulos à disposição a metade do preço. A leya faz desconto em todos. É o mesmo que a pessoa encontrar um livro que quer num alfarrabista, mas preferir a edição a 25 euros que está numa banca mais acima. Comprar livros novos não compensa, o resto sim. Concordo que possa não ser a melhor hora para toda a gente, mas até livros a um euro se encontra.